Com 32.532 empregos celetistas a menos, o comércio da cidade de São Paulo fechou 2020 com a pior taxa de empregabilidade da série histórica da Pesquisa de Emprego no Estado de São Paulo (PESP), elaborada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) desde o início de 2010. O setor sofreu um enxugamento de 3,78% nos seus postos de trabalho em relação a 2019, puxado principalmente pela queda brusca das vagas formais no varejo (-22.127) – atividade mais prejudicada desde a chegada da pandemia ao País, em março do ano passado.
Antes, o ano mais negativo havia sido 2015, quando o comércio também teve mais demissões do que admissões, fechando aquele período com 27,1 vagas formais a menos.
O desempenho do setor de serviços paulistano, em 2020, seguiu trajetória semelhante ao do comércio: perda de 34.960 empregos celetistas ao longo do ano, o que representa o segundo pior resultado da série histórica, atrás apenas das 53.605 vagas perdidas em 2016. Os números ruins, neste caso, foram puxados pelas atividades de alojamento e alimentação, que sofreram com as restrições de circulação ao longo do ano passado e, assim, ficaram com 49.439 postos de trabalho formais a menos.
Para a FecomercioSP, apesar dos recordes negativos, a pesquisa apresenta um cenário melhor do que o previsto durante o auge da pandemia, entre os meses de março e junho: à época, a retração significativa dos empregos fez com que muitos analistas prognosticassem o pior ano da história de ambos os setores, na cidade. No entanto, a recuperação iniciada a partir do segundo semestre foi, da mesma forma, intensa: entre junho e dezembro, o comércio recuperou cerca de 90% das perdas de empregos daquele período, enquanto os serviços reviram 60% das vagas que tinham sido fechadas. O setor, vale lembrar, chegou a bater um recorde de seis anos em outubro, quando as 61.849 vagas formais abertas representaram o melhor desempenho para um mês desde fevereiro de 2014.
Para o comércio paulistano, depois do varejo, as atividades que mais perderam postos de trabalho foram as lojas de vestuário e acessórios (-8.725), seguidas pelos atacadistas (-6.496) e pelas concessionárias de veículos (-3.909).
Estado também registra quedas expressivas
Os desempenhos negativos do mercado de trabalho do comércio e dos serviços na cidade de São Paulo foram os principais responsáveis pela queda da empregabilidade do Estado ao longo de 2020.
Segundo a PESP, os comerciantes paulistas fecharam o ano passado com 29.306 vagas formais a menos do que em 2019, encabeçado quase totalmente pelo varejo, que viu sua mão de obra perder 20.531 postos.
O primeiro semestre de 2020 registrou o pior desempenho desde o início da série histórica da pesquisa no Estado, com retração de 159.143 empregos formais.
Os serviços também fecharam o ano passado no negativo: 41.687 vagas celetistas perdidas. Neste caso, as retrações de 101.181 postos de trabalho nas atividades de alojamento e alimentação e de 19.502 na área da educação só não puxaram o desempenho de 2020 para um recorde histórico absoluto porque, por outro lado, o setor de saúde humana e serviços sociais abriu 33.431 novos colaboradores no mesmo período, enquanto as atividades administrativas e complementares tiveram uma expansão de 59.782 admissões no mercado de trabalho.
No caso do setor de serviços, os resultados da capital foram fundamentais para o balanço negativo: o saldo de empregos na cidade correspondeu a 84% do total do Estado, de acordo com a Federação.
O que esperar dos próximos meses?
Se os números de 2020 não são animadores, a perspectiva para o início de 2021 também não é das melhores. No entendimento da FecomercioSP, a tendência é que a já conhecida redução de empregos no primeiro trimestre – quando as empresas demitem os funcionários temporários do fim do ano anterior – seja ainda maior agora.
Isso porque a segunda onda do covid-19 limita novamente a circulação de pessoas e, em alguns casos, obriga muitos negócios a fechar as portas por longos períodos. A maior parte das regiões do Estado de São Paulo está, atualmente, na fase vermelha do Plano São Paulo, assim como foi nos piores meses de 2020.
Além dela, o fim do auxílio emergencial – que serviu como um alívio para o orçamento familiar e manteve o consumo aquecido – deixa o cenário ainda mais desafiador. No contexto econômico, os aumentos da inflação e dos juros e o desemprego, como se vê nesta pesquisa, complexificam ainda mais este início de ano.
Nota metodológica
A Pesquisa de Emprego no Estado de São Paulo – (PESP) passou por uma reformulação em sua metodologia e, agora, analisa o nível de emprego celetista do comércio e serviços do Estado de São Paulo a partir de dados do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério da Economia, passando a se chamar, portanto, PESP Comércio e Serviços.