De empresário a franqueador: será que estou preparado para entrar no mundo do franchising?

Empreender não é tarefa fácil. Franquear, muito menos. Para termos uma ideia do tamanho do desafio que é criar uma rede robusta, basta olharmos para os números do setor no Brasil: apenas 1% das mais de três mil marcas franqueadoras cadastradas pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) possuem mais de 500 unidades em operação atualmente. Para se chegar a esse porte, longos caminhos e enormes desafios foram vencidos, muitas dessas histórias contadas em décadas e décadas de empreendedorismo, persistência e resiliência.

A boa notícia é que o franchising nacional está se profissionalizando rapidamente, e se mostra cada vez mais atraente aos investidores. Para os empreendedores que buscam expandir sua marca por meio de uma estratégia de franquias, porém, alguns pontos são fundamentais para que o plano não seja um tiro no pé. A primeira nota importante: franchising não é apenas canal de distribuição e de expansão. Não encare o franchising com essa fórmula que parece simples. Franchising é, no dia a dia, gestão de rede. E essa mudança de foco muda o jogo. Uma análise sobre o próprio modelo de negócio e o entendimento das diferenças e peculiaridades na hora de gerenciar uma rede são etapas primordiais para a construção de um planejamento sólido, que permita não só o sucesso do franqueador, como também dos futuros franqueados.

Existem quatro perguntas básicas que são um bom ponto de partida:

1.       O meu negócio pode ser facilmente reproduzido?

Primeiramente é preciso avaliar o potencial de reprodução em escala do produto ou serviço que dará origem à franquia. É viável reproduzir o modelo de entrega em outros estabelecimentos e locais? Questões como sazonalidade, costumes regionais, limitações da cadeia de suprimentos ou, até mesmo, uma habilidade específica que seja fundamental para o preparo do produto/serviço podem dificultar a expansão de um negócio.

2.       Estou preparado para fazer gestão da minha rede e garantir a qualidade original do negócio?

O seu foco como gestor se ampliará a partir do momento em que você virar franqueador. Se antes o seu objetivo era ter um produto sempre inovador, uma entrega impecável e criar novas estratégias para aumentar as vendas, agora tudo isso precisará estar alinhado a um objetivo maior: o interesse e a satisfação dos seus franqueados. É importante frisar que gerir uma rede é diferente de gerenciar um negócio próprio e vai demandar outras competências. Você passa a ter que ter olhos tanto para seus clientes finais (B2C), como para seus parceiros franqueados (B2B).

Antes, por exemplo, você se perguntava “como manter minha entrega impecável?”. O questionamento agora passa a ser outro: “o que o meu franqueado precisa para manter a entrega impecável no seu estabelecimento?”. Muitas vezes impactos de regionalização ou sazonalidade podem afetar os mercados de maneiras distintas e, por isso, é importante sempre manter uma visão mais ampla sobre as necessidades dos franqueados. Dependendo do tamanho da rede, pode ser o caso de dividi-los em grupos, inclusive para facilitar a identificação de nichos de oportunidade.

3.       Estou disposto a evoluir o meu modelo de negócio?

Ser franqueador pressupõe estar no centro de vários acontecimentos. Você vai receber e dar feedbacks constantemente (nem sempre positivos), avaliar resultados, propor soluções e, inevitavelmente, extrair desse movimento insights valiosos para mudar os rumos do negócio como um todo. Você terá várias cabeças pensantes atuando sobre um mesmo modelo de negócio, muitas vezes contribuindo com ideias inovadoras – mas, em alguns casos, também conflitantes entre si.

A grande vantagem e, ao mesmo tempo, o grande desafio do modelo, é justamente a forma como se lida com os relacionamentos que o constituem. Se houver sabedoria, o resultado certamente será a evolução e o crescimento da rede. É necessário sempre entender e respeitar os desafios enfrentados pela outra parte, filtrando os insights que podem ser positivos para a resolução desses conflitos. Uma dica é definir e deixar claros os papéis de cada um.

4. Eu compraria minha própria franquia?

Por fim, outro ponto importante para quem quer fazer um bom trabalho no ramo do franchising é sempre fazer essa pergunta para si mesmo. Se a resposta for sim, trabalhe para torná-la ainda mais atrativa, pois o rendimento final também será seu.

Consideradas essas questões, bola para a frente. Lembre-se que aquelas poucas marcas que citei no início do texto começaram pequenas um dia, mas sonharam grande. Sucesso!

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