Filho de pai descendente de italiano, Antônio Tadeu Julio. E ponto! Essa na verdade seria a única aproximação que Tiago Azem, 33 anos, teria com a famosa pizza, uma das delícias gastronômicas mais apreciadas no Brasil e no mundo. Pois a mãe, a dona Roseny Azem, é descendente de árabe, e a profissão que reinou em sua família foi a odontologia.
Mas o mundo dá voltas, e das clínicas de odontologia e indústria e comércio de produtos odontológicos, passaram-se algumas décadas, e o atual pai de família Tiago Azem, comanda hoje em dia a Rede Leve Pizza, rede de pizzas pré-assadas pioneira nesse segmento no país. A pizza á montada na hora da compra, colocada em uma embalagem própria para ser assada em forno, e deve ser preparada em apenas 10 minutos, na casa do cliente.
“Apesar de eu ter crescido no ambiente da odontologia, desde a minha infância eu observo meu pai gerenciar negócios nessa área. Ele montou uma indústria de equipamentos odontológicos e médicos, que fabricava e vendia produtos dessa natureza para o Brasil inteiro. Então, havia toda uma logística de produção e distribuição desses produtos para clínicas e profissionais desse meio, que exigia muita capacidade de gestão e planejamento. Por isso, esse universo de empreendedorismo sempre me fascinou tanto”, conta ele.
Tiago nasceu em Cianorte, no Paraná, onde passou a infância. Mas, com o tempo, passou por algumas cidades pelo Brasil, até chegar em São José do Rio Preto, em 1994. Aqui se formou em odontologia, em 2004. Na sequência, atuou nesse segmento em Tocantins e depois no Pará, de onde surgiu a oportunidade, por intermédio de uma organização que promove intercâmbios pelo mundo, de ir para os Estados Unidos.
A grande sacada!
Segundo Azem, os Estados Unidos é um ótimo celeiro de boas ideias e negócios inovadores. E foi lá que ele conheceu uma famosa rede de pizzas pré-assadas, em 2007. “Interessei-me muito pela proposta da rede, na qual o consumidor leva para a casa uma pizza, feita na hora, para assar em poucos minutos”, conta ele, que permaneceu com a aquele modelo de negócio em mente.
Estudando e trabalhando por lá – ainda na área de odontologia – ele juntou o capital necessário e voltou para o Brasil com dinheiro no bolso e uma forte ideia na cabeça, ou seja, trazer esse modelo de negócio e produto ao Brasil, adaptando-o ao gosto e características culinárias nacionais.
E foi assim que, em junho de 2008 ele abriu a Rede leve Pizza, na Avenida Alberto Andaló, a principal avenida de São José do Rio Preto. “Aperfeiçoamos (ele conduz os negócios tendo o pai e irmão Gustavo como sócios) o produto à nossa realidade e cultura. Acrescentamos várias opções de sabores – atualmente são 70 no cardápio –, tipos de massa, complementos, opções doces no cardápio, entre outros pontos”, lembra.
Com o passar dos anos, o produto foi sendo aprimorado. “Criamos o molho especial (único e exclusivo da rede), acrescentamos um ingrediente especial que dá o aroma de pizza assada no forno a lenha e promovemos diversas padronizações, tendo em vista a o crescimento da marca. Aos poucos, fui me inteirando sobre o mercado, contratando profissionais com expertise nessa área e superando muitos desafios, até ir formatando o negócio para o perfil ‘franquias’ ”, explica.
Desafios
O executivo lembra o que foi mais difícil no início dessa empreitada: encontrar uma ideia de viabilizar o grande diferencial da marca, “assar a pizza em casa”. “Além disso, foi difícil encontrar a forma ideal de implantar uma cultura nova no Brasil, algo que ninguém nunca havia visto antes – somos a primeira desse segmento no Brasil. Muitos achavam que era pizza congelada. As pessoas entravam na loja e não sabiam o que estavam encontrando, o que oferecíamos e como o produto funcionava (pizza feita com ingredientes frescos e muita qualidade para ser assado em casa, com preço mais acessível que as tradicionais). Então tínhamos que explicar bem isso, tanto pessoalmente, como ao telefone, durante os pedidos”, lembra ele.
Com ar de nostalgia, ele lembra como foi o início da marca: “Eu atendia telefone, montava massa, fazia compra, cotava fornecedores… No período da manhã eu trabalhava ainda com meu pai (equipamentos odontológicos), na área administrativa, para eu conseguir uma renda extra e reinvestir naquilo que eu acreditava, a Rede Leve Pizza. Nessa época, eu chegava a trabalhar 16 horas por dia”.
Ele conta que, apenas três meses após a abertura do negócio já foi possível vender aproximadamente 5 mil pizzas mensalmente. “Um ótimo resultado!”, diz. “E um dos grandes atrativos eram os preços, que variavam em torno dos R$10,00 (hoje em dia é de aproximadamente R$20,00, dependendo da região)”, conta.
Assim, o negócio foi evoluindo e eles abriram a segunda unidade da marca, na Zona Norte. Com isso, o empresário, na época, começou a avaliar qual seria o mecanismo ideal para expandir a marca. E a solução foi encontrada no sistema de franquias.
“Eu mesmo fiz o processo de formatação da marca para o sistema de franchising. Junto com profissionais da área, desenvolvemos processos, manual de treinamento, além de um sistema próprio de gestão. Implementamos também sistemas operacionais, construímos a sede da franqueadora – hoje em dia, com uma equipe de quase 50 profissionais –, e assim chegamos ao Brasil todo”, relembra.
Atualmente, a rede soma 130 unidades, por todo território nacional. O faturamento bruto da rede em 2015 ultrapassou os R$70 milhões. E em 2016, esse valor chegou a R$100 milhões.
Crescimento evidente
A meta da Rede Leve Pizza é de chegar até o fim de 2017 a 150 unidades. São aproximadamente 400 mil pizzas vendidas todo mês, em território nacional. Por isso, os planos de expansão da rede já estão indo mais além.
“Em até três anos, pretendemos iniciar nosso processo de internacionalização da marca, a começar por países da América do Sul. Os países dessa área se assemelham à nossa cultura, de certa forma. E para a marca seria mais viável em razão da questão de logística, proximidade geografia, entre outros aspectos”, acredita Azem.
Ventos que sopram a favor
Uma das questões que mais surpreendeu Azem com relação ao mercado de pizzas no Brasil foi em relação as regiões do Norte, Nordeste, Centro-Oeste, onde se imagina que a cultura de comer pizza não existe. Errado! “Essas são as regiões que mais consomem nosso produto”, revela.
Ele acredita que a tradição do brasileiro é a refeição diária do arroz, feijão e bife. Por isso, a pizza aparece sempre como uma boa forma de quebrar a rotina, reunir as pessoas e saborear diferentes combinações. “A cultura de alimentação no Brasil é muito forte e peculiar em cada região do país. Então, o ‘diferente’ é sempre bem-vindo!”, finaliza.