O percentual de endividados em Belo Horizonte apresentou a primeira elevação do ano, interrompendo uma sequência de 11 quedas consecutivas. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Fecomércio MG, com base em dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o índice chegou ao patamar de 15% em junho, contra os 14,3% registrados em maio. No mesmo período do ano passado, estava em 38,4%.
Esse indicador retrata o quanto os belo-horizontinos estão assumindo compromissos a prazo, como financiamento de imóveis e carros, empréstimos, cartões de crédito e de lojas e cheques pré-datados. “Entre outros aspectos, a alta no endividamento, neste mês, reforça que houve uma ligeira recuperação do consumo. Os levantamentos anteriores mostravam que as famílias estavam restringindo as compras para não comprometer a renda. Esse resultado sinaliza uma possível alteração nesse perfil”, avalia a analista de pesquisa da Fecomércio MG, Elisa Castro.
As dívidas continuam concentradas no cartão de crédito. Em junho, 88,9% dos entrevistados se comprometeram com essa modalidade, seguida por cheque especial (7,4%), crédito pessoal (7%) e financiamento de casa (6,7%). Dos endividados, 36,3% não conseguiram honrar seus compromissos e estão com os pagamentos atrasados, em média, há 55 dias. O índice de inadimplência – que avalia o percentual da população que não terá condições de quitar as dívidas contraídas – se manteve praticamente estável entre maio e junho: saiu de 1,3% para 1,5% nesse período.
Intenção de consumo
Outro levantamento da Fecomércio MG, também compilado da CNC, reforça a avaliação de Elisa Castro a respeito da expansão das compras em junho. A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) apresentou recuo pelo segundo mês seguido. O indicador geral caiu para 74,1 pontos, contra os 77,8 observados em maio, e permaneceu abaixo do nível de satisfação (100 pontos). As perspectivas em relação ao futuro foram os principais fatores responsáveis pelo resultado. “Entre os sete componentes do ICF, contudo, apenas dois apresentaram alta. Foram justamente os indicadores de emprego e de nível de consumo atuais, que estão ligados à estabilidade da renda familiar, o que vai ao encontro da pesquisa de endividamento”, argumenta a analista.
Conforme o estudo, o índice de emprego atual passou de 101,2 para 101,9 pontos, enquanto o de consumo assumiu 62,8 pontos, contra 60,9 em maio. Os outros cinco subíndices (perspectiva profissional, renda atual, acesso ao crédito, perspectiva de consumo e momento para a compra de duráveis) tiveram retração. “Os quatro primeiros meses do ano apontaram uma tendência de expansão do consumo, mas essas duas quedas recentes no ICF indicam que as pessoas voltaram a ficar inseguras para assumir compromissos financeiros em médio e longo prazos. Provavelmente, em função da instabilidade política, que gera incertezas também para o cenário econômico”, conclui Elisa.