Os números negativos da economia não devem ser motivo de preocupação para as franquias de alimentação este ano. Com mais de 20% de participação no total do faturamento de franquias em 2014 e um crescimento de 8% em relação ao número de unidades, o setor possui atualmente cinco marcas entre as vinte maiores redes de franquias do país.
“Muito se fala de crise e esse ano, por incrível que pareça, as vendas das marcas de alimentação que eu represento têm tido um resultado muito bacana, inclusive maior que o ano passado”, destaca o sócio fundador da Goakira, consultoria especializada no desenvolvimento de negócios, José Carlos Fugice.
O consultor acredita que parte desse crescimento, sobretudo na cidade de São Paulo, se deva justamente à crise econômica, que tem atraído empresários e pessoas que buscam um plano B para a carreira devido ao pessimismo com o mercado de trabalho.
“Temos tido excelentes resultados na venda das franquias esse ano. E a alimentação é um setor que é um dos últimos a serem afetados pela crise. Hoje as pessoas não comem fora só por status, mas muitas vezes por necessidade”, explica Fugice ao ressaltar que a característica se dá “diferentemente de algumas cidades do interior em que a alimentação de rua acaba tendo um caráter mais supérfluo”.
No entanto, o consultor ressalta que é preciso estar atento para as peculiaridades que a capital paulista possui no ramo de alimentação, como regras sanitárias específicas e riscos típicos de um mercado consumidor maior e mais diverso. Entre os aspectos destacados por Fugice estão a necessidade de estabelecer um ponto condizente com o púbico alvo do negócio e o elevado custo para se instalar na cidade.
“Se não houver recursos para contratar uma consultoria ou um instituto de pesquisas, talvez um bom indicador seja analisar os concorrentes ao redor, as outras marcas”, aconselha o especialista. A ideia é que o franqueado e o franqueador busquem regiões que possuam um “ecossistema” de consumidores e fornecedores mais condizentes com a marca – estratégia essencial que, no entanto, pode não ser barata.
“O custo é a primeira particularidade de São Paulo. Se você pega um shopping de primeira linha, com um volume de vendas bom, estamos falando de um boleto total (aluguel, condomínio e fundo de propaganda) de 20 a 30 mil reais para uma loja de 30 metros quadrados”, destaca o sócio fundador da Goakira que avalia um investimento inicial de pelo menos um milhão para abrir um negócio de 350 a 400 mil reais.
“Em contrapartida, o mercado de São Paulo hoje representa 10% de todo o consumo do Brasil. Então olha o potencial que a cidade tem dentro do consumo do nosso país”, ressalta Fugice.
O consultor destaca ainda que nem todos os pontos comerciais dão o retorno esperado mesmo que haja demanda. Por isso a importância de estabelecer um estudo prévio que exponha o real custo-benefício do negócio.
Com mais de 128 lojas – todas em shoppings – a rede Divino Fogão é um dos exemplos de franquia de alimentos que conseguiu se estabelecer no mercado paulistano. Diretor de expansão da marca, Paulo Hurtado explica que a empresa tem focado seu crescimento em shoppings desde o seu surgimento, quando percebeu que o ambiente de rua não era o mais adequado para o modelo de negócios adotado.
“Procurávamos grandes centros comerciais e tínhamos um grande movimento de almoço, mas sem uma equivalência nos períodos de jantar e finais de semana. Isso começou a gerar um desperdício grande além de uma folha de pagamentos muito pesada”, explica o executivo.
Para quem quer entrar nesse segmento, Hurtado ressalta que os shoppings atualmente concentram a demanda de alimentação em São Paulo, com movimento durante a semana em horário de almoço e também aos finais de semana, quando atende a uma demanda de alimentação mais relacionada ao lazer.
“Dependendo do segmento, você não ter o jantar gera um desperdício muito grande. Já no segmento de prato-pronto não há tanto desperdício porque você monta o prato na medida em que o vende. Isso fica mais fácil em hamburguerias e redes de lanches. Mas para self-service é um pouco mais difícil se instalar em rua”, aconselha o diretor da Divino Fogão.
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