Em alta durante praticamente todo o segundo semestre de 2020, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) ainda não decolou neste ano: fechará o mês de fevereiro aos 97,1 pontos – queda de 1,1% em relação a janeiro, quando ficou com 98,2 pontos.
O patamar atual ainda demonstra como, mesmo com o início do plano de vacinação da população paulista, a crise de covid-19 ainda gera desconfiança nos comerciantes do Estado: em fevereiro do ano passado, no cenário pré-pandemia, por exemplo, o ICEC estava em 125 pontos – um número 22,3% maior do que o atual.
O número que mais chama atenção entre os três indicadores que compõem o ICEC é a queda de 4% do Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC), que questiona os entrevistados sobre o quanto eles estão dispostos a investir nos seus negócios neste momento. Entre as variáveis deste índice, a Expectativa para Contratação de Funcionários teve retração de 10% em fevereiro.
Já o Índice das Condições Atuais do Empresário do Comércio (ICAEC), outro dos indicadores que formam o ICEC e que pergunta aos empresários sobre as condições momentâneas dos seus empreendimentos, caiu 0,4%, passando 66,7 pontos para 66,5 agora. Neste caso, a retração foi puxada pelo pessimismo da variável Condições Atuais da Empresa, que retraiu 2,1% em fevereiro.
Comércio ainda não cresceu em 2021
Para além do contexto adverso, a desconfiança dos comerciantes também tem base material: o Índice de Expansão do Comércio (IEC), que mede a atividade econômica do setor, registrou sua segunda queda seguida em fevereiro, saindo dos 98,2 pontos em janeiro para 90,8 agora – retração de significativos 6,9%.
Na comparação com fevereiro de 2020, a queda agora é de 18,6%.
O dado é ainda mais negativo porque, como se vê no gráfico abaixo, o IEC teve crescimento significativo a partir de agosto do ano passado, voltando ao patamar dos cem pontos em dezembro. O resultado veio depois de uma alta de 10% em novembro, quando as lojas estavam na expectativa das vendas da Black Friday e do Natal.
Os dois indicadores que compõem o índice caíram em janeiro: o de Expectativas para Contratação de Funcionários (-10%) e o de Nível de Investimento das Empresas (-1,4%) – este último registra uma queda acentuada de 27% na comparação com fevereiro passado.
FecomercioSP orienta comércio a ter cautela
A orientação da FecomercioSP neste momento é de cautela nos negócios. Se os primeiros meses do ano costumam ser de menos vendas, o contexto econômico e as incertezas em torno da pandemia agravam ainda mais o quadro atual.
Por isso, é importante que os comerciantes planejem seus negócios pensando a longo prazo, analisando políticas de preços, estimando vendas e controlando com mais rigor a movimentação dos estoques.
Na contramão dos outros indicadores, o Índice de Estoques (IE) sugere que o setor já tomou algumas dessas precauções e seguiu algumas das orientações da Entidade. O indicador subiu 1,9% em fevereiro, indo aos 102,4 pontos. Em outras palavras: há menos inadequação de estoque por parte dos empresários do comércio paulista.
Notas metodológicas
ICEC
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) contempla a percepção do setor em relação ao seu segmento, à sua empresa e à economia do País. São entrevistas feitas em painel fixo de empresas, com amostragem segmentada por setor (não duráveis, semiduráveis e duráveis) e por porte de empresa (até 50 empregados e mais de 50 empregados). As questões agrupadas formam o ICEC, que, por sua vez, pode ser decomposto em outros subíndices que avaliam as perspectivas futuras, a avaliação presente e as estratégias dos empresários mediante o cenário econômico. A pesquisa é referente ao município de São Paulo, contudo sua base amostral reflete o cenário da região metropolitana.
IEC
O Índice de Expansão do Comércio (IEC) é apurado todo o mês pela FecomercioSP desde junho de 2011, com dados de cerca de 600 empresários. O indicador vai de 0 a 200 pontos, representando, respectivamente, desinteresse e interesse absolutos em expansão de seus negócios. A análise dos dados identifica a perspectiva dos empresários do comércio em relação a contratações, compra de máquinas ou equipamentos e abertura de novas lojas. Apesar desta pesquisa também se referir ao município de São Paulo, sua base amostral abarca a região metropolitana.
IE
O Índice de Estoque (IE) é apurado todo o mês pela FecomercioSP desde junho de 2011 com dados de cerca de 600 empresários do comércio no município de São Paulo. O indicador vai de 0 a 200 pontos, representando, respectivamente, inadequação total e adequação total. Em análise interna dos números do índice, é possível identificar a percepção dos pesquisados relacionada à inadequação de estoques: “acima” (quando há a sensação de excesso de mercadorias) e “abaixo” (em casos de os empresários avaliarem falta de itens disponíveis para suprir a demanda em curto prazo). Como nos dois índices anteriores, a pesquisa se concentra no município de São Paulo, entretanto sua base amostral considera a região metropolitana.