O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) registrou a primeira alta em 2021: de 97,1 pontos, em fevereiro, para 98,5, em março – alta de 1,4%. Para a Federação, o número já expressa uma primeira reação do empresariado paulista à aprovação da nova rodada de auxílio emergencial, que começará a ser pago pelo governo federal em abril.
O contexto ainda incerto da pandemia de covid-19, no entanto, colabora para um cenário de pessimismo se comparado a março de 2020, no início da crise, quando o indicador marcava os 125,2 pontos – patamar 21,3% mais alto do que agora. Naquele mês, aliás, foi registrado o último melhor resultado da série histórica.
Entre os três indicadores que compõem o ICEC, o que mais subiu em março foi o Índice das Condições Atuais do Empresário do Comércio (ICAEC), que pergunta ao empresariado sobre a sua situação momentânea em relação à economia. A alta foi de 2,2%, puxada, principalmente, pelo quesito que apura as condições econômicas atuais, que cresceu 4,4% no mês, chegando a 51,6 pontos.
Por outro lado, se há alguma melhora na percepção da situação presente e do futuro próximo, a pesquisa mostra que os empresários estão segurando a mão em seus investimentos: depois de cair 4% em fevereiro, o Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC), que questiona os entrevistados sobre o quanto eles estão dispostos a investir nos negócios, retraiu 0,4% em março, fechando o mês com 87,2 pontos.
Para a FecomercioSP, isso é outro sinal inequívoco de que, em meio à pandemia, as empresas estão evitando investir, preferindo se precaverem – como a Federação tem orientado – de possíveis contextos ainda mais difíceis daqui para a frente.
Comércio dá sinais de reação
A melhora tímida na percepção dos empresários tem base, já que o Índice de Expansão do Comércio (IEC), que mede a propensão dos empresários por novos investimentos, teve a primeira alta em 2021, após dois meses de queda: dos 90,8 pontos, em fevereiro, para 91,6, em março – subida de 0,8%.
Na comparação com março de 2020 (109,9 pontos), porém, a queda é de 16,6%.
As duas retrações do IEC no começo deste ano interromperam uma curva crescente do indicador, que, desde julho de 2020, pouco a pouco voltava a atingir o patamar dos 100 pontos (em dezembro). O crescimento de agora foi puxado pela variável Expectativas para Contratação de Funcionários (ECF), que subiu 3,7% e fechou o mês em 115,5 pontos. Por outro lado, o Nível de Investimento das Empresas caiu 3,6%, aos 67,7 pontos.
Os dados dos indicadores levam a observar que o empresariado tem adotado, em geral, a orientação da FecomercioSP desde o início da pandemia: as incertezas econômicas pedem cautela.
No caso atual, isso se justifica ainda mais, não apenas pela alta da inflação e da valorização do dólar em relação ao real, mas também porque o auxílio emergencial não terá o mesmo peso do ano passado. O benefício de R$ 250, agora, afetará de forma mais branda do que quando era de R$ 600, no segundo trimestre do ano passado, e de R$ 300, nos meses seguintes.
Por tudo isso, é importante se ater, mais fortemente, ao planejamento da empresa: negociar políticas de preços, estimar vendas e controlar com mais rigor a movimentação dos estoques – como, aliás, já está acontecendo desde janeiro. O Índice de Estoques (IE) se mantém em alta em 2021 – 0,5%, entre fevereiro e março (102,9 pontos). Isso significa que há menos inadequação de estoque por parte dos empresários do comércio paulista.