Confiança do consumidor paulistano cai e atinge o menor patamar desde outubro de 2017

A greve dos caminhoneiros e a consequente crise de desabastecimento que provocou alta nos preços, principalmente dos alimentos, além do cenário eleitoral indefinido, criaram um ambiente de incertezas no País, que afetou o humor dos consumidores paulistanos. Em julho, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) registrou leve queda de 0,5%, ao passar de 104,0 pontos em junho para 103,5 pontos no mês atual, o menor patamar desde outubro do ano passado, quando marcava 102,8 pontos. Em relação a julho de 2017, o indicador recuou 1,2%.

O ICC é elaborado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e a escala de pontuação varia de zero (pessimismo total) a 200 pontos (otimismo total).

Entre os dois quesitos que compõem o indicador, o Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) foi o responsável pela queda, ao recuar 1,9% e passando de 77,9 pontos em junho para 76,4 em julho.  Em relação a julho do ano passado, houve elevação de 4%. O Índice de Expectativas do Consumidor (IEC) ficou praticamente estável (0,1%) e marcou 121,5 pontos. Em relação a julho do ano passado, o indicador exibiu queda de 3,3%.

Gênero e renda 

De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, a crise de desabastecimento e a consequente alta de preços, principalmente dos alimentos, foi determinante para a queda do ICEA e afetou, em especial, os consumidores com renda familiar de até dez salários mínimos, para quem o peso dos alimentos sobre o orçamento doméstico é maior. Para essa faixa de renda, o índice recuou 7,6%, ao passar de 73,5 pontos em junho para 68 pontos em julho. No comparativo anual, houve queda de 1,6%, a primeira variação negativa após 20 meses.

No recorte por faixa etária, destaca-se a piora nas expectativas dos consumidores com 35 anos ou mais. No mês, o IEC desse grupo marcou 115 pontos, retração de 7,2% em relação a junho. Por outro lado, para os consumidores com idade inferior a 35 anos, o índice avançou 4,7% na mesma base de comparação.

De acordo com a Entidade, os cenários político e econômico atuais devem impedir uma recuperação mais consistente da confiança do consumidor, pelo menos até as eleições em outubro. Portanto, a Entidade recomenda cautela nas decisões até que se tenha um quadro mais claro da conjuntura econômica brasileira nos próximos meses.

Metodologia

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde 1994. Os dados são coletados de aproximadamente 2,1 mil consumidores no município de São Paulo. O objetivo é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta suas condições econômicas atuais e suas expectativas quanto à situação econômica futura.

Os dados são segmentados por nível de renda, sexo e idade. O ICC varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, apresenta-se em: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e para formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas.

A metodologia do ICC foi desenvolvida com base no Consumer Confidence Index, índice norte-americano que surgiu em 1950 na Universidade de Michigan. No início da década de 1990, a equipe econômica da FecomercioSP adaptou a metodologia da pesquisa norte-americana à realidade brasileira. Atualmente, o índice da Federação é usado como referência nas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), responsável pela definição da taxa de juros no País, a exemplo do que ocorre com o aproveitamento do CCI pelo Banco Central.