A mais recente crise política que se instaurou no País na metade de maio teve reflexos negativos instantâneos no humor dos consumidores paulistanos, principalmente no quesito “Expectativas em relação ao futuro”. Em junho, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) do município de São Paulo registrou queda de 3,3%, ao passar de 103,5 pontos em maio para 100,1 pontos neste mês – a quarta retração mensal consecutiva. Na comparação com junho de 2016, quando o indicador marcou 98 pontos, contudo, houve crescimento de 2,1%. A pesquisa é realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e a escala de pontuação varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total).
Os dois quesitos que compõem o indicador registraram resultados assimétricos em junho. Enquanto o Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) cresceu 6,6%, ao passar de 66,4 pontos em maio para os atuais 70,8 pontos, o Índice de Expectativas do Consumidor (IEC), outro componente do ICC, registrou queda de 6,7%, passando de 128,2 para 119,6 pontos em junho. No comparativo anual, o ICEA apresentou alta de 35,2%, e o IEC registrou queda de 7%.
Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, a queda da confiança em relação ao futuro mostra a insegurança do consumidor em relação ao cenário político, que se revela cada vez mais instável, colocando em risco a aprovação das reformas, essenciais para que o País volte a crescer de maneira sustentável. Mesmo assim, nos últimos meses, na comparação interanual, o ICC vem mostrando desaceleração, que para a Entidade significa que a melhora nas percepções médias atuais está ancorada basicamente na queda persistente da inflação, que acaba criando o efeito renda.
Gênero e renda
Em junho, entre os quesitos que integram o ICC, no resultado do ICEA, todos os itens avançaram na passagem de maio para junho. Os grupos que mais se destacaram foram o masculino (alta de 9,5%, ao passar de 73 pontos em maio para 80 pontos em junho) e os consumidores com renda superior a dez salários mínimos (elevação 9,3%, passando de 74,8 pontos em maio para 81,7 pontos em junho).
No resultado apurado pelo IEC, todas as segmentações recuaram na passagem de maio para junho. Os grupos que mais influenciaram o resultado do indicador foram o feminino (queda de 7,7%, ao passar de 126,6 pontos em maio para 116,9 pontos em junho) e os consumidores com idade até 35 anos (recuo de 7,6%, ao passar de 128,4 pontos em maio para 118,7 pontos em junho).
Metodologia
O ICC é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde 1994. Os dados são coletados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O objetivo é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta suas condições econômicas atuais e suas expectativas quanto à situação econômica futura.
Os resultados são segmentados por nível de renda, gênero e idade. O ICC varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, apresenta-se em: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e para formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas.
A metodologia do ICC foi desenvolvida com base no Consumer Confidence Index, índice norte-americano que surgiu em 1950 na Universidade de Michigan. No início da década de 1990, a equipe econômica da FecomercioSP adaptou a metodologia da pesquisa norte-americana à realidade brasileira. Atualmente, o índice da Federação é usado como referência nas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), responsável pela definição da taxa de juros no País, a exemplo do que ocorre com o aproveitamento do CCI pelo Banco Central dos Estados Unidos.