A rede chocolaterias Cacau Show lançou este ano um nova linha de produtos: a Gelateria Cacau Show, com seis opções de sabores de sorvete disponíveis em 343 lojas da marca nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná após um investimento de R$ 5 milhões.
Apesar de negar que a aposta no novo mercado seja motivada pela queda do consumo, a rede opera num mercado cada vez mais restrito – principalmente após a deflagração da crise econômica que atinge o Brasil, com desemprego em alta, queda no poder aquisitivo e consumo cada vez mais seletivo para determinados produtos considerados supérfluos – entre eles o chocolate.
Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), o Brasil é o terceiro maior produtor e consumidor de chocolates do mundo, mercado que vem diminuindo nos últimos anos.
De acordo com os últimos levantamentos da Abicab, a indústria teve diminuição de 9,97% na produção de chocolates no primeiro trimestre de 2015, a queda mais alta já observada pela Associação atribuída a um “reflexo da atual crise econômica brasileira”.
“A baixa performance tem sido percebida nos últimos dois anos – 2013 e 2014 –, quando o segmento também apresentou queda na produção de 2,11% e 3,49%, respectivamente”, destacou a Abicab em nota divulgada em 2015.
Diante desse cenário, a Páscoa deste ano foi a pior desde 2007, com queda de 9,6% nas vendas em comparação com o ano de 2015. Em nota, a Cacau Show afirmou que estava “muito otimista” para a data, com perspetiva de aumento de 18% nas vendas. Questionada sobre a venda real, a marca afirmou que ainda não possui os números da rede por ter se passado apenas um dia do feriado – os questionamentos do Mapa das Franquias foram enviados antes mesmo da Páscoa e respondidas após um mês, justamente um dia após a páscoa.
“Não fomos motivados por queda no consumo, mas sim por nossa constante busca por proporcionar ao público experiências gastronômicas únicas e diferenciadas. Os produtos foram elaborados com todo o carinho para oferecer a todos mais uma possibilidade de consumo dos nossos tradicionais chocolates”, afirma, em nota, o presidente e fundador da Cacau Show, Alexandre Costa.
A estratégia, no entanto, é considerada arriscada por consultores e especialistas em franquias. Segundo Marcus Rizzo, da Rizzo Franchising, é normal que as empresas passem a ampliar o seu mix de produtos com o passar dos anos com o intuito de atender melhor o consumidor, “mas não é possível você se posicionar atendendo a todos”, comenta Rizzo.
“Na verdade as organizações vão fazendo esse tipo de coisa e nem vão percebendo porque estão sentadas numa fábrica e percebem que precisam de novos produtos para viabilizar isso”, destaca o consultor que critica o modelo de venda direta na qual se baseia redes como a Cacau Show, na qual o fornecedor de produtos para o franqueado é a própria franqueadora.
“Quando você amplia o mix pela lógica do produto e não pela ótica da operação você acaba tumultuando sua operação. E isso não só por não ter estudado, mas porque tem como saída criar um canal que acaba competindo com o negócio original”, explica Rizzo, que já passou por grandes redes como MC Donalds e Shell.
Segundo a Cacau Show, a perspectiva é de que até o final de 2016, a Gelateria Cacau Show atinja 15% de vendas nas lojas. Na visão de Rizzo, essas vendas podem custar uma série de dificuldades operacionais às lojas, fazendo com alguns franqueados inclusive se recusem a aceitar o novo produto.
“Ninguém faz isso por maldade, depende muito do ângulo que você está observando: se pelo ângulo da fábrica, que é o caminho natural, ou se do ponto de venda, que é uma maneira diferente. Por uma questão de perspectiva, você cai na armadilha”, ressalta o especialista em franchising.
Em nota, a Cacau Show afirma que sempre alinha internamente a introdução de novos produtos em seu portfólio, garantindo que as inserções aconteçam da melhor maneira possível “sempre beneficiando toda a equipe Cacau Show e garantindo o sucesso das novidades” e que para incluir no portfólio a nova categoria de produtos conta com uma logística especial voltada para distribuição e armazenamento de sorvetes.
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