O percentual de endividados em Belo Horizonte apresentou a segunda queda consecutiva. O indicador, que retrata o comprometimento da renda com financiamento de imóveis, carros, empréstimos, cartões de crédito e de lojas e cheques pré-datados, passou de 15,4%, em agosto, para 14,4%, em setembro, segundo menor patamar nos últimos dois anos. No mesmo mês de 2016, o índice estava em 32,9%.
O resultado faz parte da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Fecomércio MG, com base em dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). “A redução do endividamento indica uma desaceleração do consumo, com a queda nos compromissos financeiros adquiridos pelas famílias neste momento. Embora haja uma recuperação da economia, o belo-horizontino ainda não está totalmente confiante para consumir”, comenta a analista de pesquisa da Federação, Elisa Castro.
Ela observa, porém, que um ponto positivo é a inadimplência sob controle. De agosto para setembro, esse índice se manteve estável, variando apenas 0,1 ponto percentual – de 4,6% para 4,7%. Ainda de acordo com o levantamento, 67% dos entrevistados não possuem contas em atraso. “Essa constatação reflete a cautela do consumidor, que está restringindo os gastos por causa da renda familiar comprometida”, reforça.
As dívidas das famílias continuam concentradas no cartão de crédito. Em setembro, 87,5% dos compromissos financeiros envolviam essa modalidade. Na sequência, aparecem financiamento imobiliário (7,5%), cheque especial (6,6%) e crédito pessoal (6,4%). Em média, o endividamento compromete 28,01% do orçamento mensal. Já 1,6% dos entrevistados acreditam que não terão condições de quitar os débitos atrasados.
Intenção de consumo
Outro estudo da Fecomércio MG, também compilado da CNC, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) de setembro reitera a cautela do consumidor em relação às compras. Embora o indicador seja o maior da série, para o mês, segue no nível de insatisfação: caiu de 74,1 pontos, em agosto, para os atuais 71,1. Cinco dos sete itens que o compõem apresentaram retração no período (emprego atual, perspectiva profissional, renda atual, nível de consumo e perspectiva de consumo). “A preocupação com a situação do emprego, especialmente, é um complicador nesse aspecto, porque deixa as pessoas inseguras para consumirem”, argumenta Elisa.
Assim, 52,1% dos entrevistados afirmaram que a família está comprando menos em comparação com o ano passado, e 57,4% pretendem reduzir os gastos nos próximos meses. Já a contínua retração dos juros brasileiros está refletida na alta da percepção de acesso ao crédito (67,8 pontos para 68,8) e no momento para duráveis (40,4 para 45,8), pontos favoráveis do estudo da Fecomércio MG.