Com o aumento da expectativa de vida, atualmente é comum encontrar empreendedores que decidiram investir em um negócio depois dos 50 anos, movimento que foi denominado como “empreendedorismo prateado”. Alguns aproveitam, inclusive, para utilizar o montante acumulado ao longo da vida profissional para empreender.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as pessoas com 65 anos ou mais representam um total de 10,2% da população brasileira.
Segundo um levantamento feito pelo Sebrae, entre os 53 milhões de empreendedores do país, 49% têm mais de 50 anos. Os dados ainda apontam que 7,3% dos novos empreendedores que apostam em negócios de pequeno porte têm 65 anos ou mais.
O setor que tem chamado mais a atenção dos empreendedores dessa faixa de idade é o mercado de franquias, pelo fato de ser um investimento mais seguro. Na pesquisa feita pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), 1,6% dos empresários que estão em busca por uma franquia para investir já tinham se aposentado.
Esse é o caso da funcionária pública aposentada Beatriz Tedesco Guimarães, 62 anos, que, atualmente, é franqueada da Via Certa Educação Profissional – franquia com atuação no mercado de cursos profissionalizantes. “Atuei por 18 anos no serviço público e em 2019 pedi minha aposentadoria para que eu pudesse me doar completamente a um negócio próprio.”
Tomada de decisão
Muito antes de se aposentar, a franqueada da Via Certa já conhecia a marca e possuía o desejo de investir na franquia. No ano de 2015, ela foi até Birigui/SP, cidade sede da marca, para uma reunião com um dos diretores executivos para saber mais sobre a rede e analisar as possibilidades de onde implantar uma unidade.
“Após fazermos uma análise de como estava a marca naquele momento e o local em que queríamos colocar uma unidade, percebemos que não era a hora adequada para isso. Mas, após passar três anos, retomamos a conversa, e dessa vez pensando em outro local e muito mais decididos”, detalha Beatriz.
Após seguir um planejamento financeiro durante esse período, a empresária decidiu que era o momento de investir na Via Certa implantando a sua primeira unidade na cidade de Paraguaçu Paulista/SP no ano de 2018. “Para isso, eu e o meu marido Renato Guimarães, de 65 anos, utilizamos a nossa reserva dos anos trabalhados. E no ano seguinte já estávamos implantando a nossa segunda unidade, dessa vez na cidade de Assis/SP.”
Desafios e benefícios
Para a empreendedora, um dos principais benefícios de investir em uma franquia de educação profissionalizante é o fato de ser uma área que é o divisor de águas para a mudança na sociedade. Além disso, ela destaca que a qualificação profissional norteia e prepara o adolescente para a escolha profissional e recicla os que já ocupam uma vaga no mercado de trabalho.
“Pensando nessa linha, vimos na Via Certa a oportunidade de investimento e prática de nossos ideais. Nos identificamos, também, com a missão e o propósito da marca. Ingressar na área da educação, para mim, não foi tão difícil quanto a metodologia e desenvolvimento de conteúdos”, explica Guimarães.
Para ela, as dificuldades encontradas são aquelas que estão presentes no dia a dia da maioria dos empreendedores brasileiros. “Fatos que acontecem para nos fazer perder o foco, dificuldades com a formação da equipe e adversidades no cenário econômico.”
Família unida
Beatriz conta que resolveu incluir no negócio alguns membros da sua família, como o seu filho Thiago Tedesco Guimarães e sua nora Emily Ferrarezi Pereira Guimarães, ambos com 39 anos. Para ela a presença deles é muito significativa, pois eles são os responsáveis por cuidar da parte financeira e pessoal.
“Trabalhar em família, por vezes nos coloca em um nível de estresse bem acima da média, porém faz parte do processo. Aprendemos a lidar com os limites de cada um e estamos lidando, também, com os conflitos de geração e algumas divergências de ideias. Cabe a nós, os mais velhos, ouvir, refletir e aplicar novas ações. É um desafio muito bom e sempre dá certo”, afirma Beatriz.
Investimento e objetivos
Beatriz conta que fez um investimento em torno de R$ 100 mil em cada unidade e que, apesar de estar aposentada, ela está ainda mais animada e com a expectativa alta em relação aos seus negócios.
“Tenho uma expectativa boa para essa retomada da economia. Enfrentamos dois anos de pandemia, período em que fomos duramente atingidos. O tempo que temos desde a inauguração, se contarmos com o período da crise sanitária, não crescemos como planejávamos, porém, não fechamos as portas, o que me leva a crer que o crescimento é inevitável”, avalia a empresária.
Atualmente, as duas unidades da empreendedora alcançaram um faturamento bruto médio mensal de R$ 70 mil. “Agora a nossa meta é conquistar o faturamento de R$ 110 mil por mês. Com base no nosso planejamento, acreditamos que podemos chegar a esse número já no próximo ano”, finaliza Beatriz.