Embora limpeza e higiene sejam fatores essenciais no combate à Covid-19, trabalhadores domésticos também foram afetados durante a pandemia. Com dificuldades para conseguir trabalho, eles encontraram em empresas que terceirizam esse tipo de serviço uma saída em meio à crise. Na Mary Help, por exemplo, de abril de 2020 a fevereiro deste ano, foram feitos 18 mil novos cadastros de profissionais e a quantidade de clientes que necessitam do serviço, aumentou 3,6% no mesmo período.
“Houve crescimento de demanda por parte dos clientes, pois entendemos que as pessoas passaram a se conscientizar mais sobre a importância da limpeza que agora não é mais vista apenas pelo seu aspecto estético, mas inclusive pela saúde. Desde o início da pandemia foram vendidos quase 2 mil serviços de sanitização de ambientes na rede, considerando que ele foi lançado em abril do ano passado, o que mostra a grande preocupação das empresas e pessoas físicas em se protegerem da Covid-19”, relata José Roberto Campanelli, fundador e diretor da Mary Help.
Primeira franquia do Brasil a realizar a intermediação no serviço de diaristas, a Mary Help foi fundada em julho de 2011 antes da criação da “PEC das Domésticas”. Por meio de um aplicativo próprio, pelo site, WhatsApp ou mesmo por uma simples ligação, é possível contratar além de faxineira, os serviços de lavadeira, passadeira, cozinheira, copeira, cuidadores de idosos, etc. No agendamento, o cliente diz exatamente o que precisa e o número de horas que deseja contratar.
O número de trabalhadores da limpeza (4,8 milhões de pessoas), segundo dados de setembro a novembro de 2020 da PNAD Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), caiu 24,6% (menos 1,6 milhões de pessoas), se comparado ao mesmo trimestre de 2019.
“Sem dúvida a tendência é que se perceba cada vez mais a importância e a necessidade das empresas no atendimento aos serviços de limpeza. Nosso aplicativo veio para facilitar e agilizar a intermediação entre clientes que precisam contratar prestadores de serviço e quem necessita trabalhar”, explica.
O diretor conta que há um vasto nicho de mercado a ser explorado e que embora os clientes da rede Mary Help sejam 40% compostos por empresas e 60% por pessoas físicas, aos poucos o mercado corporativo, principalmente de pequenas e médias empresas, vai aderindo à terceirização. “No segmento de pequenas empresas e residências, hábitos mudam vagarosamente. As empresas de limpeza atendem no máximo 5% da demanda de serviços e a grande maioria dos locais ainda são atendidos por profissionais diaristas autônomas auto-agenciadas. Isso porque não havia até antes da criação da Mary Help, nenhuma outra empresa atuando. A Mary Help deu início a um novo segmento do mercado e que hoje conta com diversas empresas do ramo. Já em empresas de grande porte, o cenário é diferente, a maioria delas sempre terceirizou mão de obra”.
Com 130 unidades espalhadas por todas as regiões do país, a Mary Help cresce a cada ano e registrou em 2019 uma média de 400 mil diárias e um faturamento de R$ 52 milhões.
Devido à pandemia, o número de diárias realizadas caiu muito nos meses de abril e maio, crescendo nos meses finais de 2020, chegando a superar o número de diárias mensais de 2019. Apesar disso, o número total de diárias no período foi apenas 11% menor.
Logo no início da pandemia a rede lançou o tratamento de sanitização de ambientes, que reduz a chance das pessoas se infectarem por vírus – incluindo o novo coronavírus, bactérias e fungos. Com ele, a rede que viu seu faturamento despencar em 70% logo início da crise – no ano passado, conseguiu no final de 2020, recuperar sua receita em 110% com relação ao período pré-pandemia.
“O lockdown feito inicialmente a partir do final de março do ano passado, afetou principalmente as vendas de abril. As pessoas se assustaram muito e deixaram de contratar os serviços por medo da disseminação da Covid-19, tanto por parte dos diaristas, como por parte dos clientes. Por outro lado, muitos clientes continuaram querendo os serviços por absoluta necessidade”.
Os profissionais da Mary Help são constantemente avaliados com a ajuda dos próprios clientes não apenas através do serviço de pós-venda, como também classificando as diárias e analisando os pontos positivos e negativos a serem melhorados. Além do procedimento padrão para contratação das profissionais, como por exemplo, a checagem do histórico da pessoa, referências, entrevistas e testes, algumas unidades da Mary Help apostam em psicólogos para darem os treinamentos.
A inspiração de José Roberto para criar a Mary Help veio em 2011, a partir da necessidade dele de contratação de uma diarista e da dificuldade de conseguir uma profissional competente. Ele e sua esposa imaginaram que essa dificuldade seria igual para muitas pessoas. Analisaram o mercado e pesquisas que indicavam que havia uma forte tendência de extinção das empregadas domésticas nos moldes conhecidos até então, por diaristas. Não havia no mercado nenhuma empresa de limpeza ou agência que atuasse na intermediação dos serviços de profissionais diaristas. Assim, confiantes na possibilidade de sucesso, inauguraram no Brasil um novo segmento com a abertura de uma loja piloto em São José do Rio Preto (SP), em julho de 2011. Logo em 2012 foram vendidas as primeiras franquias da rede.
Depois disso, a PEC das Domésticas sancionada em maio de 2013, só veio contribuir para acelerar a tendência do aumento de serviços feitos por diaristas, já que muitos patrões dispensaram suas empregadas domésticas por não conseguirem arcar com os custos e encargos trabalhistas.
“Nos orgulhamos de fazer a inserção social de mais de 5 mil diaristas ativas que conseguem trabalhar e sustentar suas famílias através de nossa intermediação”, finaliza Campanelli.