É difícil pensar que até a pouco tempo atrás a esposa que quisesse trabalhar fora de casa precisava da autorização do marido. Essa regra mudou a partir de 1962. Apesar de ter se passado 59 anos a mulher ainda luta para ganhar voz e espaço na sociedade, principalmente no empreendedorismo. Dados da Rede Mulher Empreendedora (RME) revelam um aumento de 40% no número de novas empreendedoras em 2020 durante a pandemia. Boa parte dessa porcentagem mostra que a mulher buscou o empreendedorismo por necessidade.
Mais afetadas que os homens, para conseguir vencer esse momento, muitas mulheres brasileiras buscaram novas alternativas de adquirir renda, inclusive através do e-commerce, maneira de vender on-line que vem ganhando muito espaço desde o ano passado.
Especificamente no dia 19 de novembro é celebrado o Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino. Por isso, separamos quatro histórias inspiradoras de mulheres empresárias que venceram o preconceito na sua área de atuação, arregaçaram as mangas e hoje inspiram outras mulheres.
Beleza no olhar
A empresária carioca Carina Arruda, que está à frente da franquia MyLash Extensão de Cílios, foi a primeira profissional a desenvolver a técnica de extensão de cílios volume russo no Brasil após passar por um período de estudos em outros países. Com apenas 27 anos ela enfrentou o medo em viajar sozinha para outro país, aprendeu a falar inglês sozinha, mas levou na bagagem a determinação: voltar a seu país com a ideia de criar um negócio inovador que pudesse ajudar as mulheres a transformarem sua autoestima. E ela conseguiu!
Hoje a MyLash além de ser um serviço voltado, em sua grande maioria, para o público feminino, abriga 114 funcionários, sendo 98% composta por mulheres.
Transformando crise em oportunidade
Danielle Ratte, de 28 anos, assim que concluiu o curso de Pedagogia na USP, em fevereiro de 2018, conseguiu uma oportunidade de emprego na Monitorias Reforço Escolar. Sua dedicação e empenho no trabalho não passou batido. Em poucos meses foi convidada a ser sócia da empresa. Pegou o dinheiro que tinha guardado por conta do recente falecimento de seu pai e, sem pensar duas vezes, agarrou esta oportunidade. Hoje ao lado dos sócios Rafael Rocha e Carolinne Coutinho, é responsável pela operação das aulas na plataforma on-line da empresa.
A Monitorias que começou como uma empresa pequena e entrou no franchising em agosto de 2020, no auge da pandemia, conseguiu triplicar de tamanho e hoje soma 48 unidades com o objetivo principal de oferecer reforço escolar e aula particular aos estudantes do ensino fundamental e médio que tiveram a aprendizagem prejudicada na pandemia.
Do suporte a chefe operacional
Com formação em administração, Amanda Pinatti, de 25 anos, conseguiu uma vaga na franquia DotBank (banco digital voltado para empresas com alto volume de emissão de boletos), em maio de 2020, para ocupar o cargo de back office executive da franqueadora localizada no interior de São Paulo, em Birigui. Na época era responsável pelos processos de retaguarda da empresa que tinha iniciado a pouco tempo a expansão do negócio para abrir unidades franqueadas em outras cidades e estados.
Pouco tempo depois passou a cuidar do setor comercial da empresa, fazia contato e apresentação do modelo de negócio para os leads interessados em empreender. Em setembro do mesmo ano, a rede que vinha crescendo necessitou de novos colaboradores. A expertise e dedicação de Amanda chamou a atenção da direção da rede que a transferiu para o cargo de COO (chief operating officer), ou melhor dizendo executiva-chefe de operações.
Hoje a jovem é o braço direito da franquia e há um ano participa da criação de novos produtos que visam gerar lucro recorrente para os franqueados, e faz as amarrações conectando os envolvidos: franqueados, fornecedores, colaboradores e clientes, quando necessário. Além de estar conectada a diretoria da empresa e reportar os avanços da parte operacional para o CEO.
Apesar da pouca idade e estar à frente de um modelo de negócio inovador no mercado, Amanda domina muito bem o assunto e vem ganhando cada vez mais espaço dentro da empresa.
Ela se reinventou para atuar no agronegócio
Viviane Henriques, de 46 anos, não teve medo de se reinventar. Advogada há mais de 25 anos, comandava mais de 120 funcionários em uma call center de cobrança bancária em São José do Rio Preto (SP). Com a rescisão do contrato de um dos maiores bancos do país passou a usar seu call center para cobrança de empresas de médio porte, entre elas a Reino Rural Saúde no Campo.
Em menos de um mês, Viviane foi convidada para ser sócia da empresa com o intuito de buscar o crescimento do empreendimento. Sem perfil comercial, a advogada se reinventou e se adaptou ao novo negócio que tem como foco a comercialização de produtos agropecuários como suplementação animal e fertilizantes. Com o call center totalmente estruturado e com alta tecnologia na telefonia, gravação, monitoramento, Viviane e o empresário Matheus Ferraz transformaram a Reino Rural em franquia, no início deste ano.
Com o avanço do mercado agro durante a pandemia, em nove meses de operação a rede soma 18 unidades ativas. Além de ser responsável por alavancar a expansão do negócio, Viviane fica à frente da parte jurídica da franqueadora e comanda a área de implantação das franquias, acompanha treinamentos e oferece suporte aos franqueados.
A experiência de anos com call center tem possibilitado a franquia crescer cada vez mais e estar presente em 13 estados. No próximo dia 19 a rede colherá o depoimento das franqueadas mulheres e da diretora de suporte para divulgação interna na empresa e redes sociais. A ideia é mostrar que a mulher pode estar a onde ela quiser estar, assim como ser dona do seu próprio negócio.