Nos últimos anos, o setor de construção civil tem experimentado mudanças significativas, impulsionadas por novos métodos construtivos e a expansão de modelos de negócio inovadores, como as franquias de construção. Como resultado disso, o mercado tem se apresentado mais forte, com um aumento de 28,8% nas vendas de imóveis novos no primeiro semestre de 2024, segundo levantamento da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), realizado em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). No entanto, nem tudo é um mar de rosas.
Apesar do presente otimismo na área, os gestores de construtoras seguem com algumas “pulgas atrás da orelha”, sendo uma das principais a falta, ou alto custo, da mão de obra especializada. Em uma recente pesquisa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), 25,4% dos empresários do setor entrevistados apontaram esse como o maior problema enfrentado pelo mercado atualmente, ficando atrás somente do custo da carga tributária, com 29,2%.
Muitos podem argumentar que o cenário pelo qual vivemos demanda maior habilidade e conhecimento individual do trabalhador para se adaptar à nova realidade tecnológica e necessidades do mercado, como é visto em praticamente todas as áreas hoje em dia. Isso pode significar que mais treinamentos especializados são necessários, o que representa, naturalmente, um gasto a mais para as empresas.
Estamos vendo um crescimento do campo de construção civil no país atualmente, verdade, mas isso não é algo que deve se sustentar para sempre. A própria CBIC já informou que a situação estava muito mais instável para o final de 2024, e que esse cenário deve se manter durante o começo de 2025, devido a diversos fatores, como a manutenção do orçamento do FGTS e os juros de longo prazo que seguem elevados, por exemplo.
A situação das empresas, portanto, não é exatamente algo que eu chamaria de “confortável” para que se possa gastar livremente. Mesmo assim, a preocupação com a mão de obra persiste, então o que fazer?
Tecnologia e franquias como protagonistas
Tradicionalmente, a construção civil é uma área que sempre dependeu fortemente de mão de obra altamente especializada, com profissionais experientes em técnicas artesanais e capazes de realizar obras personalizadas e complexas. Entretanto, as franquias trouxeram uma abordagem diferente, baseada em padronização, treinamento simplificado e processos replicáveis, permitindo que tarefas antes exclusivas de especialistas fossem realizadas por equipes com treinamento mais generalista.
Com ferramentas tecnológicas avançadas e modelos de construção mais eficientes e modernos, como o Steel Frame, o trabalhador altamente qualificado em uma única tarefa não é algo mais necessário.
O fato do treinamento ser generalista pode ser visto como algo negativo por alguns, mas eu argumento o contrário: esse é um preparo mais eficiente e que faz melhor uso dos recursos à disposição das empresas, ao mesmo tempo que prepara o trabalhador para um mercado que é extremamente diferente daquele de 30 anos atrás.
Ferramentas como softwares de modelagem 3D, scanners de precisão e dispositivos de automação tornam o trabalho mais previsível e menos dependente de habilidades manuais refinadas, enquanto materiais pré-fabricados diminuem a necessidade de mão de obra tradicionalmente artesanal.
No passado, cada etapa do processo de produção de qualquer produto era inteiramente dependente em uma ou duas únicas pessoas. Hoje, isso simplesmente não é mais assim. Se um funcionário que executa uma determinada função deixa a equipe, ou está indisponível por qualquer motivo que seja, a produção não precisa desacelerar por isso, graças ao treinamento padronizado.
Todos os colaboradores são aptos para desempenhar qualquer atividade que for necessária, fazendo com que o desenvolvimento da empresa como um todo seja muito menos dependente de indivíduos, dando maior destaque para o coletivo como um todo, em um ambiente mais eficiente, onde todos podem se ajudar quando for preciso.
Quem garante o crescimento da marca agora é a própria empresa. Com uma gestão eficiente aliada à simplificação dos processos habituais do trabalho, essa abordagem não só acelera os projetos, como também reduz custos, o que é uma vantagem competitiva em um mercado cada vez mais pressionado por prazos e orçamentos apertados. Um cenário que, inclusive, não deve escapar disso em um futuro próximo, como vimos anteriormente.
Por isso, minha recomendação, é que você invista pesadamente em tecnologia e busque treinar os seus funcionários no manuseio delas, ao mesmo tempo que os educa em como isso é algo benéfico para eles, pela quantidade de trabalho e esforço que é simplificado graças ao que nós temos acesso atualmente. Isso não é apenas pela redução de gastos das franquias, mas sim pelo futuro da área e de todos que fazem parte dela.
Prazos apertados exigem que sejamos mais eficientes, que o trabalho seja mais rápido e atenda a certos padrões. Nós podemos ficar batendo na mesma tecla de sempre e insistir em um modelo que, francamente, não conversa mais com o nosso dia-a-dia, ou podemos receber o futuro de braços abertos e tentar nadar com a maré.