A liberação de contas inativas do FGTS delineia diversos cenários possíveis para a economia do país no futuro próximo. A maior parte dos economistas afirma que o brasileiro está endividado e que vai usar o dinheiro para resolver esse tipo de problema. Mas e quem não se enquadra nessa categoria, o que deve fazer? Talvez se tornar um franqueado de uma rede sólida e bem estruturada? Mas qual? Será que todo mundo tem perfil pra isso? As questões que surgem são muitas.
Por isso, conversamos com Marcus Rizzo, administrador de empresas e um dos fundadores da Associação Brasileira de Franquias (ABF). O especialista, que também é sócio da Rizzo Franchise, consultoria que atua há mais de 20 anos na formatação de redes nacionais e internacionais do mercado de franchising, compartilhou conosco sua visão sobre o assunto. Confira.
Mapa das Franquias: Algumas franquias estão incentivando novos franqueados a investir seu FGTS no negócio. Usam dados atraentes, como, por exemplo: Tempo médio para retorno do investimento em até 24 meses. E Lucratividade média entre 20% a 25% do faturamento.
Vale a pena? Por quê?
Marcus Rizzo: Apesar de não gostar do direcionamento do uso do FGTS para qualquer situação, acredito que vale muito disponibilizar recursos para investir num negócio próprio e, em especial numa franquia.
Sempre é bom lembrar que ao entrar numa franquia haverá a necessidade de investir outro importante e fundamental capital, o intenso envolvimento pessoal e trabalho.
Parodiando, a franquia é apenas um carro com o know-how do franqueador e o motor, que precisa de óleo e combustível. Mas sem o motorista franqueado, bem preparado e com muita disposição, nada vai acontecer.
Você é o piloto
Mapa das Franquias: É razoável supor que a maioria dessas pessoas que estão tendo acesso ao recurso do FGTS agora sempre atuaram como funcionários e não à frente do próprio negócio ou como franqueados numa rede. Algum conselho para os marinheiros de primeira viagem? Que segmento escolher?
Marcus Rizzo: Este é um problema, e muito grave! Boa parte destes novos candidatos estão sendo levados a buscarem uma franquia do tamanho dos seus recursos. E sabemos que individualmente os saques não deixarão ninguém rico e, por isso repito incansavelmente: não escolha uma franquia pelo valor do investimento, mas sempre pelo atividade, por sua forte identificação com o trabalho.
Lembre-se: o carro não anda sozinho e, somente um motorista profundamente identificado com o trabalho (aquele maior capital a ser investido) é que vai fazer tudo dar certo.
Depois de escolher a atividade com a qual mais se identifica, o grande desafio é escolher a franquia e seu franqueador. Um fator fundamental, em especial para quem tem pouco dinheiro, com habilidade de empregado e não com a de patrão, é buscar a franquia pela qualidade e intensidade de conhecimento do franqueador e sua capacidade de treinar o franqueado para transferir esta capacidade.
Muito cuidado: a maioria das franquias de baixo investimento está ligada a franqueadores que nunca tocaram o negócio e sempre possuem várias franquias para lhe vender de diferentes marcas e também sem conhecimento algum. Se você parar numa destas, recomendo: caia fora!
Nunca decida sem antes conversar com vários franqueados daquele negócio que você está interessado.
Mapa das Franquias: Plano B: depois de investido o FGTS, a pessoa não se dá bem com franquia e aí? É aconselhável guardar um pouco? Quanto? Qual o percentual seguro ao invés de “entrar de cabeça”?
Marcus Rizzo: Se entrar, tem que ser “de cabeça e, corpo” – infelizmente não tem volta, pois para salvar você vai usar tudo, até mesmo a reserva do plano B. Até mesmo porque a desculpa se não der certo é porque você não “entrou de cabeça”.
Mapa das Franquias: Com tantos novos franqueados teoricamente surgindo a partir de agora, muito mais produtos e serviços estarão disponíveis num mercado até então recessivo. A lógica é que os consumidores também utilizarão o saque do FGTS para gastar com tudo isso, movimentando a economia? Ou é uma previsão otimista? Qual sua visão do cenário que se delineia a partir desse afluxo de capital no mercado?
Marcus Rizzo: Tem lógica, apenas é fundamental que estes novos franqueados consigam instalar suas franquias em mercados que sejam adequados ao negócio e que estes mercados garantam consumo perene e não momentâneo.