Há aproximadamente 20 anos conheci Oswaldo Segantim Junior, dentro de uma clínica de reabilitação, na qual lutávamos contra o vício do crack e da cocaína. Durante os oito meses de internação, criamos laços de amizade tão fortes, a ponto de fazermos planos para trabalharmos juntos quando recebêssemos a tão esperada alta.
O empreendedorismo já estava em mim, desde jovem. Minha primeira experiência como empreendedor foi em 1995. Montei dez escolas de cursos profissionalizantes dentro de colégios públicos, em parceria com um estado. Porém, por causa dos vícios, acabei quebrando. Fechei tudo por lá e fui para a Bahia, no início de 1999, onde montei outra escola, perto da turística Porto Seguro. Não fiquei seis meses. Voltei para São Paulo, ainda com o sonho de voltar a ter o negócio próprio, mas o vício ainda falava mais alto.
Cerca de cinco anos depois, já reabilitado, graduado em Publicidade e Propaganda, e passado por uma sociedade em uma escola de inglês (como dizia aquele personagem de telenovela “o tempo ruge e a Sapucaí é grande”), com a parceria firmada com o Oswaldo, mantínhamos o ideal de oferecer cursos não só para alunos das escolas públicas, mas de mudar o modelo comercial, visando tornar esse modelo de negócio mais sustentável.
Em 2006, vimos o plano começar a acontecer. Nos mudamos para um prédio maior, em Santo André, no ABC paulista, e mudamos de nome. Deixamos de ser a “Universidade do Inglês” e agora traríamos um grande diferencial: aliamos o ensino bilíngue a cursos profissionalizantes, algo que ainda não tinha sido visto em nenhuma escola desse tipo no Brasil. Nascia, a Enjoy Inglês Profissionalizante.
Já em 2015, viramos franquia, erramos e acertamos, ficamos cerca de dois anos apenas estruturando o modelo de franchising para vender corretamente e para as pessoas certas. Hoje, a rede Enjoy conta com 145 unidades vendidas, em 25 estados do país.
A rede representa mais do que um negócio lucrativo, uma perspectiva de inclusão social e inserção profissional, uma vez que agrega em seu projeto educacional o ensino de inglês associado ao aprendizado sobre tecnologia e a cursos profissionalizantes. Além disso, mantemos o Instituto Enjoy, focado no acolhimento e ensino de jovens e crianças da periferia de Carapicuíba, na Grande São Paulo, atuando com mais de 450 crianças, adolescentes e jovens, de 07 a 18 anos.
No título deste artigo cito a “jornada do herói”, um conceito criado que trata como seria o passo a passo do percurso de transformação do homem comum em herói, com todas as provações que surgem no caminho. Ela é muito utilizada em roteiros de cinema, seriados e, também, dentro das empresas, como ferramenta de motivação para colaboradores e executivos.
O nosso heroísmo consiste, não na motivadora história que envolve minha vida e do Oswaldo. Mas no enorme potencial de crescimento para a Enjoy, que atua junto a um público-alvo carente de iniciativas que possam contribuir com a melhoria de sua condição de vida e com o aumento das perspectivas de crescimento pessoal e profissional. Nossos alunos sim, são heróis, por driblarem com habilidade, as adversidades impostas pelo meio em que vivem