Com o crédito mais caro, maior pessimismo por parte dos consumidores e dos investidores, a expansão das redes de franquias devem sofrer uma redução se comparado com o ritmo que vinha sendo praticado nos últimos anos, de cerca de 10% ao ano segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF).
“Hoje os franqueadores estão mais preocupados com o processo de expansão, não assumindo riscos tão grandes. Isso faz com que a gente talvez diminua um pouco o ritmo da expansão”, explica o diretor internacional da ABF, André Friedheim.
Ele explica que com o contexto atual, as redes têm buscado aumentar a eficiência de suas operações, redesenhando suas estratégias e reduzindo o número de funcionários. “Estamos tentando chegar em equipes mais eficientes, cortando uma ou outra pessoa, renegociando com fornecedores, investindo em e mídias não tradicionais” conta o diretor Friedheim, que também possui uma rede de franquias.
No caso da sua rede, a Café do Ponto e a Casa Pilão, o empresário conta que com a crise precisou rever o número de unidades que seriam abertas este ano, reduzindo de 15 novos pontos para oito, “praticamente metade”.
“Por cautela estamos realmente entrando em pontos que temos certeza que vai funcionar, com aluguel bem ajustado e custo de investimento mais baixo, isso faz com que a gente redesenhe, repense e seja mais cauteloso [na abertura de novas unidades]”, explica o franqueador.
No caso da Escola Concretta, rede que oferecia inicialmente cursos focados no mercado da construção civil, foi preciso rever a oferta e a estratégia da marca sobretudo diante do contexto político, quando a maior parte das grandes oras do país correm o risco de ficar paralisadas após a denúncia de grandes construtoras na operação Lava-Jato.
“Nós resolvemos diversificar a receita para não depender só desse pulico. Mudamos a assinatura da empresa para escola da construção e profissões e o foco, que antes era só classe C e D, foi ampliado para cursos para arquitetos, um novo publico que não tínhamos”, conta o sócio-diretor da Concretta, Miguel Pierre, ao destacar que a escola passou a oferecer outros 25 cursos.
Com isso, a rede passa pela crise sem sentir queda de faturamento, embora o crescimento tenha sido abaixo do verificado no ano passado e registrado apenas a partir de maio, como resultado da diversificação. A estratégia, segundo explica Pierre, ajudou inclusive a aumentar a abertura de novas unidades, já que a oferta de franquias também foi redesenhada para o contexto de crise, com modelos de negócios mais baratos de R$ 36 mil, R$ 100 mil e R$ 200 mil.
Com isso, a rede teve aumento na procura de investidores por novas unidades com reflexo no perfil desse empreendedor, mais dependente de crédito e financiamentos para a abertura de novas unidades.
“A gente percebe a diferença nesse perfil porque mais de 50% da procura por novas unidades precisa hoje envolver os parceiros ou algum financiamento para viabilizar o negócio, coisa que antes sequer oferecíamos apesar de termos parcerias do tipo”, conta o executivo. Segundo ele, muitos dos novos franqueados são executivos que acabaram de sair de grandes corporações que possuem dinheiro, mas que muitas vezes não conseguem cobrir todo o investimento.
Diante disso, a rede de ensino de idiomas Park Idiomas tem aumentado o nível de exigência na hora de aceitar um novo franqueado, apesar de ter sentido redução no movimento de prospecção de novas franquias.
“Não vejo nenhuma sinalização de melhora em termos de prospectadores de novas franquias. Eu entendo que isso pode ser realmente consequência da crise. As pessoas estão com mais medo de investir”, explica o economista e presidente da Park Idiomas, Eduardo Pacheco, que mantém a otimista meta de abrir 24 novas unidades da escola ainda esse ano apesar da dificuldade de encontrar empreendedores de oportunidade.
“A crise não é uma crise que vai fazer com que eu mude a avaliação do perfil do meu franqueado, ele é escolhido diante da missão organizacional que eu tenho que cumprir, ainda que esse perfil esteja mais difícil de ser encontrado”, destaca o economista.
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