Ao adquirir uma franquia, muitos franqueados costumam encará-la como um negócio próprio, esquecendo que fazem parte de uma rede maior espalhada por diversas lojas. Espalhadas por todo o território nacional e, em alguns casos, mundial, o modelo de Franchising pode trazer alguns benefícios como a presença de marca, a baixa taxa de mortalidade do negócio e taxas de rentabilidade acima do mercado. Mas todos esses benefícios vêm com o custo de viver em coletividade.
“Quando você entra em uma rede de franquias você tem que ter em mente que muito das coisas que você vai se sujeitar (até por força contratual) nem sempre vai ser a melhor solução para você. Mas você vai ter que acatar porque está vivendo num regime de coletividade.”, explica o presidente da consultoria Leão Business Upgrade, Juarez Leão.
Exemplo clássico das complicações de um negócio coletivo é o processo de escolha e seleção de fornecedores. Pós-graduado em Marketing e em Gestão de Marcas pela FGV, Juarez Leão conta que é muito comum franqueados que oferecem novos fornecedores ou tentam justificar a sua troca para atender a demandas da sua própria unidade. Segundo Juarez, esse é um precedente que, uma vez aberto, pode ser um “tiro no pé” da rede.
“A padronização é o que faz a franquia se diferenciar dos demais negócios que estão instalados mundo a fora. A partir do momento em que você descentraliza investimentos, a sua condição de verificação e manutenção da qualidade fica muito mais difícil”, destaca o especialista.
Ciente disso, a franquia de cafeterias “Cherin Bão”, inspirada na tradição mineira do bom café com pão de queijo, não abre mão de ter um rígido controle do fornecimento de cafés, centralizado e regionalizado no sul de minas.
“É a identidade da marca. Se a gente tiver produtores em outras regiões que produzam o café com uma qualidade próxima, de qualquer forma ele vai ser torrado e selecionado por nós”, explica o diretor-executivo da rede, Wilton Bezerra ao ressaltar o cuidado da “Cherin Bão” de não entrar “por um caminho que não tem volta”
“O cliente quer o produto que ele está acostumado a consumir. Se houver a utilização de outros produtos sem um crivo, há o risco de sair um produto com menor qualidade”, reconhece o executivo.
Uma das possibilidades de um franqueado oferecer um novo fornecedor para a rede da qual ele faz parte seria diante de uma avaliação do Conselho de Franqueados ou de um Comitê de Fornecimento – quando há este tipo de estrutura dentro da rede. Nesses casos, será avaliado se existe realmente a necessidade e de mudar ou ampliar o número de fornecedores e se aquela sugestão corresponde às necessidades de toda a rede, como explica Juarez Leão.
“O franqueado pode apresentar um fornecedor novo, mas não para uma homologação específica para ele, somente como uma homologação geral. Se for pra cadastrar a sugestão do franqueado, ela tem que ser pensada como opção para toda a rede. Nunca individualmente.”, ressalta Leão.
Nos casos em que não há a estrutura de conselhos, o consultor recomenda que as indicações de fornecedores sejam feitas diretamente ao gerente de franquias para serem submetidas à avaliação e aprovação – sempre levando em conta toda a rede.
O executivo destaca ainda o papel do franqueador em esclarecer para os franqueados as razões para a proibição de exceções na contratação de fornecedores, explicitando os riscos que a descentralização do fornecimento de produtos e serviços pode causar.
“No segmento de alimentação, onde tantas complicações podem acontecer por causa do fornecimento de produtos inadequados, quando há algum problema não é o CNPJ de um franqueado que vai ser exposto numa matéria de jornal ou revista, mas a marca A ou X. Isso pode destruir toda uma rede, todo um conceito e inclusive prejudicar os demais franqueados”, lembra Leão.
Preocupado com a qualidade dos seus cafés, a “Cherin Bão” não deixa de passar esses valores aos seus franqueados, tornando clara a importância da centralização da distribuição e da seleção dos melhores fornecedores. Wilton explica que durante o processo de treinamento, os novos franqueados têm contato com todo o processo de produção do café, desde a colheita até a secagem dos grãos.
“A gente mostra isso para o franqueado também entender que é muito mais do que simplesmente uma bebida que vamos vender, mas todo um conceito e que, por trás desse conceito, está exatamente o que chama a atenção do cliente”, explica o diretor da rede.
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