Aos 14, quando iniciei minha carreira profissional como office-boy, eu já pensava em ter meu próprio negócio, mas na época não imaginava que, um dia, tudo poderia dar errado. A falência de uma empresa é uma situação dura e delicada para o empreendedor, mas também traz uma série de aprendizados para recomeçar uma jornada de sucesso. A pandemia também revelou esta questão.
Falo com propriedade sobre isso, pois conheço os dois lados da moeda. As dificuldades do insucesso me levaram para o franchising, onde passei por um processo de renovação profissional, cresci e aos 60 anos fundei uma holding de franquias multisetoriais, hoje com as marcas Maislaser, Instituto Ana Hickman, Além do Olhar e Odonto Special.
Por volta da década de 1980, entrei por acaso no ramo de informática, vendendo microcomputadores que vinham do exterior. Lucrei bastante com o negócio, mas faltou fazer uma avaliação dos riscos. Por conta de uma mudança nas regras de importação no Brasil, as mercadorias ficaram retidas no porto, me levando a pagar multas altíssimas e ter de fechar a empresa. Se tivesse feito uma avaliação dos riscos, poderia ter antecipado o problema ou pelo menos ter reduzido o impacto dos danos. Portanto, seja qual for o negócio, faça uma avaliação dos riscos.
O segundo aprendizado também remete à época dos microcomputadores. Como disse, prosperei nesse negócio e acabei ficando distraído com a situação, ou seja, entrei na minha zona de conforto, mas infelizmente só percebi isso quando era tarde. Por não fazer a avaliação dos riscos, teoricamente, meu risco era zero. Acreditei nisso, parei de ouvir os alertas e segui sem me atentar às mudanças ao redor. Então, fuja da zona de conforto. Ela é cômoda, mas cedo ou tarde passa uma rasteira.
Depois desse baque, minha única fonte de renda vinha de uma franquia que “ganhei” de um fornecedor, que não tinha dinheiro para pagar os microcomputadores adquiridos. Eu era novo no ramo, tinha pouco conhecimento, mas muita vontade de fazer dar certo. Aceitei minhas limitações e procurei conhecimento com pessoas que podiam me ajudar a crescer. Esse apoio, com o tempo, me levou ao comando de 200 unidades e me fez perceber que nada se constrói sozinho. A participação de pessoas que entendem mais do que você em determinada área é essencial para fazer o negócio decolar muito mais rápido do que se prender à carreira solo. Abra os olhos, fique atendo e traga boas mentes para seu negócio.
O quarto e último aprendizado é a resiliência, ou seja, a capacidade de enfrentar problemas, buscar por uma solução, mas sem desabar emocionalmente. Eu fali e todos os dias pensava nisso. Mas para superar esse problema (que levou dez anos), eu focava no que poderia fazer de diferente, melhorar minha situação. Ser resiliente me ajudou a olhar para o que realmente importava e tirar forças para seguir em frente.
Sidney Eduardo Kalaes é presidente do Grupo Kalaes, holding de franquias multisetoriais