Sem meio termo! As motos são assim: uns odeiam e outros são completamente apaixonados. Mas independente do sentimento (ou opinião), uma coisa é fato, o mercado de motos no Brasil é muito grande e contribui significativamente para a economia por aqui.
Uma pesquisa divulgada no último ano pela Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), aponta que a frota de motos praticamente dobrou de 2009 para 2019 no país; o salto foi de quase 15 milhões para mais de 28 milhões. Ou seja, um aumento de 91% na quantidade de motos nas ruas.
Outro dado apurado é em relação ao número de motociclistas: o crescimento foi de 54,3% dentro do mesmo período. Aliás, em 2019, 33.024.249 brasileiros estavam habilitados na categoria A, ou combinadas (AB, AC, AD e AE), o que representa 44,7% do total de pessoas com CNH no país – essa porcentagem era de 41,4% dez anos atrás.
Motos na mira da economia
Assumindo cada vez mais o papel de protagonista da mobilidade urbana no Brasil, as motos chamam a atenção de outros setores que veem nesse crescimento uma oportunidade para fazer negócio.
Sabe as lavagens automotivas ecológicas? Muita gente logo de cara associa essa limpeza aos carros, contudo, a unidade da Acquazero no Rio de Janeiro (RJ) vem provando o contrário. Por lá, o nicho começou a ser explorado e está gerando bons resultados financeiros.
“Começamos a ofertar os serviços da franquia para motos, e acabamos chamando a atenção de motociclistas. Esse público utiliza a motocicleta por lazer, para passear e se divertir, e são muitos apaixonados por esse estilo de vida. Eles começaram a nos procurar para ‘cuidar’ das motos, e um começou a indicar o outro – principalmente os donos de Harley. Com isso, começamos a crescer entre eles. Hoje, as motos representam 10% do nosso faturamento, mas acreditamos crescer ainda mais”, fala a empresária, Andrea Raposo.
Divulgação nas redes sociais impulsionou procura
O negócio vai além da limpeza tradicional, cujo processo envolve apenas a utilização de 300 ml de água, produtos ecologicamente corretos, e o auxílio de alguns panos, abrange ainda, aproximadamente 10 tipos de serviços, entre eles: enceramento, polimento, hidratação dos bancos e acessórios de couro.
E cada serviço prestado, Andrea logo trata de tirar uma foto e publicar nas redes sociais; o que desperta a curiosidade de potenciais clientes, e os estimula a conhecer a metodologia da loja.
“Inicialmente eles enviam algumas perguntas no direct ou no whatts, e logo trazem as motos aqui para gente. E isso é legal porque podemos mostrar que de fato a limpeza é eficiente e gera resultados. Como o público é fiel e tem muito carinho pelas motocicletas, ele não se importa em pagar um pouco mais pela qualidade do serviço e pelo bom atendimento. E isso, financeiramente, é ótimo para o negócio”, explica Andrea.
Parcerias como estratégia de captação
Lá em Brasília, o empresário Fábio Gallotti, há quatro meses abriu uma unidade da Acquazero em um shopping. Uma das primeiras das ações dele, foi criar uma parceria com um motoclube e, com uma empresa de treinamento de pilotagem off-road para motociclistas.
“Foi uma estratégia para começar a conquistar esse público, e vem dando certo! Muitas pessoas nos procuram devido às parcerias. Por exemplo, aqui está se tornando comum a circulação de motos ‘bigtrails’, mas o objetivo é entrar cada vez mais nesse universo e atrair mais tipos de grupos. Temos muito interesse nesse mercado que é próspero e pouco explorado na região”, comenta Fábio.
A limpeza ecológica é o carro-chefe do negócio, e para motos, o preço é único. Contudo, compartilhando da mesma percepção de Andrea, Gallotti afirma que a preocupação dos clientes não são os custos. “O trabalho para motos requer mais cuidado e atenção, por conta da quantidade de detalhes no veículo, mas principalmente porque os motociclistas são muito detalhistas e rigorosos com a qualidade do serviço. Eles perguntam quais produtos serão usados, a procedência, entre outras questões, então a gente busca se esforçar ao máximo para atender as expectativas e fidelizar o cliente”, diz.
Na unidade não é raro aparecer motos com pinturas foscas, mas nestes casos, o empresário evita utilizar a cera limpadora, aplica produtos específicos para não mudar a aparência original da pintura. E o que não falta no estoque, segundo o empreendedor, são os shampoos desincrustantes que são específicos para a limpeza adequada da moto. Além disso, ele conta que sempre toma o cuidado de lubrificar a corrente novamente antes de devolver a moto ao cliente. “São detalhes fazem a diferença para eles, então a gente capricha mesmo”, salienta.
Fábio conta que está caminhando e criando ações para que os serviços direcionados às motos sejam responsáveis por maior parte do faturamento da unidade em breve. “Estamos apenas começando o negócio, e apesar de no início não termos nos atentado para o quão próspero pode ser o segmento, hoje visualizamos, reconhecemos e queremos trazer eles para dentro da nossa empresa”, finaliza.