O setor de franquias manteve sua curva de recuperação no quarto trimestre de 2020, se aproximando dos níveis pré-Covid-19, segundo balanço consolidado de 2020 da Associação Brasileira de Franchising (ABF). O franchising registrou uma receita apenas 1,8% menor no período (53,976 bilhões), comparado ao quarto trimestre de 2019 (R$ 54,966 bilhões), de acordo com o estudo.
A área de tecnologia mobile é um bom exemplo de um dos ramos que não só se reergueram rapidamente do baque inicial da pandemia, mas cresceram em decorrência, principalmente, da transformação dos hábitos do consumidor e da migração de trabalhadores para o home office.
Um case, em especial, se destaca: o da Cellairis Brasil, que depois de ver seu faturamento cair 19% no ano de 2020, em relação a 2019 (devido aos três meses de portas fechadas), teve crescimento de 4% no último quadrimestre do ano, uma resposta rápida à crise. Além de voltar a lucrar, a rede expandiu. E o mais surpreendente: em shoppings centers, que foram castigados com longos períodos de fechamento total ou de restrição de horário e capacidade de visitação.
Os ingredientes principais da “receita” Cellairis foram (e são): e-commerce estruturado pré-pandemia; venda de produtos nos principais marketplaces e também por WhatsApp e redes sociais próprias; estratégia omnichannel, com distribuição dos pedidos de acordo com a localização de cada franqueado; equipe de marketing que quintuplicou para desenvolver conteúdo online, além de canais de atendimento ao cliente funcionando a todo vapor para driblar os desafios de um volume inimaginável de vendas pelo e-commerce.
Migração no franchising + Escola de Empreendedores
A mudança foi radical em processos, tecnologia e alocação de recursos humanos. “A adaptação foi difícil, mas a cultura jovem da empresa ajudou bastante. Se fôssemos conservadores na digitalização do negócio, teríamos sofrido muito”, diz Jonathan Benitez, CEO da Cellairis Brasil, máster franqueado da marca que tem sede em Atlanta (EUA).
Segundo ele, a performance da empresa na pandemia atraiu empreendedores de franquias de segmentos que não estão indo bem e que vão demorar a se reerguer, ao passo que tecnologia e produtos de home office continuarão em alta por muito tempo. O faturamento com as capas Rapture, por exemplo, carro-chefe da marca (com proteção dupla para quedas e choques), aumentou 23%; o serviço de assistência técnica para celulares cresceu 38%; e a participação de itens para casa conectada e gamers no total de vendas subiu sensivelmente em 2020.
Investimento na prata da casa
A Escola de Empreendedores da Cellairis Brasil também foi uma tacada de mestre em 2020 e trouxe oito novos franqueados para a marca. O programa de capacitação de funcionários inclui aulas em gestão de pessoas, gestão comercial e financeira, por exemplo, com passagem por todas as áreas da organização, conduzidos pelos respectivos gestores.
A 2ª turma da Escola, cuja formação acontece de fevereiro a dezembro de 2021, tem outros 17 colaboradores, escolhidos por serem referência em resultados, entendimento da filosofia e qualidades de relacionamento interpessoal. A empresa é a primeira fiadora desses franqueados, com um empréstimo que acelera a compra da franquia e ajuda o profissional a alcançar o sonho do negócio próprio. Benitez afirma que o objetivo é ter 30% da base de franqueados formados em ‘casa”.
Microfranquias: tendência em alta
Seguindo uma tendência forte do mercado, o CEO também prepara para 2021 o lançamento de uma rede de microfranquias no mesmo segmento de produtos para tecnologia mobile, mas com investimento inicial abaixo de R$ 70 mil. A abertura de uma franquia da Cellairis Brasil custa entre R$ 150 mil e R$ 200 mil. Vale ressaltar que 40% das páginas mais visitadas do Portal do Franchising, referência no setor, são sobre microfranquias e, historicamente, 80% do público que busca uma franquia declara que tem até R$ 100 mil para investir.