Uma pesquisa de Food Service realizada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), em parceria com a consultoria Galunion, aponta que, em agosto, o delivery dobrou sua participação no faturamento das redes entrevistadas, passando de 18% para 36%. Também cresceu a captura mista de pedidos (uso de canais próprios e marketplaces), que saltou de 45% (antes da pandemia) para 73%. Outros movimentos importantes detectados foram a criação de novos canais/formas de venda, incluindo as cozinhas virtuais (dark kitchens), ajustes no cardápio/oferta de produtos e a digitalização nas interações com o consumidor. A pesquisa teve a participação de 85 marcas, representando R$ 20,6 bilhões e cerca de 15 mil unidades em todo o País.
O delivery foi alternativa de muitos restaurantes para manter o faturamento durante a pandemia. Mas, apesar do fechamento de algumas unidades, outras oportunidades de negócios surgiram derivadas da entrega dos pedidos em casa. É o caso da rede de franquias Água Doce Sabores do Brasil, que enxergou no estoque de bebidas das unidades uma utilidade para faturar, além da venda de pratos. Para o diretor de franquias da rede, Julio Bertolucci, o chamado delivery de bebidas incrementou em 40% o faturamento das 80 unidades da marca.
“Em parceria com os nossos fornecedores conseguimos articular preços competitivos no mercado e passamos a ser mini distribuidores locais de bebidas. O sucesso se deu porque, além de promover valores que competem com outros estabelecimentos, oferecemos drinks que colaboram para a experiência de consumo dos clientes”, comenta Julio.
Na rede Divino Fogão não foi diferente. Com todas as unidades localizadas dentro de shopping centers, o delivery – que antes era um agregador – se tornou uma parte importante para as unidades. São mais de 170 unidades espalhadas pelo Brasil e as entregas em domicílio cresceram de 600% durante a pandemia. A procura pelo serviço permitiu que a franquia visualizasse uma oportunidade de negócio para ampliar o acesso dos consumidores aos pratos que são referência dentro do Divino Fogão. Com foco total no delivery, a rede lançou o projeto de Dark Kitchen, cozinhas invisíveis que atuam como parceiros na preparação e entrega dos produtos.
“A pandemia permitiu enxergar um gargalo que antes não era possível. Com o projeto, buscaremos parceiros com experiência em alimentação, como hotéis e lanchonetes, que tenham espaço físico e tempo ocioso das cozinhas para se dedicarem à produção de pratos exclusivos do Divino Fogão para delivery. Isto irá permitir a ampliação do raio de alcance das entregas, além de contribuir para que o licenciado rentabilize seu negócio, especialmente neste momento em que se ensaia uma retomada da economia. Até o final de 2021, a nossa expectativa é chegar a 600 cozinhas”, comenta Reinaldo Varela, fundador da rede conhecida pela comida típica de fazenda.
O Mr. Cheney, rede de cookies tipicamente americanos, possui cerca de 95% de suas operações em shoppings. Com a obrigatoriedade do isolamento social, a rede teve que acelerar o projeto do primeiro e-commerce da marca e da plataforma própria de delivery. “Da noite para o dia, o faturamento das 75 unidades caiu drasticamente por conta do fechamento dos shoppings. O delivery foi a única saída para muitos franqueados. Estávamos estruturando a loja on-line desde 2019, mas a pandemia acelerou a nossa estratégia”, explica Lindolfo Paiva, sócio fundador do Mr. Cheney. Ainda segundo Paiva, no ano passado, a média de participação das vendas on-line da rede era de 5% e, com o atual cenário, passou a ser de 26% no último trimestre, o que representa um crescimento de 422%. “Tivemos que nos adaptar de uma forma rápida, justamente para minimizar os impactos do outro lado da ponta. Como a digitalização já era uma realidade para nós, só apertamos o start e oferecemos os devidos treinamentos aos lojistas. A evolução foi muito positiva e os nossos clientes receptivos com a novidade”, explica o executivo da rede que conta com um aplicativo próprio de entregas.