O Brasil é o segundo maior país no segmento de academias. Entre opções premium e low cost, já são 33 mil estabelecimentos por aqui. Esses dados por si só já serviriam para animar o investidor ou empresário do ramo, mas, observando com mais atenção, pode-se ver que este mercado tem vivido uma contradição. Enquanto de um lado academias de baixo custo (conhecidas como low cost) surgem a cada esquina – em função do preço convidativo aliado à infraestrutura de qualidade -, as que seguem o modelo mais tradicional têm encontrado dificuldades para manter suas portas abertas.
Há cerca de quinze anos, existiam dois tipos de academia: as “supercaras” e as “bem baratinhas”. As primeiras, com equipamentos de última geração, instrutores bem treinados, infraestrutura de ponta e uma grade com uma porção de modalidades. Já a segunda, com aparelhos antigos, poucas opções de aulas e infraestrutura muitas vezes precária.
Mas hoje, não há mais espaço para nenhuma delas no mercado fitness brasileiro. Pelo menos esta é a movimentação que o empresário Emanuel Mota, 48 anos, tem percebido nesse setor. “Com a chegada das redes low costs, inspiradas nos modelos internacionais, as pessoas começaram a perceber que não é preciso gastar tanto para ter acesso a uma academia de qualidade. Da mesma forma, quem costumava frequentar as mais ‘baratinhas’, viu que seria possível ter acesso a mais benefícios com um investimento similar”, explica o administrador de empresas.
E foi assim que redes como a Bluefit, que surgiu em 2015 e hoje já é a segunda maior do país, caíram nas graças do brasileiro. “E não se trata apenas de preço”, argumenta Emanuel, “essas academias entregam um ambiente moderno, agradável, diversidade de modalidades e grande comodidade, seja na forma de pagamento ou na localização”, diz. E o brasiliense fala por experiência própria: durante anos comandou uma rede de academias de alto nível.
Sempre atento aos movimentos do mercado, Emanuel questionava com frequência se seu modelo de negócio era o mais adequado, se o produto que entregava era realmente o que os clientes queriam. O faturamento que tinha era razoável, mas quando percebeu a chegada de um padrão mais moderno de academias, apostou no que chamou de “modelo do futuro”. “Procurei entre as redes mais populares uma que tivesse a opção de franquias. Abri a primeira unidade em março de 2018 e, de lá para cá, já são cinco estabelecimentos – três em Brasília e dois e Fortaleza”, conta o empresário, que viu seu faturamento aumentar cerca de 65% após tornar-se um franqueado da rede Bluefit. O brasiliense fez essa escolha observando um conceito, também de fora, conhecido como HVLP – High Value Low Price, que traduzido significa Alto Valor, Preço Baixo.
Hoje com o total de 13.500 alunos ativos, Emanuel percebe que não só tem uma margem maior de lucratividade, como também reduziu os custos operacionais. “Antes eu tinha que trabalhar com planos mensais, semestrais e anuais, dependendo da atividade escolhida. Recebia pagamentos por cheque ou cartão de crédito, tinha que investir em uma equipe de telemarketing para cobrança e monitoramento de contratos a vencer. Hoje, com a nova bandeira, só temos disponível uma forma de pagamento e dois tipos de planos. Isso significa menos gasto de dinheiro e de energia na gestão do negócio”.
Sobre a recuperação do investimento, ele conta que em uma perspectiva muito conservadora, o prazo é de três a quatro anos, em média. Tempo em que prevê uma popularização ainda maior desse modelo. “Nos próximos anos, o mercado de academias tradicionais certamente passará por dificuldades, pois com as low costs, dificilmente o setor voltará a ser como era antes. Há um oceano azul para os investidores deste padrão, que só cresce”, finaliza.