Muita gente chega aos 18 anos e entra para a faculdade já certa de que o curso estudado será a carreira a ser seguida para o resto da vida. Mas, devido às “condições” do Brasil, essa realidade passa por certas distorções. Para garantir uma boa fonte de renda, há quem abandone a área de atuação, ou então, opte por conciliar o que ama fazer com algo que gere lucro extra. No segundo caso, o jeitinho brasileiro que conta com um toque de empreendedorismo vem à tona, o que leva muita gente a investir no próprio negócio.
Amanda Moreira da Costa Pereira, 35 anos, moradora do Rio de Janeiro (RJ) é engenheira civil, pós-graduada em projetos, e com MBA em negócios imobiliários e de construção civil. Apesar de trabalhar desde os 18 anos no segmento de formação, há um ano e dois meses, resolveu abrir sua empresa para complementar a renda.
De acordo com ela, no estado, o mercado de construção e engenharia está praticamente parado. “Devido a crise econômica há cortes de programas do governo, e por causa da Operação Lava Jato, muitas construtoras investigadas não podem participar de licitações públicas. As contratações de serviços continuam passando por um período meio complicado por aqui”, revela sua visão sobre o cenário.
Apaixonada por viagens, afinidade que é movida inclusive pelo trabalho, a jovem não demorou muito até encontrar o que precisava para ganhar aquele dinheirinho a mais: o turismo. Por isso, investiu na Encontre Sua Viagem – rede de franquias especializada em serviços de turismo e escolheu a cidade de Resende como campo de atuação. “Foi a estratégia perfeita para mim. Mexo com algo que gosto e completo o orçamento familiar”, disse.
A empreendedora divide a operação com a amiga de longa data, Karla Reblin de Freitas, 45 anos, arquiteta de formação e gestora de recursos humanos. Freitas relata que topou de imediato a oferta por passar pelo mesmo problema de Amanda: crise no ramo. E a sociedade veio a calhar já que Karla – até então – trabalhava como gerente de RH de uma construtora e possuía muitos contatos. O que mais tarde se sucedeu em clientes para a unidade.
As empresárias conduzem a operação no formato home office, o que proporciona a ambas, flexibilidade de horários. Amanda continua trabalhando em uma construtora no setor de suprimentos, cumpre horário comercial. Por esse motivo, usa as horas vagas para atender as demandas da agência. Antes do trabalho, durante o almoço e após o expediente, ela está lá, realizando suas atividades comerciais.
Karla saiu do antigo emprego, devido a tal precariedade – a construtora já não possuía mais obras para gerenciar – mas já encontrou outras rendas, que exigem menos rotina. Dessa forma, ela consegue dedicar mais tempo ao negócio que exige de sua parte, cuidados administrativos. “Nós temos uma boa comunicação e parceria, o que nos permite oferecer um trabalho diferenciado aos nossos clientes. Apesar de termos outras atividades, proporcionamos suporte full-time ao consumidor. E acredite, faz diferença. A todo o momento eles nos enviam dúvidas, pedem orientação, solicitam orçamentos, e pedem recomendações sobre opções viáveis dentro da necessidade deles”, fala.
Amanda dá mais detalhes… “Nosso concorrente principal é a compra pela internet. Por isso, também investimos no diferencial do pós-venda. Temos o cuidado de oferecer um tratamento personalizado. Durante todo o processo de orçamento, reserva e emissão, explicamos os produtos, encaminhamos links dos hotéis, explicamos o produto ofertado. Também, esclarecemos questões sobre vistos, vacinas, os seguros viagens e de carros; informamos sobre as diferentes tarifas reembolsáveis e não reembolsáveis. Somos transparentes! Sinceras! Pensamos principalmente no custo-benefício buscado por cada cliente”, revelou.
Tamanho esforço garante um faturamento mensal de R$70 mil às empresárias. A demasiada busca por serviços de turismo da população local também contribui. “Por aqui as pessoas continuam viajando. Mudaram um pouco o destino, buscam mais economia, alternativas, mas não deixaram de viajar nas férias e feriados. Buscam preços diferenciados e nós ajudamos a encontrá-los. Na sua maioria não topam ainda pagar mais caro para ter um agente o auxiliando. Usam a gente para achar uma boa opção de viagem, dentro do orçamento”, explicou.
A unidade garantiu no primeiro trimestre de 2017 mais de R$300 mil em faturamento. E com os saldos positivos, faz planos para o futuro. “Pretendemos aumentar a abrangência de nossos clientes, buscando novos contatos com amigos de amigos e empresas. A meta de 2017 é faturar o dobro do conquistado mensalmente em 2016”, finalizou.