Um anúncio no jornal, em 1998, chamou a atenção de Vinicius Almeida, na época com 20 anos. A oportunidade de trabalhar com venda de cursos de inglês despertou nele a aptidão para a área comercial. Meses depois, o jovem seria contratado para gerenciar uma equipe de vendas em outra escola de informática e cursos profissionalizantes. Ao montar um time de vendedores, Vinicius entrevistou Alexandre Loudrade. O que os dois não sabiam era que, 10 anos depois, se tornariam sócios em um negócio que hoje fatura R$ 40 milhões.
Mas até se reencontrarem, ambos passariam por apuros. O sucesso de vendas dos cursos fez com que os donos da escola optassem por demitir o time inteiro, confiantes de que uma equipe comercial não era necessária. Enquanto Loudrade resolveu trilhar outro caminho e abriu uma distribuidora de geleias, Almeida continuou no mercado de cursos. Até que em 2007, montou duas escolas, mas os negócios não decolaram.
“Toda vez que você se perder na vida, volte para o seu início que você se achará novamente”, reflete o empreendedor. Foi o que ele fez: após uma temporada em Barra Mansa (RJ), Almeida resolveu voltar para São José dos Campos (SP). No início de 2008, reencontrou Loudrade, que o convidou a estruturar uma escola de cursos em Taubaté, no andar de baixo do sobrado – em cima, Loudrade dormia com a esposa e havia outro quarto disponível para Almeida.
Com R$ 3 mil emprestados pela mãe de Loudrade, móveis usados e computadores alugados, os dois inauguraram a Futura Treinamentos, que depois passaria a se chamar Evolute Cursos Profissionalizantes. Ao mesmo tempo em que tocava o empreendimento, a dupla complementava a renda nos finais de semana com serviços de captação de alunos para os concorrentes. Numa dessas ocasiões, conta Almeida, ele trocou um carro recém-comprado por sete computadores. “Como não tínhamos capital, alugamos uma pequena sala comercial em Pindamonhangaba (SP) e instalamos lá a segunda unidade da escola”, relembra. Aos poucos, o negócio ganhou tração e novas unidades foram abertas em outras cidades do Vale do Paraíba, no estado de São Paulo. “Começamos a fazer barulho na região”, conta.
Em 2012, os empreendedores optaram por franquear o negócio, mas em dois formatos: a Pop Idiomas Interativos, escola que oferecia um método interativo de ensino de inglês, e a Evolute, de cursos profissionalizantes. “No ano passado, resolvemos absorver o método da Pop para a Evolute”, explica Almeida.
Atualmente, a rede conta com 12 unidades próprias, 78 franquias e prevê faturar R$ 47 milhões neste ano – em 2016, o faturamento chegou a R$ 32,4 milhões. O investimento inicial varia de R$ 42 mil a R$ 90 mil, incluindo capital de giro, taxa de instalação e taxa de franquia – que muda conforme a localidade. Em cidades com até 30 mil habitantes, a taxa de franquia sai por R$ 10 mil, enquanto em cidades maiores (acima de 400 mil habitantes), o valor sobe para R$ 25 mil, por exemplo. O prazo de retorno do investimento vai de 10 a 18 meses, com faturamento médio mensal de R$ 35 mil.
Diversificação dos negócios
A expansão não se daria apenas no ramo educacional. No retorno de uma viagem, em 2013, o motor do carro de Loudrade fundiu por falta de troca de óleo e filtro. O problema funcionou como inspiração para que a dupla montasse a Doutor Lubrifica, especializada em serviços de manutenção automotiva delivery. Após três anos de operação, a rede teve faturamento de mais de R$ 12 milhões em 2016 e projeta faturar acima de R$ 14 milhões neste ano. Com 94 unidades franqueadas, a Doutor Lubrifica tem dois modelos: delivery (home based) e loja física. No primeiro, o investimento inicial vai de R$ 57,5 mil a R$ 97,5 mil, enquanto o segundo exige aporte entre R$ 72,5 mil a R$ 117,5 mil. O faturamento médio mensal da unidade é de R$ 17 mil, com o retorno do investimento de 12 a 18 meses.
A partir da experiência com a Doutor Lubrifica, a dupla resolveu apostar em novos nichos, mas sempre buscando um sócio especialista em cada segmento – o que já havia acontecido no caso da Doutor Lubrifica, já que ambos não tinham conhecimento sobre manutenção de carros. “Sempre buscamos pessoas que têm o know-how do setor para equalizar a operação da maneira mais rápida possível e nós focamos na expansão”, conta Almeida.
Foi o que fizeram em 2016 ao estruturar a ContabExpress, em parceria com um escritório de contabilidade, e a The Voucher, rede especializada em cupons de desconto via aplicativo. Ambos os negócios podem ser tocados pelo franqueado de casa (home based), sem precisar abrir um escritório. Em um ano, a ContabExpress já tem 19 franquias e prevê faturar mais de R$ 8 milhões em 2017. O investimento inicial varia de R$ 15 mil a R$ 45 mil, com faturamento médio mensal de R$ 24 mil e prazo de retorno do investimento a partir do décimo mês. Já a The Voucher, criada em setembro de 2016, fechou o ano com faturamento de R$ 180 mil, com expectativa de triplicar neste ano. A rede demanda investimento inicial de R$ 10 mil a R$ 20 mil, com prazo de retorno de seis meses.
Hoje, o Grupo VA – holding composta pelas marcas Evolute Cursos, Doutor Lubrifica, ContabExpress e The Voucher – aposta no modelo de microfranquias para continuar crescendo. “Sempre tivemos interesse em democratizar o empreendedorismo. Isso significa diminuir o preço para quem quer começar e reduzir o risco, a partir de franquias que não exigem custos fixos e as pessoas podem trabalhar de casa”, explica Almeida.
A holding terminou 2016 com quase 200 unidades em operação, considerando todas as redes, e planeja ultrapassar a marca de 400 até o fim deste ano, com presença em todos os estados brasileiros. Para quem deseja ser um franqueado de uma das marcas, bastam veia de empreendedor e afinidade com a área de atuação de determinada franquia. Como apoio aos franqueados, o Grupo VA investe em treinamentos, divididos em três módulos: administrativo, comercial e operacional, sendo o comercial o foco principal, segundo Almeida. “O grupo treina os franqueados para realizarem uma captação ativa de clientes, o que garante ainda mais a rentabilidade do negócio”, pontua.