Após registrar quedas em janeiro e fevereiro, o Índice de Expansão do Comércio (IEC) voltou a crescer em março, ao passar dos 78,4 pontos para 81,5 pontos no mês, alta de 4% na comparação com fevereiro. A pesquisa é realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
O dado demonstra que com inflação e juros em queda, as expectativas positivas começam a se materializar e os empresários se sentem mais confiantes para expandir seus negócios. Com relação a março de 2016, o crescimento do IEC é ainda maior (23,2%), quando o indicador registrava 66,2 pontos. Apesar da recuperação, o indicador se mantém há 26 meses consecutivos abaixo dos 100 pontos, o que significa pouca disposição dos empresários para expandir seus negócios.
Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, as quedas registradas nos primeiros meses do ano são em parte motivadas pelo fator sazonal, mas também pela crise prolongada e pela ansiedade por números positivos, que demoraram a aparecer. As reformas e ajustes em curso, em especial o projeto de privatizações e concessões, de acordo com a Entidade, podem gerar um ambiente mais propício para o efetivo crescimento dos investimentos, ao menos no médio prazo.
O bom desempenho no mês foi motivado pelo crescimento da Expectativa para Contratação de Funcionários, que alcançou os 100 pontos – único item que se encontra acima da faixa de pessimismo -, alta de 5,4% em relação a fevereiro. Na comparação com março de 2016, quando o item registrou 73,7 pontos, a elevação foi de 35,7%. O Nível de Investimento das Empresas também cresceu (1,7%), passando dos 62 pontos em fevereiro para 63,1 pontos no mês. No contraponto anual, a alta foi de 7,4%.
Para a Entidade, ao longo de 2016 houve um crescimento maior da propensão a contratar do que a investir, pelo fato de que em termos de capital físico as empresas do comércio varejista ainda não pensam em expansão. Por outro lado, os dados mais recentes do Caged sobre emprego mostram que no varejo, de julho a dezembro houve contratações líquidas após um longo período de demissões no setor. Esse padrão confirma a hipótese da FecomercioSP de que, antes de retomar projetos de ampliação e modernização das empresas, os empresários vão aguardar um pouco mais, para se certificarem que estão pisando em terra firme. Enquanto isso, podem ampliar as vendas e avançar nos negócios apenas contratando um pouco mais.
Todo início de ano é um momento de esvaziamento do fluxo de consumidores nos grandes centros, pondera a Federação, que leva a queda na confiança e na intenção de investir. A recuperação do fôlego e do ritmo do varejo normalmente começa a ocorrer após o Carnaval, e é identificado nas pesquisas de abril ou maio. Porém, neste ano as respostas começaram a vir mais cedo e a Federação afirma que existem alguns dados adicionais que completam essa visão um pouco mais positiva para o início de 2017, como o desempenho do setor externo, os gastos dos turistas brasileiros no exterior, a alta dos preços das commodities, além dos dados da indústria, inflação, juros e setor agrícola. Conforme antecipado pela FecomercioSP, é provável que todos os indicadores de confiança voltem a crescer ainda mais já no segundo trimestre do ano.
Nota metodológica
O Índice de Expansão do Comércio da região metropolitana de São Paulo é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde junho de 2011, com dados de cerca de 600 empresários. O indicador vai de zero a 200 pontos, representando, respectivamente, desinteresse e interesse absolutos em expansão de seus negócios. A análise dos dados identifica a perspectiva dos empresários do comércio em relação a contratações, compra de máquinas ou equipamentos e abertura de novas lojas.