Após um alento no Natal, com ligeira queda dos estoques, o primeiro trimestre de 2017 não foi um bom momento para fazer ajuste dos produtos em excesso nas prateleiras. Em março, o Índice de Estoques (IE) atingiu 98,9 pontos, altas de 1,4% na comparação com fevereiro e 4,5% em relação ao mesmo mês de 2016. O crescimento do indicador no mês foi motivado pela queda de 0,7 ponto porcentual (p.p.) na parcela de empresários que afirmaram estar com estoques abaixo do ideal que passou de 14,4% em fevereiro para 13,7% em março.
Já a proporção de empresários que afirmaram estar com estoques acima do adequado registrou leve alta de 0,2 p.p. ao passar de 36,5% em fevereiro para 36,7% em março. Adicionalmente, 49,3% dos varejistas declararam ter o nível adequado de estoques, alta de 0,7 p.p. em relação ao mês anterior, mas muito abaixo do registrado em 2015, quando essa parcela rondava os 60%.
Os dados são do Índice de Estoques (IE) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), que capta a percepção dos comerciantes sobre o volume de mercadorias estocadas nas lojas, e varia de zero (inadequação total) a 200 pontos (adequação total). A marca dos cem pontos é o limite entre inadequação e adequação.
De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, os diferenciais entre estoques acima e abaixo voltaram a subir um pouco pelo segundo mês consecutivo e a proporção de empresários com excesso de produtos nas prateleiras tem se mantido acima do esperado, após um curto período de uma trajetória de queda muito gradual destes números. A Entidade esperava que os dados posteriores ao Natal fossem apenas um retrato do mau momento, mas que com as promoções de vendas no primeiro trimestre e com a provável retomada gradativa da atividade, o excesso de estocagem fosse se ajustando. Porém, isso ainda não está ocorrendo, e a expectativa é de que os empresários esperem um pouco antes de aderirem ao momento de maior otimismo no quesito encomendas, até resolverem seus problemas de giro de mercadorias. Para aqueles que estão em ramos sazonais (moda e vestuário, por exemplo), a Federação recomenda fazer novas encomendas aos poucos, e ao mesmo tempo acelerar as promoções agora, próximo do final da estação de calor e férias. No restante, a FecomercioSP pondera que é necessário acompanhar o desempenho de perto, sabendo que há um clima mais positivo para a economia, mas sem exagero no entusiasmo ainda.
Para a Federação, ainda existe uma forte necessidade de equilíbrio e mesmo após mais de dois anos de recessão, empresários e analistas precisam conter a ansiedade em ver os resultados, que virão, mas certamente muito mais lentamente do que todos gostariam. Esse é o caso do ajuste de estoques, que continua a se manter muito elevado para os padrões históricos do varejo paulistano. Ainda assim, a Entidade espera que esse ajuste venha ainda em 2017, mas não crê que seja um processo rápido e homogêneo, bem como a retomada da produção e do emprego. Não será possível, segundo a Federação, um ajuste de estoques muito rápido para segmentos dependentes de crédito, mas para vestuário e calçados, além de alguns eletroeletrônicos mais simples e baratos, pode ser que o efeito seja mais rápido.
Nota metodológica
O Índice de Estoques é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde junho de 2011, com informações de cerca de 600 empresários do comércio nos municípios que compõem a região metropolitana de São Paulo. O indicador vai de zero a 200 pontos, representando, respectivamente, inadequação total e adequação total. Em análise interna dos números do índice, é possível identificar a percepção dos pesquisados relacionada à inadequação de estoques para “acima” – quando há a sensação de excesso de mercadorias – e para “abaixo”, em casos de os empresários avaliarem a falta de itens disponíveis para suprir a demanda a curto prazo.
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