Intenção de financiamento das famílias cai 8,5% em julho

Após registrar aumento em junho, o Índice de Intenção de Financiamento voltou a recuar em julho e atingiu 14,7 pontos, queda de 8,5% na comparação mensal. Em relação ao mesmo mês de 2015, quando o indicador registrou 18,3 pontos, o recuo foi de 19,5%, o que evidencia o comportamento conservador na demanda por crédito e mostra que apenas 6,8% dos consumidores entrevistados estão dispostos a tomar empréstimos neste momento de crise.

Os dados são da Pesquisa de Risco e Intenção de Endividamento (PRIE), elaborada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

O Índice de Segurança de Crédito, que mede a capacidade do consumidor de pagar dívidas, apresentou queda de 6,4% em julho na comparação com junho e atingiu 79,7 pontos. Já no comparativo anual mostrou recuo menor de 3,4%. Entre os endividados, o índice teve retração mensal de 7,8%, enquanto, entre os não endividados, registrou queda de 2,9%.

De acordo com a FecomercioSP, ainda existe o risco de aumento da inadimplência caso o desemprego suba ainda mais neste ano. Toda estratégia de controle de gastos e corte de despesas tem limites, e as famílias podem estar chegando próximo de atingi-lo. A situação não é mais grave porque o brasileiro é relativamente avesso à tomada de empréstimos, seja por pessoa física ou jurídica, quando comparado a outras nacionalidades.

Em partes isso é cultural, mas em grande medida decorre de outros problemas, como taxas de juros exorbitantes, inflação alta e com histórico muito complicado no passado e patamar de renda média ainda reduzida no lado da pessoa física. Para pessoas jurídicas pesa a incerteza das garantias legais de quem empresta, o que eleva ainda mais a já altíssima taxa de juros.

Aplicações
A poupança continua sendo a aplicação preferida dos paulistanos, mas tem perdido espaço para a renda fixa, por conta da inflação e da Selic elevadas. Em julho, 62,9% das famílias tinham na poupança o principal destino dos seus recursos. Em julho de 2015, a proporção era de 69,4%. Segundo a Federação, a renda fixa e a previdência privada avançam, como era de se esperar diante de juros nominais de 14,25% e do envelhecimento da população.

A proporção de investidores cuja principal aplicação é a renda fixa atingiu 20,4%, ante 16,4% no mesmo mês de 2015. No caso da previdência privada, a parcela passou de 6,2% para 8,4% no mesmo período.

Para a FecomercioSP, os juros altos dos últimos meses fizeram com que uma parte dos poupadores optasse por aplicações mais rentáveis e tão seguras quanto a poupança – renda fixa, principalmente.

No futuro próximo, a Entidade pondera que a tendência é de que os juros básicos sejam reduzidos e é possível que os poupadores voltem a apostar na segurança da caderneta. Por outro lado, muitos aplicadores tendem a ser resistentes a mudar de aplicação no curto prazo, o que deve manter o atual quadro com alterações apenas leves nos próximos meses.

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