Em maio, o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) apresentou queda de 4,7% em comparação com o mês anterior e registrou 63,5 pontos, ante os 66,7 observados em abril – menor resultado desde o início da série histórica em 2010. No comparativo com o mesmo período do ano passado, quando marcou 89,9 pontos, o índice caiu 29,4%.
O ICF é apurado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e varia de zero a 200 pontos, sendo que abaixo de 100 pontos significa insatisfação e acima de 100, satisfação em relação às condições de consumo.
Os sete itens que compõem o indicador apresentaram retração no comparativo mensal. Renda atual foi o que teve a maior queda no mês (-9,6%) e atingiu 73 pontos, o menor nível para o item na série histórica. O item nível de consumo atual também registrou seu pior resultado desde 2010, com recuo de 8,7% ao atingir 35,2 pontos, o que significa que 71% das famílias paulistanas estão comprando menos neste momento em comparação com o mesmo período do ano passado. E as expectativas em curto prazo também não são boas, já que o item perspectiva de consumo caiu 3,2% e atingiu 48,5 pontos em maio.
Para a FecomercioSP, as causas deste movimento de retração no nível de consumo estão ligadas ao impacto da inflação sobre a renda familiar, principalmente quando se observa que o grupo de maior gasto do orçamento é o de alimentos, que acumula alta, em 12 meses até abril, de 12,1%. Com o poder de compra afetado, as famílias continuam restringindo o seu consumo.
Outro ponto que afeta o consumo e o orçamento é a dificuldade de obter financiamentos. O item acesso a crédito teve queda mensal de 4,7% e registrou 64,5 pontos, o menor nível histórico para o componente. De acordo com os dados da pesquisa, 55% dos entrevistados responderam que está mais difícil conseguir empréstimo para compras a prazo, comparando com o ano anterior.
Já os itens emprego atual e perspectiva profissional continuam a revelar a insatisfação do paulistano com a situação do mercado de trabalho, uma vez que ambos ficaram abaixo dos 100 pontos (87,4 e 96,2 pontos, respectivamente).
A assessoria econômica da Federação reforça que os paulistanos estão cada vez mais inseguros quanto às suas atuais posições no mercado de trabalho. Ainda segundo a Entidade, a projeção para o futuro está de acordo com a sensação da maioria dos paulistanos, de que não haverá melhora profissional nos próximos seis meses. Na visão da FecomercioSP, os problemas estruturais do Brasil ainda são graves e a trajetória no nível de satisfação só começará a mudar quando emprego e renda apresentarem melhoras concretas.
Metodologia
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é apurado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) desde janeiro de 2010, com dados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O ICF é composto por sete itens: emprego atual; perspectiva profissional; renda atual; acesso ao crédito; nível de consumo atual; perspectiva de consumo e momento para duráveis. O índice vai de zero a 200 pontos, no qual abaixo de 100 pontos é considerado insatisfatório e acima de 100 pontos, satisfatório. O objetivo da pesquisa é ser um indicador antecedente de vendas do comércio, transformando-se, com base no ponto de vista dos consumidores e não no uso de modelos econométricos, em uma ferramenta poderosa para o varejo, fabricantes, consultorias e instituições financeiras.
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