O comércio varejista do Estado de São Paulo manteve no início de 2016 o fraco desempenho registrado em 2015 e, em janeiro, registrou faturamento real de R$ 44,1 bilhões, queda de 4,7% com relação ao mesmo mês de 2015, quando faturou R$ 46,3 bilhões. Esse é o menor movimento de vendas do varejo paulista para o mês de janeiro desde 2010.
Os dados são da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com base em informações da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP).
Entre as 16 regiões analisadas pela Federação, apenas as do Litoral paulista (8,3%) e de Marília (1,3%) registraram crescimento em janeiro na comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto as demais apresentaram recuo das vendas do varejo, sendo a região de Osasco (-12,6%) a que registrou o pior desempenho estadual.
Das nove atividades analisadas no estado, sete apresentaram queda das vendas em janeiro, com destaques para: materiais de construção (-20,6%), concessionárias de veículos (-16,4%), outras atividades (-11%) e lojas de eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamento (-9,7%). Juntos, os quatro segmentos contribuíram, negativamente, com sete pontos percentuais para a queda do varejo total no Estado. Entretanto, os setores de farmácias e perfumarias (8,1%) e supermercados (6,1%) foram os únicos que apresentaram resultados positivos no período e colaboraram 2,4 p.p. para amenizar a queda do varejo.
Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, houve neste início de ano piora no quadro econômico, com inflação alta, desaceleração acentuada nas vendas, alta de juros e piora nos indicadores de emprego e renda acompanhada pela elevação do endividamento e da inadimplência. Além disso, houve agravamento da crise política, que inviabiliza a discussão e a adoção de medidas que possam tirar o país de uma das crises mais graves de sua história.
Expectativa
De acordo com a FecomercioSP, diante das incertezas econômicas e políticas, tudo indica que o varejo, ao menos no primeiro semestre do ano, prosseguirá sentindo os impactos negativos do baixo grau de confiança dos consumidores e empresários em geral. Com isso, as estimativas apontam para uma queda acumulada ao redor de 6% nesses primeiros seis meses de 2016.
A Entidade pondera ainda que o mais preocupante na crise política atual é a demora em se avançar em medidas que possibilitem a retomada do crescimento Afinal, quanto maior for o prazo para resolução dos impasses atuais, mais graves se tornarão os problemas econômicos internos.
Varejo paulistano
O varejo da capital paulista registrou queda de 2,1% em janeiro, na comparação com o mesmo mês de 2015 e fechou o mês com faturamento real de R$ 13,5 bilhões. Apesar da retração da capital ser menos acentuada do que a registrada no Estado, ela representa redução de mais de R$ 300 milhões em relação às vendas de janeiro de 2015.
Das nove atividades analisadas, cinco registraram queda na comparação com o mesmo mês do ano passado, sendo que três mostraram recuo de dois dígitos: lojas de materiais de construção (-20,9%); seguidas por outras atividades (onde há predominância do comércio de combustíveis) com -18%; e pelas concessionárias de veículos (-12,5%). Juntas, as quedas contribuíram negativamente com 6,9 p.p. para o recuo do índice geral.
Por outro lado, o segmento de lojas de vestuário, tecidos e calçados cresceu surpreendentes 32,5% ante janeiro de 2015. Apesar de expressiva, segundo a Federação, a elevação da atividade se deve à redução de 26,8% nas vendas registradas em janeiro do ano passado, ou seja, diante da base de comparação muito fraca, a elevação foi maior. As outras atividades que apresentaram crescimento em janeiro foram farmácias e perfumarias (9,4%), supermercados (5,5%) e lojas de eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamento (0,2%). Em conjunto, esses quatro segmentos contribuíram positivamente com 5,1 pontos percentuais para atenuar a queda geral do varejo.
De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, apesar da queda no faturamento em janeiro, a análise dos números da capital paulista mostra um cenário mais ameno do que na maioria das regiões do Estado, com atividades registrando desempenhos melhores ou quedas menos agudas. As expectativas para o varejo paulistano, entretanto, não fogem daquelas traçadas para o varejo estadual e nacional em 2016, já que a retomada das vendas depende da resolução das incertezas políticas que hoje paralisam País.
Nota metodológica
A Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV) utiliza dados da receita mensal informados pelas empresas varejistas ao governo paulista por meio de um convênio de cooperação técnica firmado entre a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
As informações, segmentadas em 16 Delegacias Regionais Tributárias da Secretaria, englobam todos os municípios paulistas e nove setores (autopeças e acessórios; concessionárias de veículos; farmácias e perfumarias; lojas de eletrodomésticos e eletrônicos e lojas de departamentos; lojas de móveis e decoração; lojas de vestuário, tecidos e calçados; materiais de construção; supermercados; e outras atividades).
Os dados brutos são tratados tecnicamente de forma a se apurar o valor real das vendas em cada atividade e o seu volume total em cada região. Após a consolidação dessas informações, são obtidos os resultados de desempenho de todo o Estado.
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