Em mais um mês de desempenho sofrível, o faturamento real (já descontada a inflação) das micro e pequenas empresas (MPEs) do Estado de São Paulo caiu 20,3% em janeiro, na comparação com o mesmo mês de 2015, segundo a pesquisa Indicadores Sebrae-SP. Foi a 13ª queda consecutiva de receita das MPEs na comparação do mês com igual mês do ano anterior e o pior resultado das MPEs quanto ao faturamento (em índice) para um mês de janeiro desde que o levantamento começou a ser realizado, em 1998. A receita total das MPEs ficou em R$ 40,4 bilhões no primeiro mês deste ano.
Por setores, os resultados para o faturamento, no período, foram de queda generalizada: a indústria teve queda de 20,7%, o comércio registrou retração de 15,5% e os serviços amargaram um tombo de 25,5% na receita. No caso das MPEs da indústria, foi o menor nível de receita (em índice) de toda a série histórica. Quanto aos serviços, no confronto do mês com o mesmo mês do ano anterior, as MPEs registraram o maior porcentual de queda para janeiro de toda a série da pesquisa. A queda na receita só foi mais acentuada em maio de 2002, que ficou em -29% em relação a maio de 2001.
A receita dos pequenos negócios foi mais uma vez fortemente impactada pela queda no consumo e no investimento, consequência da perda do poder de compra das famílias, aumento dos juros e baixa confiança das famílias e dos empresários.
O desempenho fraco da economia não poupou nenhuma região do Estado. No município de São Paulo, o faturamento das MPEs caiu 20,4% em janeiro de 2016 ante igual mês de 2015. No mesmo período, as quedas foram de 22,3% na Região Metropolitana de São Paulo, de 20,5% no Grande ABC e de 18,4% no interior.
“Os pequenos negócios e microempreendedores individuais estão agonizantes. Mais de um ano no vermelho. Além de perder quase R$ 11 bilhões de receita em janeiro, já não conseguem mais segurar o nível de emprego e de renda dos trabalhadores”, afirma o presidente do Sebrae-SP, Paulo Skaf. “A situação atingiu tal estado de deterioração que, neste momento, a perspectiva de retomada de crescimento está cada vez mais distante. É preciso rapidamente mudar as circunstâncias que vem afetando seriamente o cenário macroeconômico. O Brasil não pode esperar”, completa.
O total de pessoal ocupado nas MPEs caiu 1,9% em janeiro deste ano ante o mesmo mês do ano passado. No mesmo período, a folha de salários paga pelas MPEs encolheu 3,2% já descontada a inflação. Apenas o rendimento real dos empregados registrou aumento, de 2,6%, na mesma base de comparação.
Os Microempreendedores Individuais (MEIs) paulistas também tiveram desempenho ruim em janeiro. Na comparação com janeiro de 2015, o faturamento dos MEIs caiu 27,8%. A queda atingiu os MEIs de todos os setores. Os MEIs que atuam na indústria tiveram recuo de 28,1% na receita; os do comércio registraram queda de 31,2% e os de serviços viram seu resultado cair 24,3%.
O faturamento dos MEIs da Região Metropolitana sofreu uma diminuição de 34% e, no interior, a queda foi de 19,9%.
Expectativas
Com relação às expectativas para os próximos seis meses, os MEIs estão um pouco mais otimistas do que os donos de MPEs. Em fevereiro deste ano, a maior parte deles, ou seja, 49%, disse esperar aumento no faturamento. Em fevereiro de 2015 eram 53%. Já os proprietários de MPEs que preveem melhora são 25%, ante 24% de um ano antes.
Entre os donos de MPEs, a maioria, ou 54%, espera estabilidade no faturamento. Em fevereiro de 2015, essa era a opinião de 58%. Para 34% dos MEIs, haverá estabilidade; um ano antes eram 30%.
Quando perguntados sobre suas perspectivas para a economia, 41% dos proprietários de MPEs falam em manutenção no nível de atividade, ante 37% em fevereiro de 2015. Diminuiu a parcela dos que acreditam em piora, de 43% um ano antes para 33% em fevereiro de 2016.
Para 35% dos MEIs, a atividade econômica ficará estável nos próximos seis meses ante 17% de um ano antes. Por sua vez, 31% falam em melhora (eram 24%) e a parcela dos creem em piora caiu de 55% em fevereiro de 2015 para 29% no mesmo mês deste ano.
A pesquisa
A pesquisa Indicadores Sebrae-SP foi realizada com apoio da Fundação Seade. Foram entrevistados 1.700 proprietários de MPEs e 1.000 MEIs do Estado de São Paulo durante o mês de referência. No levantamento, as MPEs são definidas como empresas de comércio e serviços com até 49 empregados e empresas da indústria de transformação com até 99 empregados, com faturamento bruto anual até R$ 3,6 milhões. Os MEIs são definidos como os empreendedores registrados sob esta figura jurídica, conforme atividades permitidas pela Lei 128/2008. Os dados reais apresentados foram deflacionados pelo INPC-IBGE.
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