Pausa na reposição de mercadorias faz estoques permanecerem adequados para 60% dos comerciantes

Com a economia do País estagnada e as estimativas de crescimento revistas para baixo, o Índice de Estoques (IE) do comércio paulistano se manteve estável em maio – 121,1 pontos, ante os 121,3 pontos de abril – e, em relação ao mesmo período do ano passado, houve elevação de 6,4%. A proporção de empresários que consideraram seus estoques adequados permaneceu na média histórica pré-crise econômica (60%), mas na comparação com o mesmo mês de 2018, obteve alta de 3,3 pontos porcentuais, quando a porcentagem era de 56,5%.

Segundo a assessoria econômica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), essa estabilidade nos estoques significa que as vendas estão abaixo do esperado e houve pausa na reposição dos produtos, pois não foram registradas grandes movimentações na passagem dos meses.

Assim, também ocorreram poucas alterações no levantamento de comerciantes que declararam ter excesso de mercadorias – de 27,3% em abril para 27,5 em maio, diferença de 0,3 pontos porcentuais. E para os que consideram ter estoques baixos, – 0,1 ponto porcentual em relação ao mês anterior, de 11,7% em abril para os atuais 11,6%.

Os dados são levantados pela FecomercioSP e captam a percepção dos varejistas sobre o volume de mercadorias estocadas nas lojas, variando de zero (inadequação total) a 200 pontos (adequação total). A marca dos cem pontos é o limite entre inadequação e adequação.

De acordo com a Entidade, a lenta movimentação no comércio já é reflexo da queda dos indicadores de confiança. Os empresários estão mais cautelosos e atentos às articulações políticas, aguardando o andamento, seguido da aprovação, das principais reformas, o que só deve ocorrer com a normalidade das relações institucionais do setor público.

Gestão de estoques

A FecomercioSP recomenda muita atenção com a logística nesse período de espera, pois é preciso ter cuidado para não faltar produto e, ao mesmo tempo, não manter estoques elevados, visto que são mais custosos e poderão acarretar prejuízos futuros, ocasionando falta de recursos no caixa do comerciante. Além disso é importante evitar empréstimos bancários, apesar da taxa básica em 6,5% ao ano, os juros para pequenas empresas são muito mais caros, podendo chegar a 100% ao ano no caso, por exemplo, de capital de giro ou de outras fontes de financiamento não bancárias.

A Entidade sugere registrar, controlar e fiscalizar o giro de cada item disponível e se atentar ao tempo necessário para o reabastecimento, levando em conta a peculiaridade do segmento de atuação. Em lojas de roupas, observam-se as mudanças sazonais, então, o comerciante já sabe que tem um prazo para vender casacos de inverno, por exemplo. Com essa gestão, é possível visualizar melhor o mix de peças e realizar intervenções conforme as demandas do mercado, tornando o negócio mais eficiente, minimizando prejuízos e aumentando a lucratividade.

Nota metodológica

O Índice de Estoques (IE) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde junho de 2011 com dados de cerca de 600 empresários do comércio no município de São Paulo. O indicador vai de zero a 200 pontos, representando, respectivamente, inadequação total e adequação total. Em análise interna dos números do índice, é possível identificar a percepção dos pesquisados relacionada à inadequação de estoques para “acima” (quando há a sensação de excesso de mercadorias) e para “abaixo” (em casos de os empresários avaliarem falta de itens disponíveis para suprir a demanda em curto prazo). A pesquisa é referente ao município de São Paulo, mas sua base amostral reflete o cenário da região metropolitana.