Palestrantes internacionais destacam tendências durante Congresso da Abrasce

No primeiro dia do 16º Congresso Internacional de Shopping Centers, executivos da Ásia e da Europa compartilham os novos caminhos do setor

Na terça-feira (20), primeiro dia do 16º Congresso Internacional de Shopping Centers da Abrasce, executivos de companhias desenvolvedoras de shopping centers da Ásia e da Europa compartilharam o atual momento de suas operações. A tecnologia também foi pauta e empresas do segmento mostraram como a pandemia impactou a visão do mercado. O evento organizado pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) contará com mais dois dias de programação – 21 e 22 de outubro – e pela primeira vez acontece em formato 100% online. “Diante do cenário desafiador e nunca visto na história foi preciso nos adaptar. O conteúdo do congresso terá um grande impacto e mostrará como iremos atuar daqui pra frente”, disse Glauco Humai, presidente da Abrasce, durante a abertura do evento.

Tom Andrews, executivo de ativos da HongKong Land, especializada em shopping centers de luxo, abordou a importância do equilíbrio das operações de alimentos e bebidas nos empreendimentos. Atualmente, 30% das operações dos shoppings da companhia são desse segmento e, como o foco são os clientes de alta renda, a HongKong Land dá atenção especial à presença de restaurantes com estrela Michelin em seu mix. Samuel Hibel, CEO da Kardan Land China, outra importante desenvolvedora de shopping centers do mercado asiático, explicou que o segmento de alimentos e bebidas, que antes tinha 13% de participação no mix de seus empreendimentos, agora representa 20%. A estratégia contribuiu para um crescimento de 25% no tráfego dos shoppings centers da rede.

Hibel explicou a importância de oferecer visibilidade às operações de restaurantes. “É importante que esses estabelecimentos apareçam nas pequisas dos usuários de aplicativos especializados. Muitas vezes, o consumidor não está com intenção de ir a um restaurante no shopping, mas se o estabelecimento aparecer no raio de busca sugerido pelo app, ele pode mudar de ideia“, afirmou Hibel. A tecnologia também tem destaque na HongKong Land e Andrews acredita que um dos principais diferenciais da empresa é seu sistema de CRM, que, entre outras soluções, permite que o consumidor acumule pontos e os troque por experiências. “Nossos clientes querem experiências que o dinheiro não compram. Jantar em um restaurante exclusivo e caçar trufas com o chef, é um exemplo”, afirmou.

No segundo painel, os empreendedores europeus confirmaram o aumento da força das praças de alimentação. “Antigamente, as operações de restaurantes em nossos empreendimentos representavam 3%, atualmente estão entre 10% e 15%”, afirmou Volker Kraft, sócio da ECE Alemanha. A área de entretenimento também vem ganhando força, mas o executivo admite que no Brasil ela tem muito mais destaque, característica confirmada por Rafael Sales, CEO da Aliansce Sonae. “Por volta de 35% das operações dos nossos empreendimentos são de entretenimento e gastronomia e outros 10% de serviços”, disse.

Kraft, da ECE, explicou que o tráfego de pessoas nos shoppings da Alemanha voltaram rapidamente a cerca de 80% do normal logo após o fim do distanciamento social, que por lá aconteceu entre março e maio, e atualmente está em 90%. Na Polônia, no entanto, o mercado tem sofrido mais para se recuperar, como explicou Leszek Sikora, diretor da ECE Polônia. “Nossos shopping centers dependem muito dos turistas e das pessoas que trabalham nos escritórios do entorno”, disse.

No último painel do dia, o tema foi tecnologia e os participantes explicaram como a pandemia de Covid-19 mudou a perspectiva das empresas. “Os discursos e as apresentações de power point tiveram de ser acelerados e colocados em prática”, afirmou Ernesto Villela, CEO da Mimoo. Já Cibelle Ferreira, fundadora da Shopper Um, lembrou como as pessoas se adaptaram rapidamente a tecnologias que já estavam disponíveis como o ensino a distância. “Delivery em shopping center também era algo que se discutia e agora faz parte da realidade”, afirmou. Para Francisco de Frutos, diretor da Plug and Play, o novo coronavírus foi o principal agente transformador em muitas empresas, citando o caso de uma companhia de pagamentos, que teve o número de clientes multiplicado por sete, por conta do auxílio emergencial oferecido pelo governo federal. “Ajudamos esse cliente na criação de serviços para atender ao novo perfil de usuário como pagamento de boletos e oferecimento de crédito”, afirma.