No mês em comemoração a Nossa Senhora Aparecida, franquia conta como é trabalhar com um dos nichos que mais cresce no país, o da religiosidade

Público fiel e engajado, além de consumidores fortes em torno das marcas, desde crianças a idosos, rede Santo Santo Santo conta sobre as características dos consumidores de artigos religiosos

Nos últimos anos, o mercado de produtos religiosos ganhou ainda mais espaço e movimenta cerca de R$ 15 bilhões por ano. Há inúmeras possibilidades de negócios para os empreendedores com este segmento, desde a venda de bíblias (livro mais lido e vendido no mundo), imagens, até o turismo religioso.

Segundo dados do IBGE, o Brasil tem população majoritariamente cristã, representando 87% da sociedade. Pesquisa do Datafolha, em 2021, apontou que o país tinha 50% de católicos, 31% de evangélicos, e 10% que declararam não ter religião.

A pandemia refletiu a busca pelo fortalecimento da fé e acolhimento em forma de presentes religiosos, colocando o amor a Deus à frente de todos os obstáculos. Os clientes encontram nos acessórios uma forma de ter sua devoção junto deles. Pesquisa de 2019 constatou que o Brasil é o terceiro país do mundo onde mais se acredita na existência de Deus. O que ajuda a explicar o motivo pelo qual o mercado de artigos religiosos vem crescendo significativamente no país nos últimos anos.

“O público é fiel. É assim que podemos definir os consumidores de artigos religiosos. Por serem negócios de nicho, os empreendimentos religiosos tendem a ter públicos engajados e comunidades em torno das marcas. E com a digitalização no contexto da pandemia, este setor se manteve ativo, inclusive por seu caráter de bem-estar por meio da fé”, avalia Ana Paula Ribeiro Cury, fundadora e sócia da franquia Santo Santo Santo.

Devoção

O mês de outubro reúne alguns dos santos mais populares entre os fiéis católicos, entre eles, a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida.

Ana Paula conta que produtos ligados à imagem de Nossa Senhora Aparecida representam entre 20% a 30% das vendas mensais na sua franquia. Hoje o fiel encontra diversos tipos de imagens que vão desde o tradicional gesso, a também madeira, ferro, entre outros materiais.

Na Santo Santo Santo, por exemplo, produtos relacionados a padroeira são encontrados em pulseiras de silicone e também em couro (ambas unissex); braceletes de metal com pingentes; chaveiros em couro e metal; adornos para retrovisor; terços e dezenas em madeira, hematita e também em cristal. Além, é claro, das imagens de diversos tamanhos.

“Se tratando de Nossa Senhora Aparecida, fica difícil escolher o produto mais vendido, pois tudo é sucesso! Mas posso destacar uma que é queridinha na loja, que é a imagem em gesso com pintura bicolor nos tons de azul e dourado. É uma peça lindíssima que chama a atenção de boa parte dos clientes que entram na loja”, revela a empresária.

Entre as peças mais “diferentes”, Ana Paula destaca a imagem em madeira de reflorestamento com marchetaria em acrílico e espelho. É uma peça que custa em torno de R$ 529,00, e segundo quem compra, vale muito a pena o investimento, não somente pela beleza, mas o que ela representa para quem é devoto a santa.

Além de Nossa Senhora Aparecida, este mês ainda é celebrado Santa Terezinha do Menino Jesus (01/10), padroeira das Missões e protetora dos missionários; São Francisco de Assis (04/10), protetor dos animais; São Benedito (05/10), protetor dos cozinheiros; Santa Edwiges (16/10), protetora dos endividados; São Lucas (18/10), padroeiro dos médicos; Frei Galvão (25/10), padroeiro dos engenheiros, construtores e arquitetos; e São Judas Tadeu (28/10), santo dos casos desesperados.

Perfil do consumidor de artigos religiosos

Para Ana Paula, hoje os consumidores de artigos religiosos são pessoas que procuram produtos para si e também como forma de presentear alguém, pois acredita que o acessório transmitirá fé, paz, tranquilidade, e a proximidade com o seu santo de devoção. “Costumo afirmar que nossas peças trazem um sentido especial, um significado e isso é muito importante para facilitar e também atender as expectativas do cliente”, diz.

A religião é um elemento sociocultural muito importante. Falar de fé é entender os aspectos que compõem determinada população, com suas crenças, comportamento, dogmas e cultura. Estudo Valores dos Brasileiros mostrou que 96% da população citou a fé e a esperança como princípios essenciais.

Empreendedorismo religioso

Devido a pandemia e o isolamento, além do luto de várias famílias, houve uma busca intensa das pessoas por produtos e artigos religiosos, que viessem auxiliá-los neste período difícil, trazendo conforto e paz espiritual, ao mesmo tempo em que espalhasse entre todos, mensagens de amor, positividade e espiritualidade, e por fim, a esperança para superar estes tempos.

Com isso, diversos lojistas do setor de artigos religiosos registraram alta significativa nas vendas durante o período, ao mesmo tempo em que puderam contribuir com a sua missão de levar a boa nova às pessoas necessitadas, mantendo as mesmas conectadas a sua espiritualidade.

Foi exatamente na pandemia que a Santo Santo Santo cresceu em um ritmo que surpreendeu até mesmo os gestores do negócio, inclusive no e-commerce, via canais como WhatsApp, Instagram e o próprio site da marca com vendas para todo o Brasil. Somente no ano passado, 20% das vendas vieram oriundas deste canal.

Em dezembro de 2020, o faturamento duplicou, saltando de R$ 118 mil para R$ 265 mil, índices que continuam até os dias de hoje. “Foi quando veio a ideia de transformar a Santo Santo Santo numa franquia”, relembra Ana Paula. A marca faturou no ano passado mais de R$ 1,6 milhão. Com a expansão por meio do franchising, a expectativa é ampliar em 10% o faturamento para este ano.

Em menos de dois meses de entrada no franchising inaugurou sua primeira unidade franqueada. Hoje a marca busca expandir para outras regiões e alcançar 10 unidades até 2023.

“Além de promover um propósito espiritual a nós empreendedores, a religiosidade é um terreno fértil e abundante para quem busca empreender. É um nicho no mercado que fomenta o respeito à diversidade religiosa, assim como também trás a possibilidade de juntar o útil ao agradável”, conclui a fundadora da Santo Santo Santo.