O movimento do empoderamento das mulheres, visto nas últimas décadas no Brasil, está surtindo efeito em diferentes frentes, especialmente no mercado de trabalho. Isso porque, a cada dia, o número de mulheres que avançam na carreira, chegam ao topo da liderança nas organizações ou, ainda, que se tornam donas do próprio negócio aumenta. Dados de uma pesquisa do Sebrae, de agosto de 2020, ratificam essa tendência ao apontar que o Brasil está em 4º lugar na lista dos Países com maior proporção de mulheres entre seus empreendedores iniciais, com 49%, ficando atrás somente da Arábia (55%), Madagascar (51%) e Catar (50%), e à frente da Espanha (47%), EUA (46%) e Canadá (36%).
As mulheres, que por muito tempo foram coadjuvantes, agora são as protagonistas em diversas áreas, entre elas as do setor veterinário, farmacêutico e de franquias. De acordo com um levantamento feito pela DrogaVET, maior rede de farmácias de manipulação veterinária e pioneira no mercado brasileiro, 78% do quadro de colaboradores da rede é composto por funcionárias. “E quando olhamos para a área farmacêutica da matriz e nossas filiais, composta por quatro unidades próprias, essa proporção é ainda maior. São 11 mulheres para um homem e a equipe veterinária é 100% feminina“, revela a sócia-fundadora da DrogaVET, Sandra Schuster.
De acordo com a executiva, o mercado de farmácias de manipulação é predominantemente feminino. “Os dados do ano passado da Associação das Farmácias Magistrais (Anfarmaq) apontam que 71% das farmácias de manipulação do Brasil estão sob o comando de mulheres e isso se deve ao fato da presença maciça de mulheres nas faculdades de farmácia. Segundo o MEC, em um censo realizado em 2018, o curso de farmácia está entre os 20 cursos mais preferidos pelo público feminino”, pontua Sandra.
Outra característica marcante da área magistral, segundo a porta-voz, é que esse é um mercado complexo. “Cada farmácia, possui um laboratório onde são preparadas as formulações, todas sob demanda, de forma estruturada, seguindo inúmeros processos e atendendo a uma legislação rigorosa, a mais rígida do mundo para o setor. Desta forma, as empreendedoras à frente das farmácias de manipulação precisam garantir o perfeito funcionamento de toda essa operação, além de zelar pelos bons resultados do negócio”, revela a executiva.
Outro dado observado na pesquisa da DrogaVET é o número amplo de veterinárias na rede que, segundo a profissional deste setor, Andressa Cris Felisbino, é uma área com muitos desafios para o público feminino. “Enfrentei alguns percalços no início da carreira. Para atendimento nas áreas de grandes animais, por exemplo, os homens são os preferidos e estão em maior número e as mulheres acabam optando pela área comercial. Ou seja, ainda existe preconceito, mas temos maior flexibilidade e jogo de cintura para atuar no setor e, pouco a pouco, vamos vencendo e conquistando nosso espaço”, alerta a profissional.
Já quando analisam o total de franqueadas mulheres, a DrogaVET percebe uma proporção de 50%. “De maneira geral, ainda se nota uma timidez no número de mulheres atuantes no franchising, principalmente nos quadros de gestão ou mesmo como idealizadoras do negócio. Mas é questão de tempo até isso se reverter, uma vez que o sucesso independe de sexo, raça ou credo”, afirma Sandra, que atuava no mercado de farmácia de manipulação para humanos e, em 2004, abriu a primeira unidade da DrogaVET, iniciando o processo de franquias em 2007.
A franqueada, Maria Eliza Hass, das unidades DrogaVET de Belo Horizonte, Recife, Juiz de Fora e Divinópolis afirma que enfrentou preconceito quando iniciou a carreira. “Atuei numa clínica de equinos e muitos homens, quando me viam nos haras ou em hípicas para atendimento, demonstravam falta de confiança. Superei muito rápido, endossando minhas qualificações e experiência com o apoio do meu marido, que também é veterinário”, pontua Maria Eliza.
O desafio de vencer na carreira, sem abrir mão da vida pessoal
Conciliar a vida profissional e pessoal é a tarefa mais desafiadora das mulheres, mas segundo a franqueada Maria é possível. “Estar com tudo organizado e dentro da rotina traz tranquilidade para lidar com todos os afazeres. Gosto de participar do dia a dia dos meus filhos, de praticar esportes com eles, levá-los à escola ou auxiliá-los nas aulas online. Por outro lado, gosto de estar fisicamente no trabalho, pois acredito que essa é a chave do sucesso e, quando eventualmente não estou, fico conectada pelo celular, meu grande aliado nessas horas. Portanto, acredito que ter um hábito de vida saudável me ajuda muito a ter saúde emocional e disposição para dar conta de tudo, ainda mais nesse momento de pandemia que estamos vivendo”, ressalta.
Um ponto levantado por Andressa nesse quesito é a versatilidade feminina. “As mulheres fazem muitas coisas ao mesmo tempo. Eu habituei minha família ao meu ritmo, então temos uma sintonia. Claro que família vem em primeiro lugar, especialmente meus filhos, mas a conciliação com o meu marido nas atividades do dia a dia é o que faz toda essa rotina funcionar”, explica.
A veterinária aponta ainda a importância do protagonismo feminino. “Ter mulheres em posição de destaque significa que avançamos em representatividade como um todo. Uma vez que as mulheres crescem em suas carreiras, elas mostram para as outras que estão em movimento que é possível avançar e alcançar os objetivos, tanto na vida pessoal quanto na profissional”, ressalva a veterinária.
E para finalizar, Sandra lembra que nunca houve situação parecida como a vivenciada no último ano, ocasionada pela Covid-19. “Trabalhamos muito e não paramos de levar, um minuto sequer, saúde animal na dose certa para os animais do Brasil. Acredito que com um pouco de organização e disciplina é possível realizar ambas as tarefas, pessoais e profissionais. E ter amor animal por tudo que se faz é a receita para alcançar quaisquer objetivos nesses âmbitos”, finaliza a executiva.