Mais de 54% das famílias paulistanas continuam endividadas em outubro

A proporção de famílias paulistanas endividadas permaneceu estável em outubro.  De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), houve pouca alteração do indicador, ao passar de 54,5% em setembro para 54,7% em outubro. Isso significa que 2,14 milhões de famílias possuem algum tipo de dívida. O número é 0,2 ponto porcentual superior ao registrado em setembro e outubro do ano passado (54,5%).

A taxa de inadimplência apontou leve recuo, de 0,5 ponto porcentual, marcando 20,1% em outubro – ante 20,6% de setembro. Isso significa que são quase 784 mil famílias que não conseguiram pagar suas dívidas na data do vencimento. No mesmo período do ano passado, a taxa estava um pouco mais baixa (19,6%).

Já a taxa de famílias paulistanas que declararam não ter condições de quitar a dívida no próximo mês ficou praticamente estável, ao passar do recorde histórico de 9,8% em setembro para 9,5% em outubro. Contudo, na comparação com o mesmo mês do ano passado, houve aumento de 1,9 ponto porcentual.

Em relação ao tempo da dívida em atraso, está cada vez mais concentrado no longo prazo, acima de 90 dias (55,5%), 5,7 pontos porcentuais acima do visto no mesmo período de 2017. O atraso do pagamento entre 30 e 90 dias está em 23,5%, e até 30 dias, em 19,7%. O indicativo apontou a dificuldade das famílias em acertar as contas, avalia a FecomercioSP.

Sobre o tempo de comprometimento da renda com dívidas, não houve mudanças importantes em relação a setembro. O maior porcentual está em relação ao comprometimento acima de um ano, com 36%. Um ano atrás, esse valor estava em 33,9%. E a parcela da renda comprometida com dívida ficou estável em 29%. Esse é o perfil considerado adequado para não haver problemas no orçamento doméstico.

Na segmentação por renda, as famílias com rendimentos abaixo de dez salários mínimos (SM) são as mais endividadas: 25% dessa faixa declararam ter alguma dívida atrasada em outubro, ante 25,5 de setembro. A inadimplência das famílias com renda superior a dez SM teve leve queda de  8,9% para 8,3% na comparação mensal.

De acordo com a FecomercioSP, a PEIC de outubro não apresenta mudanças significativas em relação a setembro e continua preocupante. A inadimplência e a taxa dos que não conseguirão pagar suas dívidas permanecem altas, próximas ao nível histórico. O consumidor também está com dificuldade na obtenção de crédito. As famílias neste momento tendem a voltar ao perfil da crise, ou seja, focar nos produtos essenciais.

Para a Federação, esse cenário deve influenciar negativamente as vendas de fim de ano, principalmente as da Black Friday, quando os produtos são mais caros e, em grande parte, o consumidor busca financiar. Enquanto não tiver clarezas econômica e política não haverá o movimento para injeção de investimentos para estimular a geração de empregos e distribuição de renda.

Tipos de dívida 

O cartão de crédito segue como o principal tipo de dívida. Em outubro, 71,9% das famílias realizaram compras no cartão, pouco acima dos 70,9% em setembro e abaixo dos 74,4% em outubro de 2017. Na segunda posição, veio o carnê, com 14,7%, seguido de financiamentos de carro e de casa, com 12,7% e 12,2%, respectivamente.

Metodologia 

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) é apurada mensalmente pela FecomercioSP desde fevereiro de 2004. São entrevistados, aproximadamente, 2,2 mil consumidores na capital paulista.

O objetivo da PEIC é diagnosticar o nível de endividamento e de inadimplência do consumidor. A partir das informações coletadas, são apurados importantes indicadores: nível de endividamento; porcentual de inadimplentes; intenção de pagamento de dívidas em atraso; e nível de comprometimento da renda. Tais indicadores são observados considerando duas faixas de renda.

A pesquisa permite o acompanhamento do nível de comprometimento do comprador com as dívidas e sua percepção em relação à capacidade de pagamento, fatores fundamentais para o processo de decisão dos empresários do comércio e demais agentes econômicos.