A pandemia tornou os consumidores mais conscientes quanto à limpeza, especialmente de casa, o que acarretou um aumento significativo das vendas globais de produtos com foco em cuidados com o lar. O relatório Winning Omnichannel da Kantar, líder global em dados, insights e consultoria, mostra que o mercado de FMCG (bens de consumo massivo) teve um desempenho histórico em 2020, com crescimento do valor global quadruplicando em 10% em relação a 2019 – o que representa US$ 220 bilhões a mais.
Essa maior preocupação com a higiene do lar levou alvejantes e limpadores domésticos a experimentarem um aumento de 25% e 21%, respectivamente, tornando-se duas das seis únicas categorias que registraram crescimento de mais de 20% no mundo.
Vinculada ao aumento do consumo alimentar das famílias in home, a categoria ‘lava-louças’ ou ‘detergentes’ subiu 12%. No entanto, os produtos para lavar roupa não foram positivamente impactados pelo fato de as pessoas saírem menos de casa, e as vendas globais dessa categoria permaneceram estáveis em 2020, depois de experimentar um crescimento modesto de 5% em 2019.
Não está claro se esses novos hábitos de limpeza se tornarão permanentes no pós-pandemia, mas no curto prazo eles parecem prontos para ficar e continuarão a impulsionar o crescimento no setor de FMCG em 2021.
Claramente, a dinâmica de compra mudou e os consumidores estão abastecendo seus lares de forma diferente. A mudança mais relevante vista através do estudo foi nas compras de despensa. Há um novo balanço em casa: o abastecimento é hoje 14% mais frequente e, consequentemente, não tão intenso em unidades como em anos anteriores, e em vários países o comprador conseguiu reduzir seu tíquete. Isso destaca a necessidade de entender os papéis dos canais no contexto atual e trabalhar a relevância das categorias para o comprador, pois competem em uma cesta ampla, mas reduzida nesse tipo de missão.
Lenita Vargas, Diretora de Varejo Latam da divisão Worldpanel da Kantar, ressalta que se deve prever uma desaceleração do crescimento do consumo em casa no âmbito global. “O aumento de 10% foi algo excepcional e, embora este ano seja provavelmente maior do que nos últimos – entre 2,2% e 5,2% -, a variação dos resultados por região e setor será substancial, assim como a magnitude estará ligada à taxa de vacinação e relaxamento nas restrições de mobilidade, bem como à intensidade da crise econômica. Para os fabricantes de alimentos e bebidas é primordial entender a importância do mercado de bens de consumo massivo fora de casa em seu mercado, assim como compreender resultados em casa. Ambos precisam ser analisados, senão se terá apenas metade do panorama”, garante ela.