José Carlos Semenzato poderia ter ficado satisfeito com o império que construiu e vendeu: a Microlins, que chegou a 700 franquias e mais de 500 mil alunos sob seu comando. A este ponto, a história de vida do jovem de família humilde de Lins (SP) já seria repleta de conquistas e de superações, mas o desejo de “sonhar alto”, como costuma dizer, o fez seguir trabalhando com o segmento que se tornou seu DNA por necessidade: o franchising. Por isso, em 2010, criou a SMZTO Holding de Franquias Multissetoriais, hoje a maior aceleradora de franquias do Brasil com mais de 700 unidades sob gestão e faturamento acima de R$ 660 milhões em 2016.
“Ter entrado no mercado de franquias foi bastante inusitado. Em 1994, a Microlins tinha 17 escolas próprias, deflação das mensalidades e, simultaneamente, leasing dos computadores em dólar (e uma cotação que não parava de subir). Eu tinha duas opções: ou tornaria minha empresa uma rede de franquias – conceito que eu sequer conhecia à época – ou não existiria mais. E eu tive seis meses para transformar 17 escolas próprias em 16 franquias (a unidade de Lins continuou como própria)”, relembra Semenzato.
“Se eu tivesse planejado, não teria dado certo porque eu não teria feito essa transição. O franchising entrou na minha vida por necessidade, e não por planejamento. Minhas escolas tinham mil alunos cada e eu só tinha essa saída”, afirma. A decisão arrojada, indicada por um amigo, e em meio a uma das maiores crises econômicas que o Brasil já viveu, rendeu bons frutos: mais de uma década depois, a Microlins foi vendida por cerca de R$ 110 milhões ao Grupo Multi.
Mas a criação da Microlins não foi a primeira empreitada de Semenzato, cuja trajetória começou cedo: aos 13 anos. Na época, vendia as coxinhas que sua mãe, dona Alzira, fazia em casa. Em pouco mais de um ano, conseguiu comprar uma bicicleta. Tempos depois, um Fusca. “Nesta época, fui fazer um curso de computação e de programação, conhecimento que me ajudaria a escrever meu nome no empreendedorismo”, diz.
Neste período, o jovem trabalhava em uma copiadora da cidade e, aos 16 anos, se tornou o gerente da operação – isso porque trabalhava com um atendimento ao público primoroso, qualidade que fez com que diversos clientes apenas quisessem ser atendidos por ele. “Foi quando eu entendi que a diferença está nos detalhes e que minha preocupação com o atendimento era, de fato, importante”. Meses depois, foi convidado a trabalhar em uma grande construtora da cidade. “Esse mundo me fascinava: passava de 12h a 14h dentro de uma sala programando. Com isso, aos 17 anos, eu já tinha desenvolvido softwares de controle de gado, de contas a pagar e a receber, de controle de estoque”, diz.
Aos 18 anos, foi convidado pelo Instituto Americano de Lins para ser professor de segundo grau em computação. “Dar aulas para alunos praticamente da minha idade foi um desafio enorme. Passados seis meses, os alunos começaram a me procurar para aulas de reforço aos sábados e domingos. Comecei, então, a dar essas aulas adicionais no computador do meu sogro, numa padaria em Lins. Em 1991, aos 23 anos, troquei meu emprego como professor, em que tinha um ótimo salário, para criar a Microlins.”
Com toda sua rescisão – e em meio às emoções do nascimento do primeiro filho –, Semenzato comprou quatro computadores. Juntou todas as economias adicionais que tinha para criar a Microlins. E, além da arriscada decisão de franquear a marca, o empreendedor também ousou em 2001, quando passou a inserir sua rede em ações de merchandising na televisão brasileira.
“Em 2001, tive de tomar uma decisão muito difícil. Tinha uma Mercedes, de R$ 200 mil, e recebi uma proposta para colocar a Microlins na TV brasileira, em rede nacional. Era preciso pagar R$ 300 mil e meu sócio foi contra. E eu tinha convicção de que, se não levasse minha marca a todo o Brasil, eu não ganharia escala. Assinei a fatura tomando o risco sozinho e, 45 dias depois, a empresa criou mais de R$ 1,5 milhão em recebíveis. Paguei a primeira fatura e nunca mais sai da televisão”, relembra. A presença nos programas de TV fizeram com que outras marcas fundadas por Semenzato também ganhassem notoriedade e corpo dentro do franchising, como o Instituto Embelleze. “Capacitamos mais de 150 mil cabeleireiras ao ano. Tenho muito orgulho de ter ajudado a renda de diversas famílias subir substancialmente”, afirma.
“Em 2008, estava em busca de um plano de saída, em busca de novos voos. Levei quase 10 anos para colocar a Microlins em pé e, mesmo sendo a empresa a que dediquei minha vida, sentia que precisava fechar um tempo para balanço. Por isso, a venda da minha empresa não foi o fim do meu sonho, muito pelo contrário: aquele empreendedor com uma trajetória sofrida estava recebendo uma oportunidade – um cheque para iniciar uma nova fase”.
A primeira aquisição a SMZTO Holding de Franquias Multissetoriais foi a L’Entrecôte de Paris, rede de franquias com a proposta de oferecer um prato único: o famoso entrecôte banhado em um molho secreto com 21 ingredientes e que leva 36 horas para ficar pronto, acompanhado de fritas e salada. “Nossa proposta é oferecer experiência em alta gastronomia em 25 operações em todo o Brasil”, aponta Semenzato. Hoje, a SMZTO é sócia da apresentadora Xuxa Meneghel nas marcas Casa X e Espaçolaser e de Gustavo Kuerten na LifeUSA, além de somar outras cinco marcas em seu portfólio – entre elas, o Instituto Embelleze.
“O grande diferencial da holding é que nos tornamos sócios das marcas que aceleramos. Isso significa que acreditamos e apostamos nas nossas redes. Por isso, a SMZTO é a maior aceleradoras de franquias do Brasil e tem como missão oferecer ao mercado marcas sólidas para investimento e aos consumidores produtos e serviços de excelência”, ressalta.
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