Fusão entre Arezzo&Co e Grupo Soma e a tendência de crescimento do cenário e de fusões e aquisições (M&A)

A divulgação da fusão entre as empresas Arezzo&Co, que além da marca de calçados femininos é dona da Reserva, e o Grupo Soma, que detém Animale, Farm e Hering, divulgada nesta segunda-feira (05), confirma a tendência de aquecimento no mercado de fusões e aquisições para 2024.

A transação ocorrerá por meio da permuta de ações. Na prática, a Arezzo incorporará a Soma, assumindo 54% da participação na nova empresa. Enquanto isso, o grupo Soma deterá 46% da nova entidade. A resultante companhia consolidada se tornará um gigante no cenário da moda brasileira, apresentando um faturamento combinado próximo a R$ 12 bilhões, uma equipe de 22 mil colaboradores e aproximadamente duas mil lojas, entre próprias e franqueadas. Adicionalmente, abrangerá 34 marcas sob sua gestão.

Essa deve ser a primeira grande fusão ou aquisição de muitas que virão. Sendo que cenário econômico brasileiro indica que 2024 pode ser o ano da retomada das Fusões e Aquisições (M&A), após dois anos ruins, com quedas significativas. Dados do Relatório TTR (Transaction Track Records) revelam que o volume de transações em 2023 chegou a 2.008, com um valor agregado de 215.746 bilhões de reais. Já em 2022 o volume de transações foi de 2,387, movimentando o valor de 291.720 bilhões de reais.

Comparado a 2021, que registrou 2.560 transações e 595.564 bilhões de reais, se observa uma considerável retração nos negócios de M&A. Segundo análise de Edvaldo Martins, especialista em M&A da Share Capital, três motivos principais para essa desaceleração podem ser destacados: a pandemia de Covid-19, conflitos geopolíticos entre Rússia e Ucrânia e, mais recentemente, entre Israel e Hamas, além de um longo período de taxas de juros elevadas, contribuíram para o desaquecimento do mercado.

Entretanto, a expectativa para 2024 é otimista, e algumas razões fundamentam essa perspectiva. A tendência de queda e estabilização das taxas de juros é um fator crucial, juntamente com a aprovação da reforma tributária, que tem sido bem-vista no exterior.

“O impacto das taxas de juros elevadas no mercado de M&A é evidente. Quando os juros estão altos, os investidores tendem a buscar opções mais seguras, como investimentos em renda fixa, diminuindo as transações de M&A. A queda de juros, como a que já observamos, tende a impulsionar o mercado, atraindo investidores de volta para oportunidades mais arriscadas, como fusões e aquisições”, explica Edvaldo Martins.

Ele complementa que, em um cenário de crescente dinâmica no mercado empresarial brasileiro, as operações de M&A tornam-se ferramentas fundamentais para empresas que buscam alinhar seus objetivos estratégicos com as oportunidades de crescimento disponíveis.

“O momento é bom e o sucesso de uma operação de M&A está intrinsecamente ligado ao momento em que é iniciada. Para vendedores, especialmente no “middle market,” é essencial realizar uma preparação abrangente, considerando aspectos financeiros, legais e estratégicos”, detalha Edvaldo Martins, ele destaca a importância de uma visão de longo prazo e estratégias bem planejadas para destacar-se no mercado e atrair investimentos.

O especialista ressalta que operações de Fusões e Aquisições são meios que empresas possuem para entrar em novos mercados, adquirir novas tecnologias, aumentar market share e até mesmo tirar concorrentes do mercado. E para quem vai vender uma ferramenta para realizar o desinvestimento, podendo ser por falta de sucessão familiar, dificuldades em obter financiamento para sustentar o crescimento, endividamento alto, entre outros fatores.

Assim, o mercado de M&A no Brasil está em constante evolução, e 2024 promete ser um ano de retomada, impulsionado pela queda de juros e aprovação de reformas. A análise do especialista aponta para um ambiente mais propício a movimentações no mercado de fusões e aquisições, indicando um retorno do dinamismo nos negócios.