Era julho de 2021 quando Rodrigo Bourscheidt, ao saber da necessidade de um empréstimo em seu nome para salvar a empresa que tinha em parceria com um amigo, resolveu dedicar-se mais à operação. Em meio a outros negócios que mantinha paralelamente, o empresário, com então 32 anos, comprou a parte do sócio e mudou a estratégia. Motivou os colaboradores, reavaliou prospecções e, em 40 dias, elevou o faturamento médio mensal de R$ 160 mil para R$ 1,5 milhão. O salto de 837% deu a dimensão do poder do negócio e reacendeu o plano inicial, que tinha sido traçado em 2019, quando a dupla abriu o primeiro escritório. Após dois anos de preparação e investimentos para dar mais solidez à uma operação de franchising, com faturamento de R$ 42 milhões e três unidades próprias em 2023, o empresário lança agora ao mercado a rede de franquias Energy+.
O modelo de negócio, exclusivamente em formato de loja física, trará ao mercado soluções e tecnologia em energia renovável, sobretudo a solar. Com um diferencial: um ecossistema completo que confere robustez na operação. Além do ponto de venda direcionado ao consumidor final, a Energy+ conta com o suporte de duas fábricas para a produção de estruturas de alumínio e concreto. O franqueado será responsável pela prospecção de novos negócios e pela instalação no cliente, enquanto a franqueadora dará o respaldo na elaboração do projeto. As duas fábricas do grupo vieram por meio de investimentos ao longo de 2022, eliminando a dependência de muitas empresas parceiras para operar.
Agora, estreando no franchising, a novata rede já nasce com bons números. Além das duas unidades previstas para abrir entre novembro e dezembro, a Energy+ conta com três operações próprias. A sede principal, em Toledo, interior do Paraná, tem 1500 m² e abriga um dos pontos fabris, responsável pelas estruturas de alumínios para instalação em solo. As outras duas unidades, em Umuarama (PR) e em Ponta Porã (MS), além do segundo ponto fabril responsável pela produção das estruturas de concreto em Toledo, se somam ao negócio que tem como meta finalizar 2024 com 36 unidades franqueadas em todo o país, principalmente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, e conquistar o faturamento de R$ 67 milhões.
Um homem de mil e uma funções
As metas audaciosas refletem a trajetória de um profissional versátil e criativo. Na adolescência, começou fazendo bicos, trabalhando ora como chaveiro ou auxiliar de pintor, ora como empacotador de supermercado ou atuando com vendas de curso de inglês. Trabalhou também numa multinacional de bebidas durante três anos, entre 2007 e 2010, quando tomou a decisão de deixar a segurança de atuar numa grande empresa para se lançar ao empreendedorismo.
Na carreira solo, Rodrigo tentou abrir uma revista voltada para os moradores da cidade de Maringá (PR), mas, antes mesmo de lançá-la, abortou a ideia. Também tentou atuar na comercialização de cosméticos dos EUA, mas os produtos foram proibidos e o então jovem quebrou antes de inaugurar o negócio. Resolveu, em 2013, retomar a carreira corporativa, atuando dessa vez na área de consultoria e treinamento, tornando-se, nos anos seguintes, um homem de mil e uma funções.
Paralelamente ao trabalho, lançou-se de novo ao empreendedorismo, acumulando a mais variada experiência possível. Entre 2015 e 2019, abriu uma empresa de telefonia, adquiriu unidades de uma franquia de cosméticos, fundou uma construtora com um colega e inaugurou uma franquia no segmento de óptica. E foi em 2019 também que, com um amigo, que tomaria conta da gestão, Rodrigo aportou R$ 50 mil para abertura de uma empresa de instalação de energia solar. Dentro de casa, na sala de estar, eles compraram uma mesa e, com cadeiras de praia para atender o público, começaram a vender os primeiros projetos. Mesmo sem entender muito da área, o negócio logo deu tão certo que, no ano seguinte, Rodrigo investiu mais R$ 150 mil para abrir o primeiro escritório, um espaço de 140 m².
Mas foi em 2021 que a história deu uma reviravolta: o amigo, precisando fazer um empréstimo em nome do sócio para salvar a empresa, chamou atenção do empresário. Para entender a situação, Rodrigo promoveu uma auditoria e propôs comprar a parte do amigo, tornando-se em junho de 2021 o único dono. Com novas práticas de gestão, motivou os funcionários e, em poucos meses, reverteu a situação, conquistando naquele ano um faturamento de R$ 6,9 milhões. No ano seguinte, concentrou-se em ajustar e melhorar os processos, desenvolver soluções que favorecessem o dia a dia da operação, tornando-a cada vez mais independente. Criou, assim, um ecossistema completo capaz de atender uma rede de franquia.