Comércio e setor de serviços eliminam mais de 3 mil vagas formais em março, aponta FecomercioSP

Após gerar mais de 50 mil postos de trabalhos em fevereiro, o mercado de trabalho dos setores de comércio (varejista e atacadista) e serviços no Estado de São Paulo fecharam 3.002 empregos formais, resultado de 282.901 admissões contra 285.903 desligamentos em março. Consequência de parte dos trabalhadores temporários contratados no final de 2018 serem dispensados tardiamente, devido ao Carnaval ter ocorrido no início do mês.

Os dados compõem as pesquisas de emprego no comércio varejista, atacadista e setor de serviços do Estado de São Paulo (PESPs Varejo, Atacado e Serviços), apuradas mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) com base nos dados do Ministério do Trabalho, por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), e pelo impacto do seu resultado no estoque estabelecido de trabalhadores no Estado de São Paulo, calculado com base na Relação Anual de Informações Sociais (Rais).                        

Para assessoria econômica da Federação, mesmo com a sazonalidade habitual do primeiro trimestre, observa-se que houve desaceleração na geração de empregos, ficando abaixo das estimativas realizadas ano passado para 2019, que chegaram a um milhão de novas vagas em toda economia, frente a até 3% de alta no PIB. Entretanto, novas considerações reduziram esses números pela metade. O que ocorre em razão das atuais instabilidades econômica e política provocadas pela demora nas tramitações das principais reformas que eram aguardadas pelo empresariado, como a da Previdência e a Tributária.

Além disso, houve alta nos indicadores de endividamento e inadimplência, causando retração na confiança dos comerciantes e consumidores. Espera-se resultados melhores nas pesquisas de emprego dos próximos meses, mas com movimentos lentos, sem grandes elevações, alcançando números semelhantes aos de 2018. Assim, o fechamento do ano tende a ser positivo, no entanto, sem a recuperação que se esperava das vagas perdidas nos períodos de crise,  entre 2015 e 2016.

A Entidade sugere que os empresários refaçam suas projeções e se adaptem à nova realidade. A Federação recomenda cautela na contratação de novos empréstimos para expansão, por exemplo. Também é importante reavaliar o quadro de funcionários diante de uma estimativa de vendas menor e frear novas contratações. Os pequenos precisam se atentar ainda mais à gestão de preços, fornecedores, caixa e estoques, visto que tem mais dificuldades de negociar, precificar e realizar promoções.

Novas modalidades 

Desde janeiro de 2019, a FecomercioSP também apura os dados das novas relações designadas pela Reforma Trabalhista, por intermédio da Lei n.º 13.467/2017. Além do caráter estatístico, são informações importantes ao empresário, já que novas possibilidades das jornadas de trabalho e desligamentos por acordo são alguns dos principais pontos ocasionados pela reforma.

Em março, foram registrados 4.111 desligamentos por acordo entre empregado e empregador, no qual, entre outras características, ressalta-se pagamento de metade da multa rescisória sobre o saldo do FGTS (20%) prevista no § 1º do art. 18 da Lei n.º 8.036/1990 e saque de até 80% do saldo do FGTS por parte do trabalhador. Esse número corresponde a 1,4% do total de desligamentos gerais do mês. O setor de serviços foi o que teve mais baixa (-2.794), seguido de varejo (-1.101) e atacadista (-216).

Apesar da retração no mês, os comerciantes seguiram com as contrações na modalidade intermitente, foram 615 novos postos abertos no Estado de São Paulo, provenientes de 2.161 admissões contra 1.546 desligamentos. O setor de serviços criou 498 empregos formais, seguido por varejo, com 113 novos vínculos; atacado abriu somente 4 vagas. Considera-se como intermitente o contrato de trabalho que não é contínuo, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto ocupações regidas por legislação própria.

Já o trabalho parcial, jornada cuja duração não excede 30 horas semanais (CLT, art. 58-A), registrou 546 vínculos em março. O setor de serviços abriu 306 postos de trabalho; varejo gerou 236 vagas; enquanto atacado criou apenas 4 empregos formais.

Varejo

O mercado de trabalho formal do comércio varejista puxou a baixa do mês de março no Estado de São Paulo: foram fechados 8.433 postos de trabalho com carteira assinada resultado de 72.094 admissões contra 80.527 desligamentos. Assim, o setor encerrou o mês com um estoque ativo de 2.065.516 vínculos empregatícios – leve alta de 0,6% em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado dos últimos 12 meses, entretanto, o saldo ficou positivo, 12.474 novas vagas foram criadas.

Em março, todas as nove atividades analisadas eliminaram vagas, com destaque para lojas de vestuário, tecidos e calçados (-3.169); e outras atividades (-1.933).

Atacado

O comércio atacadista no Estado de São Paulo eliminou 978 postos de trabalho com carteira assinada em março, foram 14.748 admissões contra 15.726 desligamentos, pior saldo desde dezembro de 2017. Contudo, o setor encerrou o mês com um estoque ativo de 515.868 vínculos empregatícios – alta de 1,6% em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado de 12 meses, foram cridas 8.090 vagas.

Oito dos dez segmentos pesquisados sofreram retração em março, com destaque para outras atividades (-304) e alimentos e bebidas (-212). Apenas dois grupos abriram postos de trabalho: máquinas de uso comercial e industrial (42); e energia e combustíveis (9).

Serviços

O setor de serviços no Estado de São Paulo diminuiu bem o ritmo de contratações, mas ficou com saldo positivo em março, foram criados 6.409 empregos formais, provenientes de 196.059 admissões contra 189.650 desligamentos. Com esse desempenho, encerrou março com um estoque ativo de 7.497.982 postos de trabalho, maior patamar desde setembro de 2015 – alta de 1,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Nos últimos 12 meses, o saldo também foi positivo, com 122.165 vínculos.

 Dos 12 grupos analisados, oito obtiveram mais admissões do que desligamentos, com destaque para os segmentos de transporte e armazenagem (4.353) e de educação (3.114). Em contrapartida, as atividades de alojamento e alimentação (-2.803); e administrativas e serviços complementares (-859) foram as que fecharam mais vagas.

Nota metodológica

Pesquisa de Emprego no Comércio do Estado de São Paulo (PESP) 

A Pesquisa de Emprego no Comércio do Estado de São Paulo (PESP) analisa o nível de emprego do comércio varejista, atacadista e de serviços em seus ramos de atividades (CNAE) selecionados, por meio de dados entregues dentro e fora do prazo determinado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho (Caged).