Questões que englobam a economia circular vem ganhando cada vez mais espaço no mundo dos negócios. Evidenciando a força deste conceito em diferentes continentes, a ThredUp, uma empresa online de moda dos Estados Unidos, realizou um estudo revelando que 36 milhões de pessoas adquiriram roupas usadas pela primeira vez em 2020. O levantamento ainda mostra que 76% dos entrevistados pretendem aumentar o mix de peças de segunda mão no guarda-roupa pelos próximos cinco anos. Surfando nessa onda há 16 anos, a Peça Rara é uma rede de franquias de brechó que tem como sócia a atriz Deborah Secco e integra o Grupo SMZTO.
A marca que dá vida nova e ressignifica roupas e outros itens domésticos soma 90 operações no Brasil. Entre elas, há uma loja localizada em São José dos Campos, no interior de São Paulo, que contribui com a propagação de ações que englobam o mercado de second hand (segunda mão), explorando questões com foco em sustentabilidade. De acordo com dados do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), há uma previsão que em 2024, haja o crescimento do mercado de peças de segunda mão em relação ao varejo de moda.
Para Bruna Vasconi, CEO e fundadora da Peça Rara, a economia circular não foca apenas em utilizar uma peça ou item por várias pessoas, mas é um novo modo de pensar, ou seja, trata-se da redefinição de consumo e de um estilo de vida. “Foi desta percepção que nasceu o coração a marca. Não somos apenas um brechó, mas um modelo de negócio que conecta fornecedores e novos consumidores em um ciclo virtuoso no qual recursos não são desperdiçados, mas retomam seu uso. Assim, geramos valor para o fornecedor que recupera parte do investimento realizado e não deixa sua roupa ou objeto parado, tendo a oportunidade de comprar outro item de second hand. Já para o comprador, ele tem acesso a itens de qualidade, muitas vezes até de marcas reconhecidas, a um preço mais acessível”, explica.
Ainda segundo a empresária, todo este processo é importante, pois o mercado de moda utiliza muitos insumos em sua produção, como fios, tecidos, tintas, energia, água etc. Então, utilizar diferentes produtos ao máximo é fundamental para redução do impacto ambiental. E esse movimento vem ganhando muita força nos EUA e na Europa. Prova disso é que grandes marcas começaram a trabalhar com peças seguindo este conceito, o que abre um grande potencial para que o Brasil siga pelo mesmo caminho. A Peça Rara, por exemplo, hoje tem mais de 158 mil fornecedores cadastrados, ou seja, pessoas que levam seus itens para a comercialização em uma das operações da marca.
Em São José dos Campos, por exemplo, a loja da rede foi inaugurada em dezembro de 2022 e é comandada pela franqueada Rose Marques. A unidade tem mais de 700m² e conta com os setores de moda feminina, masculina, infantil e casa. Ao serem colocados à venda por consignação, já que 50% do valor líquido é destinado à loja e os demais 50% ao fornecedor, os itens têm até seis meses, em média, para serem vendidos. O que não é vendido, é sugerido ao dono baixar o preço ou doar. Se as peças são doadas, é feito uma catalogação dos produtos que são postos à venda nos bazares semanais do Instituto Eu Sou Peça Rara por um valor simbólico que é revertido para benefício de projetos sociais, fechando assim o ciclo da economia circular.
“Aqui na região, vemos mais pessoas aderindo e comprando peças de moda circular, tanto por questões sustentáveis quanto por ser uma forma de fazer render mais seu orçamento. Além disso, notamos que muitos consumidores têm resistência por conta de uma imagem de brechós pouco organizados, mas ao chegarem em nossa loja e conferirem a organização e qualidade dos produtos se abrem à possiblidade. O tíquete médio é de R$ 72. Ou seja, é possível comprar roupas de qualidade a um preço bastante acessível”, conta a franqueada.
Em 2023, a Peça Rara planeja manter um ritmo forte de crescimento, chegando a um faturamento de cerca de R$ 190 milhões e 140 unidades. A prioridade para este ano são as cidades polo com população acima de 100 mil habitantes no interior do País e os estados do Sul e Norte. Para quem deseja se tornar um franqueado, o investimento inicial é de R$ 400 mil, com faturamento médio mensal de R$ 190 mil, lucratividade de 10% a 17% e prazo de retorno de 14 a 20 meses.