Aos 22 anos ele abriu franquia odontológica para público da classe A e hoje fatura R$ 38 milhões

Dionatan de Marchi criou a Oral Brasil, rede de franquias de clínicas odontológicas premium do país

O empreendedorismo brasileiro está de cara nova, é que 24% dos jovens das classes A, B e C com até 30 anos são empreendedores e 60% querem ter o próprio negócio no futuro. É o que mostra levantamento da empresa HeroSpark, plataforma de estratégias online, que apontou que a dificuldade de conseguir um emprego com carteira assinada no Brasil tem impulsionado o empreendedorismo por necessidade ou como opção de carreira entre os jovens.

O gaúcho Dionatan de Marchi faz parte dessa parcela que começou a empreender desde cedo. Hoje, aos 30 anos de idade, ele está à frente da franquia Oral Brasil, empresa que criou com apenas 22 anos e que faturou R$ 38 milhões em 2022.

Ter iniciativa e não ter medo de arriscar são as características que compõem o jovem empreendedor brasileiro.

De família humilde, natural de Frederico Westphalen, cidade de pouco mais de 31 mil habitantes no interior do Rio Grande do Sul, Dionatan começou aos 14 anos a trabalhar na pequena empresa da família como auxiliar na linha de produção de estofados. Aos 16 anos entrou para faculdade de odontologia, em Curitiba (PR). Jovem visionário, fora do período das aulas vendia carros usados, e também revezava em clínicas como auxiliar de dentista, em busca de juntar dinheiro para montar sua primeira clínica. E ele conseguiu!

Logo que se formou, voltou para a sua cidade natal, comprou quatro cadeiras odontológicas usadas e criou sua própria clínica. Seus pais cederam um espaço na casa para que ele pudesse atender seus primeiros pacientes.

“Levei junto dois colegas de faculdade e por não ter a mínima noção de gestão e marketing quase quebramos”, relembra o jovem. Na mesma época Dionatan passou em uma vaga provisória no posto de saúde, onde trabalhava das 6h às 10h, e em seguida voltava para sua clínica para fazer o negócio andar.

Em seis meses conseguiu abrir sua segunda unidade, bem próxima à primeira. Desta vez, com um pouco mais de experiência, investiu todas as suas economias em estudo de marketing e equipe. A estratégia deu certo, mas ele queria mais.

Remando contra a maré

Após um ano de atendimento nas clínicas, Dionatan mudou para Porto Alegre (RS). Lá montou uma clínica odontológica popular, chegou a ter mais de 3 mil pacientes ativos. Porém, percebeu que era só mais um no mercado e não era isso que queria.

Enquanto muitos caminhavam para a linha de clínicas populares, ele remou contra a maré e foi em busca de um mercado ainda pouco explorado, porém, mais qualificado para crescer. Em 2015 mudou para Canoas (RS) e criou um novo projeto de trabalho, dessa vez com foco em reabilitação, inclusive com espaço para centro cirúrgico. O novo empreendimento se desenvolveu muito rápido e investidores começaram a se interessar pelo negócio. Durante quatro anos, seis unidades funcionaram como projeto piloto para validar o negócio no mercado. Foi quando em 2018 surgiu a Oral Brasil em expansão para o franchising.

Propósito definido

Apesar da pouca idade, Dionatan sempre soube aonde queria chegar. Para isso, deixou uma de suas paixões de lado, que é clinicar, para virar empresário de sucesso. Ele é o mentor por trás da ideia principal, mas conta que teve que criar um propósito muito bem definido, pois sabia que não seria fácil deixar os atendimentos e seguir com o projeto de expansão da empresa.

Para tirar o projeto do papel, Dionatan foi em busca de sócios investidores. “Meu propósito tem sido crescer junto de pessoas que eram melhores ou iguais a mim, mas em outras áreas do conhecimento. E assim, poder com isso desenvolver com pessoas que tinham o mesmo sonho que eu, no caso de empreender ou investir com segurança e planejamento na odontologia”, diz o jovem.

Negócio premium

A Oral Brasil tem como público-alvo a classe média alta por ser um público que preza pela experiência de compra diferenciada e exclusiva. O maior diferencial da empresa está em focar na qualidade, ser humanizada e não em volume de atendimento, por isso investe em estrutura para todas as etapas do atendimento, desde o técnico ao operacional do negócio. A franquia conta com equipamentos de última geração, com raio-x panorâmico; laboratórios próprios; centro cirúrgico incluindo sala pré-cirúrgica e de recuperação; além de anestesia sem agulha e técnicas especiais que possibilitam colocar os dentes em até 24 horas.

“A inovação é um dos nossos pilares centrais. Procurei criar todas as etapas de um atendimento, incluindo exames específicos, na mesma estrutura física. Assim, o cliente não precisa se deslocar para outros locais e tem um atendimento completo”, enfatiza Marchi.

A Oral Brasil tem como carro-chefe o serviço de implante e protocolo (prótese fixa com implante) que representa 70% dos serviços executados em toda rede. Há também atendimento para lentes de contato em porcelana; profilaxia; ortodontia, e procedimentos estéticos como bichectomia e toxinas botulínicas.

Modelo de negócio

A franquia oferece quatro formatos de modelo de negócio, o que diferencia um modelo do outro é a metragem do espaço físico e o número de cadeiras odontológicas, que traz a diferença do faturamento bruto.

O investimento inicial está incluso a taxa de franquia, mais gastos com instalação e capital de giro que fica entre R$ 715 mil a R$ 1,715 milhão. O faturamento é outro grande atrativo da marca que varia entre R$ 150 mil a R$ 400 mil mensal, com lucro líquido entre 20% e 35%. O franqueado consegue recuperar o valor investido entre 18 a 30 meses.

Dionatan pontua que por vender o tratamento mais completo no mercado ao paciente, a rede possui um dos maiores ticket médio do Brasil, em torno de R$ 9 mil.

Multifranqueados

Com apenas quatro anos no franchising, a Oral Brasil soma 103 unidades entre ativas e em processo de implantação, sendo que 90% dos seus franqueados possuem mais de uma operação, os chamados multifranqueados.

Dionatan atribui o interesse dos próprios franqueados em abrir mais outras unidades devido a segurança e margem de lucro estável que o negócio representa. “Muitos dos nossos franqueados não são dentistas, mas investidores em busca de negócios sólidos e prósperos”, explica.

Tanto que nesse caso, a franqueadora é responsável por encontrar um diretor clínico para cada unidade. Esse profissional precisa ser formado em odontologia, pois ele é o responsável pelas avaliações clínicas dos pacientes. Já os franqueados investidores não têm a necessidade dessa formação. É ele quem vai ficar à frente do faturamento da unidade, tanto pela parte de vendas como também das ações de marketing que são fundamentais para um bom resultado da operação, mas tudo isso com treinamento e orientações da franqueadora.

Maior clínica da América Latina

A Oral Brasil possui a maior clínica do Rio Grande do Sul, em Canoas com 1.000 metro quadrados, onde está localizada a franqueadora, e também conta com a maior da América Latina, em Cuiabá (MT) com 1.500 metros quadrados.

A franquia está presente nos estados do Paraná, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, essa última é berço da marca. Em breve, os estados de São Paulo, Minas Gerais, Tocantins e Mato Grosso do Sul também contarão com uma unidade Oral Brasil.

Dionatan revela que a meta é estar com 100 unidades em operação e mais de 200 praças vendidas até o final deste ano. Cidades com renda per capita e PIB alto estão no foco da marca, já que trabalham com público da classe A e B. A Oral Brasil faturou no ano passado R$ 38 milhões e projeta encerrar o ano com R$ 120 milhões no faturamento.

Hoje, aos 30 anos de idade, Dionatan acredita que o que o transformou no empresário que é foi o fato de sempre ter um propósito e um grande sonho bem definido, mesmo sabendo que haverá constantes evoluções e mudanças durante o caminho, inclusive, que ninguém cresce sozinho. “Acredito que todos que querem chegar em algum lugar devem saber que os problemas ocorrerão e que independente disso não deverá esquecer onde quer chegar, pois há vários caminhos para chegar no objetivo, principalmente quando o trabalho é feito com transparência e integridade”, finaliza o jovem.