Franquias: há (muito) espaço para crescer no segmento óptico, apesar da pandemia

Por Gustavo Freitas, CEO do Mercadão dos Óculos, rede de óticas com mais de 500 unidades

O ano de 2020 foi atípico para qualquer negócio. No franchising, o setor também sentiu o impacto da pandemia, mas aos poucos registrou recuperação. Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), no primeiro trimestre deste ano, a queda de faturamento foi de apenas 4% em comparação com o período anterior. Digo “apenas” porque esse número quase chegou a ser 10% no balanço de todo ano passado.

Mas nem todos os segmentos sentiram os efeitos da pandemia com tanta força – pelo contrário, até cresceram perante as dificuldades. É o caso das redes de óticas. Alguns números e condições podem explicar isso. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 35% da população mundial tenha miopia. Esse número irá subir para 52% até 2050, ainda segundo a entidade. Passar muito tempo com olhos voltados para telas de smartphone e televisão é uma das explicações para esse surto. Ou seja, trata-se de uma questão de saúde com uma demanda maior a cada ano.

Outro ponto favorável às redes de óticas em 2020 foi o fato de terem sido consideradas “serviços essenciais” diante às restrições da pandemia. Como tem se percebido nos últimos anos, a busca da população pela saúde ocular é cada vez mais recorrente e as óticas têm um importante papel nesse contexto.

Com isso, elas puderam ficar com as portas abertas, atender, vender, enquanto outros negócios tiveram de se adaptar rapidamente ao delivery e e-commerce. Não que as óticas tenham passado em branco por essas adaptações. Pelo contrário, algumas redes incentivam ainda hoje o serviço de home care (dentro dos padrões de segurança orientados pela OMS), que foi desenvolvido no início da pandemia – o lojista vai até a casa do cliente fazer o atendimento. Aliás, muitos franqueados viram essa prática como mais uma forma de vender e atender a população.

Embora a Associação Brasileiras das Indústrias Ópticas (Abióptica) ainda não tenha divulgado o faturamento de 2020, podemos ter uma noção do desempenho do segmento pelos resultados já apresentados por algumas redes. Em vez de diminuírem o número de unidades frente à crise econômica, elas aumentaram a expansão. O Mercadão dos Óculos, por exemplo, comercializou 225 franquias em 2020 e se tornou uma das 50 maiores redes do Brasil. No primeiro semestre deste ano já inaugurou mais de 70 unidades, tendo um ritmo de expansão de mais de 10 lojas por mês.

Há também uma explicação pertinente para isso. A vacinação da população traz um alívio sanitário e econômico ao país, mas sabe-se que esse processo é lento (ainda mais em uma nação do tamanho do Brasil) e que muitos países têm enfrentado dificuldades para adquirir a quantidade suficiente de vacinas. Além disso, mesmo com a vacinação, especialistas da área estimam que teremos de usar máscara, evitar aglomerações e, eventualmente, passar por novas restrições por mais um ano.

Muitos empreendedores e empresários estão informados sobre isso e avaliando as possibilidades. Nesse contexto, as redes de óticas têm se apresentado como uma ótima oportunidade de investimento, pois prestam um serviço essencial à população e, por isso, no caso de uma nova série de restrições, podem se manter em funcionamento. Essa linha de pensamento fez com que novas unidades fossem abertas – ou pelo menos tivessem pontos garantidos para uma inauguração futura.

Foi por esse motivo também que muitas redes de ótica viram a quantidade de multifranqueados aumentar. Os franqueados passaram por uma crise jamais imaginada e prevista para nossa época, e perceberam que ainda assim era possível manter o negócio em funcionamento e faturar. Por isso, muitos analisaram o rendimento de investimentos e decidiram reinvesti-lo em uma franquia de ótica, mesmo diante de um período repleto de incertezas. A confiança no modelo de negócio, que há décadas se mostra promissor e conta com estudos que atestam a busca da população pela saúde ocular, têm se sobressaído mesmo em um cenário desfavorável à economia – e a tendência é que continue assim, com ou sem pandemia.

Gustavo Freitas é CEO do Mercadão dos Óculos, rede de óticas com mais de 500 unidades