De pequenas e desconhecidas redes de franquias a grandes marcas, como Subway ou Amor aos Pedaços, o site Passando o Ponto (passandooponto.com.br) reúne mais de 181 anúncios de franqueados que “passam o ponto”, 128 deles só no Estado de São Paulo.
Os motivos apresentados são dos mais diversos e vão desde gravidez ou mudança de cidade a até fim de sociedades. No anúncio, o vendedor é convidado a revelar ainda o faturamento mensal do negócio, o lucro mensal e número de funcionários empregados. Uma unidade da rede Subway com cinco funcionários, por exemplo, pode sair por 250 mil reais. O anúncio, no entanto, não fala em faturamento.
O Mapa das Franquias entrou em contato com alguns desses anúncios para entender os reais motivos que levam esses franqueados a passar o ponto (e eles são diversos).
Sob a condição de não revelar a marca ou sua identidade, um franqueado de uma rede de docerias em São Paulo explica que decidiu abrir mão da franquia porque pensa em ter filhos e teme não dar conta do negócio – já que a franquia não oferece o suporte prometido. Outro, mais cauteloso, revela que acabou não dando conta de cuidar de duas unidades e, por isso, pretende ficar apenas com uma delas – já que possui um emprego paralelo e lhe falta tempo para administrar o negócio.
“É a nossa primeira loja, talvez por isso tivemos o julgamento errado de que mesmo não estando na operação daria certo. Mas se você me perguntar isso hoje em dia eu diria que é inviável. Tem que ter alguém na operação”, conta o franqueado ao revelar que após um ano com a unidade, não tem tido problemas para passar o ponto. “Por pouco não fechamos negócio”, revela.
Em situação oposta, o dono de uma rede de esmalterias no Rio de Janeiro conta que não tem sentido dificuldades, mas também porque não tem “buscado pessoas para passar o ponto”. Sem pressa para se livrar do negócio, ele conta que resolveu o problema de sociedade que o levou a anunciar no site, mas que manteve o anúncio porque se decepcionou com a franquia.
“Eu me decepcionei com o suporte que é dado pela franquia, ela não dá o suporte e só cobra valores. O know how realmente fica todo por nossa conta, não existe propaganda, não existe nada do tipo. Se você for ver no site da franquia a minha unidade sequer esta relacionada.”, desabafa o franqueado ao revelar que a situação lhe “parece uma tendência”.
“Eu converso com lojistas de outros shoppings e a gente percebe que o suporte que essas franquias de esmalteria dão é ínfimo”, conta.
No entanto, enquanto não vende sua unidade, o dono da esmalteria carioca segue tocando negócio que lhe rende lucro líquido mensal de 15 mil reais – valor que pretende abrir mão para finalmente se dedicar à sua família.
“Isso pesa na nossa decisão porque as coisas ficam mais difíceis. A gente esperava um suporte e não tem esse suporte. A gente paga por um serviço que não tem”, explica o franqueado.
Mortalidade
De acordo com dados oficiais da Associação Brasileira de Franchising (ABF), a taxa de mortalidade de franquias no passado foi de 3,7%, com expectativa de crescimento em 2015 de até 9% no início desse ano. Os dados de 2015 ainda não foram fechados.
Considerados baixos se comparados a outros setores econômico, os números escondem situações como a encontrada no site Passando o Ponto. O vice-presidente do Sindifranqueados (Sindicato dos Franqueados do Estado de São Paulo), Angelo Agulha, explica que muitos contratos estabelecem a chamada “cláusula arbitral”, que impede a abertura de processos na justiça sem uma prévia negociação em foro privado, onde uma única audiência pode custar até quatro mil reais.
“Se a pessoa já está descapitalizada e não tem recursos ela acaba por desistir. Então o índice de casos que não dão certo em franquias e que tempos depois não geram nenhuma ação civil nesse sentido nem mesmo arbitral é muito grande”, conta.
Já num caso em que, apesar da falta de suporte, o negócio continua dando sucesso, muitos acabam por fazer a opção de passar o ponto. No caso da rede de esmalterias o franqueado não esconde, no entanto, que o sucesso da sua unidade é mérito próprio.
“Fizemos várias ações para captar clientes, ações internas mesmo. Tomamos as decisões sem a ajuda da franquia e nos reinventamos”, revela o empresário.
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