Varejo paulistano fatura R$ 14,2 bilhões e registra queda de 2,3% em maio, aponta FecomercioSP

Embora tenha apresentado desempenho superior à média estadual, o comércio varejista da capital paulista registrou em maio retração de 2,3%. Com isso, o faturamento da região atingiu R$ 14,2 bilhões e ficou R$ 339 milhões abaixo da receita obtida no mesmo mês do ano passado.

Os dados compõem a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) com base em informações da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz).

De acordo com a Entidade, após ter registrado uma queda acentuada de 7,4% no primeiro bimestre de 2015, o faturamento do comércio paulistano apresentou ligeira alta em março e abril, mas voltou a cair em maio, acumulando variação negativa de 2,6% nos primeiros cinco meses do ano. Em valores já corrigidos pela inflação, essa retração significou uma queda no faturamento acumulado de cerca de R$ 1,8 bilhão na comparação com o mesmo período de 2014.

Das nove atividades pesquisadas, três registraram queda significativa de dois dígitos: Eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamentos (-15,6%); Lojas de móveis e decoração (-15,1%) e Concessionárias de veículos (-13,5%), que, somadas, impactaram negativamente 3,7 pontos porcentuais para o resultado geral.

No sentido oposto, o setor de Lojas de autopeças e acessórios obteve expressivo aumento de faturamento real de 19,2% em relação a maio do ano passado, possível reflexo da maior demanda por consertos e manutenção de veículos. Na mesma direção, os segmentos de Lojas de vestuário, tecidos e calçados (4,8%) e Supermercados (3,4%) também apresentaram alta. Juntos, os três contribuíram para atenuar a queda geral do varejo paulistano com 1,9 p.p., e geraram quase R$ 300 milhões de aumento de receita real de vendas.

Para a FecomercioSP, o agravamento da crise econômica impactou o desempenho do varejo da capital, especialmente nos setores ligados a bens duráveis, que sofrem mais com juros altos, escassez de crédito e conservadorismo dos consumidores. A menor intensidade de queda no município paulistano decorre, principalmente, devido à fraca base de comparação nas vendas da capital em 2014, quando o recuo foi maior do que a média estadual.

A Entidade alerta que a leve retração na capital não pode ser encarada como alento ou sinalização de recuperação, mesmo que reflexos do cenário econômico adverso no comércio, neste momento, pareçam menores do que no restante do estado.

Desempenho estadual
O agravamento do cenário econômico pressionou o mau desempenho do comércio varejista do Estado de São Paulo em maio. O faturamento real atingiu R$ 44,1 bilhões, queda de 5,9%, o que significa R$ 2,8 bilhões a menos em relação ao mesmo mês do ano passado.

De acordo com a assessoria econômica da Federação, a crise econômica que o País atravessa tem corroído o poder de compra do consumidor, que direciona a renda apenas para a compra de bens alimentícios e essenciais, como remédios, pois apenas as atividades de supermercados e farmácias conseguiram registrar pequenos crescimentos em 2015.

Ainda segundo a Entidade, este ciclo negativo do comércio varejista paulista indica, sobretudo, a confiança abalada dos consumidores em relação à capacidade de recuperação da economia a curto prazo. Isso, ainda, significa possíveis indícios de que os sucessivos desempenhos ruins dos demais segmentos produtivos estão provocando impactos sensíveis sobre a renda e o emprego das famílias.

Das nove atividades pesquisadas, sete apresentaram retrações em relação a maio de 2014, das quais três mostraram quedas expressivas de dois dígitos: eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamento (-24,1%); concessionárias de veículos (-21,2%) e lojas de móveis e decoração (-14,3%). Em conjunto, o impacto negativo foi de 5,4 pontos porcentuais para o resultado geral.

No sentido oposto, apenas os segmentos ligados a bens essenciais, de primeira necessidade e que independem de crédito, conseguiram mostrar aumento de vendas no mês: supermercados (2,7%) e farmácias e perfumarias (1,9%), taxas que juntas contribuíram para aliviar a queda em 0,9 p.p.

Expectativa
Em junho, a FecomercioSP estima nova queda nas vendas para o Estado de São Paulo ao redor de 2%. Em 2015, as projeções da Entidade apontam para uma queda anual acumulada de 5%.

Para a Federação, a alta da inflação, do desemprego e dos juros são aspectos que acabam delineando de forma negativa os prognósticos tanto a curto quanto a médio prazos para a economia. O baixo crescimento e a redução da renda também contribuem para o baixo nível de confiança dos consumidores, elemento essencial na decisão de compra pelas famílias.

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