Ingredientes de uma base sólida: 6 lições de quem transformou uma hamburgueria em franquia de sucesso

Fundadores de redes como Usina Burger e Meatz Burger revelam os bastidores e erros mais comuns de quem escala o negócio sem preparo

O mercado de franquias segue promissor. Para o ano de 2025, a ABF (Associação Brasileira de Franchising) estima que o segmento crescerá entre 8 e 10% em faturamento, com aumento aproximado de 2% no número de operações – e o segmento de alimentação/Food Service segue entre os mais procurados. Então fica a dica: se você apostou numa hamburgueria e planeja transformá-la em uma rede, a pressa é inimiga do lucro. Fundadores de marcas que já trilharam esse caminho repetem um conselho básico: franquia é multiplicação e multiplicar sem controle é multiplicar problemas. Donos de hamburguerias consagradas detalham as principais etapas e cuidados para quem quer levar o sanduíche além da primeira loja.

1 — Domine a operação antes de escalar

“A franquia é uma multiplicação do que você já faz bem. Se o modelo-base não for sólido, você estará apenas multiplicando os erros”, afirma Sérgio Sandes, CEO da Usina Burger. A recomendação é clara: antes de abrir a segunda unidade, tenha processos claros, fichas técnicas detalhadas e indicadores bem definidos. Muitos empreendedores aceleram a expansão sem ter padronizado rotinas, o que cria variações de produto e de custo entre unidades, um risco fatal para a reputação e para a margem.

2 — Padronização obsessiva

Para Cirano Ribeiro, CEO do Meatz Burger, a base da expansão é a “homogeneização inteligente”: padronizar com precisão, gramatura do blend, tempo de chapa, montagem, para garantir experiência idêntica ao cliente e previsibilidade financeira. O Meatz investiu cedo em cultura de processo e, depois, em manuais formais. Conselho prático: mergulhe nos números e monitore obsessivamente o CMV (Custo de Mercadoria Vendida). Pequenas variações entre lojas corroem margem rapidamente.3 — Franquia é gestão, não só produto

“Franquia não é produto, é gestão. Quem compra uma franquia quer mais do que um produto: quer um método que funcione.” Sandes lembra que o franqueado precisa sentir suporte real, acompanhamento, transparência e propósito. “Crescer é fácil. Crescer bem é o desafio”, resume, apontando que a rede só prospera quando existe um sistema de governança e apoio técnico ao franqueado.

4 — Marca, cultura e sócios-operadores

“Uma marca forte não é apenas um logo bonito”, explica Cirano. Segundo ele, marca é promessa e só se cumpre com cultura corporativa replicável. No Meatz, líderes que atuam como sócios-operadores personificam os valores da empresa e formam equipes alinhadas. Investir em pessoas que replicam a visão do dono é tão importante quanto padronizar receitas.

5 — Cresça com parceiros de confiança

Expansão não é corrida solo. “A base de uma rede forte é feita de relações sólidas, não só de contratos”, diz Sandes, que cita como pilares parceiros de longa data, da contabilidade ao marketing, que cresceram junto com a Usina. Relações de confiança reduzem incertezas e aceleram a resolução de problemas quando a rede se multiplica.

6 — Valide o modelo em escala antes de franquear

Antes de vender franquias, teste o modelo em diferentes mercados. Cirano conta que o Meatz abriu 20 lojas próprias antes de formalizar o formato de franquia, uma escolha estratégica que permitiu validar custos, logística e tipos de ponto. “Seja seu primeiro e mais exigente franqueado”, aconselha: abrir unidades próprias força o refinamento do modelo e afina os critérios para selecionar pontos e franqueados.

Transformar uma hamburgueria em franquia exige disciplina operacional, gestão estruturada, marca consolidada e relacionamentos duradouros. As lições de Sandes e Cirano convergem: sem processos testados, suporte ao franqueado e validação em escala, a expansão vira uma armadilha de inconsistência e perda de valor. Para quem sonha com redes, o melhor atalho é eliminar atalhos, padronizar, medir, treinar e só então multiplicar.