O bancário Paulo Silva, 40 anos, sempre teve vontade de empreender, ainda que sua carreira executiva o deixasse confortável. “Analisei vários mercados e tive a percepção de que o segmento de beleza masculina era pouco explorado, especialmente quando comparado ao universo feminino. Por ser uma área promissora, investir nela seria uma boa opção”, recorda-se.
Entretanto Paulo nunca se sentiu à vontade dentro de uma barbearia estereotipada, daquelas com mesa de bilhar, ambiente escuro, homens bebendo cerveja e jogando conversa fora. “Por isso, eu cuidava de minha aparência em um salão de cabeleireiros misto. Mas também não me sentia bem ali, porque os serviços eram muito mais direcionados às mulheres”, lembra.
Ele, então, teve a ideia de abrir uma barbearia diferente, sem rótulos, que atraísse quem, assim como ele, quisesse um ambiente mais leve e despojado. Então, convidou Caio Menezes, 37 anos, profissional da área de eventos, para ser seu sócio. “O início da Black Zone foi desafiador. Estávamos no auge da pandemia, tínhamos pouquíssimos recursos e começamos com o que era possível, como os nossos cartões de crédito, um planejamento rigoroso e o objetivo claro de oferecer uma experiência de qualidade com um orçamento justo”, comenta. Esse início, conforme explica, representa muito do DNA da Black Zone e de sua proposta de oferecer valor acessível com qualidade.
A primeira Black Zone foi instalada na Rua da Consolação, bem no Centro de São Paulo, em 2020. Como o espaço foi pensado para receber bem diferentes perfis de clientes, eles foram chegando de forma autêntica e espontânea: a Black Zone passou a atrair desde os jovens que desejavam um corte moderno até os profissionais que trabalhavam no entorno da loja. E Paulo Silva conseguiu atingir outro objetivo: sua marca alcançou, ainda, pessoas que não frequentavam barbearias tradicionais por se sentirem intimidadas por um ambiente totalmente masculino, como homens mais velhos que desejam modernizar o corte de cabelo, fazer uma coloração ou outro procedimento e famílias que desejavam levar crianças para realizar um bom corte de cabelo.
A proposta da Black Zone deu tão certo que logo vieram mais duas unidades, também no Centro: Rua Peixoto Gomide e na rua Marques que Itu, no bairro da República. “Decidimos que nossa expansão seria focada naquela região porque era onde as pessoas podiam acessar as barbearias com facilidade”, lembra o empreendedor.
A ideia dos sócios era pilotar apenas unidades próprias por cinco anos, mas os clientes começaram a perguntar por franquias da marca e eles, então, formataram o negócio – mas não sem testá-lo em meio aos tubarões. Existe, na Rua Augusta, uma das mais famosas de São Paulo, um trecho conhecido como ‘a rota do cabelo’. Ali, concentram-se inúmeras barbearias e salões de cabeleireiros famosos, sendo um ponto tradicional da cidade para quem deseja cuidar dos cabelos. “Abrimos uma unidade Black Zone lá, bem no meio da Rua Augusta, totalmente alinhada ao nosso conceito de oferecer serviços de altíssima qualidade com preço justo. Essa se tornou a nossa maior loja, com 17 cadeiras, e grande faturamento – o que nos prova que, sim, somos uma empresa competitiva”, pondera o sócio.
A expansão
A Black Zone foi formatada para que o negócio seja escalável – e essa escala deu certo tanto em lojas próprias quanto franqueadas. Em 2023, a primeira franquia começou a ser operada e a expansão se acelerou, com lojas sendo implantadas na capital paulista. Em 2023, quando a marca não tinha nenhuma franquia (a primeira foi inaugurada em dezembro de 2023), a rede faturou R$ 8 milhões). Em 2024, o faturamento da rede foi de R$ 15 milhões e a marca fechou o ano com 25 lojas.
A expansão intensiva se deu em 2025. Até agora, em agosto, a marca dobrou de tamanho: são 18 lojas próprias e 37 franqueadas, dentre as que já estão em operação e as que estão sendo implantadas. E a previsão de faturamento para o ano ultrapassa os R$ 40 milhões. “Também já cruzamos o limite do município: temos franquias em implantação em São José dos Campos, Jundiaí, Sorocaba e Curitiba”, comemora o franqueador.
Elecomenta que, a cada dez interessados em ser franqueado Black Zone, cinco são clientes da marca. “Temos clientes dentre os franqueados. Inclusive, nossas primeiras franqueadas nos conheceram por serem clientes. Mas é preciso ter perfil operador para entrar na marca”, avisa o franqueador.






