Para driblar a crise causada pelo novo coronavírus, muitos empreendedores migraram seus negócios físicos para o digital. As famosas dark kitchens – cozinhas fantasmas que realizam pedidos somente por delivery – ganharam força e muitos adeptos nos últimos dois anos por conta da pandemia. Não à toa, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) o Brasil lidera o número de pedidos de delivery na América Latina. E a estimativa da ABIA para este ano de 2022 é que ainda haja um crescimento do food service de 28%.
Mas se por um lado o conceito de dark kitchen agrada os empreendedores pela operação enxuta e mais barata – já que não há investimento em projeto arquitetônico, equipe qualificada para atendimento de salão ou em um ponto valorizado – por outro, ele perde em calor humano e contato com os clientes, a chave para a fidelização de um negócio B2C. E foi de olho nesse movimento de mercado que a dupla de cariocas, Rodrigo Molina e Renato Mendes, decidiu apostar em uma rede de pizzarias com o conceito híbrido – com entregas e take out, mas também com pequenos balcões consumo no local.
“Começamos a Suburbanos somente com entregas, porque era o modelo mais rápido e menos custoso de testar um negócio. Mas depois que vimos o potencial da pizzaria, logo migramos para o modelo híbrido. Na minha opinião, a comida requer contato com o público, olho no olho. É importante o cliente associar o seu pedido com um rosto ou um local e o delivery não nos proporcionava isso. Por mais que o nosso cliente peça pelo app ou por telefone, queremos que ele sinta credibilidade na marca, reconheça nossas lojas quando passar em frente e saiba que a Suburbanos que está lá no app de delivery é a mesma daquela loja próxima à sua casa. Depois de dois anos de distanciamento social e uma explosão de dark kitchens, queremos ir na contramão do mercado, apostando em um modelo híbrido para os próximos anos, onde o relacionamento com os clientes seja valorizado e não descartado”, explica o sócio Renato Mendes.
Hoje, a rede Suburbanos conta com 15 pizzarias híbridas (balcão, take out e delivery) espalhadas pelo Rio de Janeiro e o faturamento de 2021 já bateu a meta dos R$ 17 milhões por ano. A marca carioca, que começou no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste da cidade, hoje conta com outras oito lojas na região (Recreio, Barra da Tijuca, Freguesia, Taquara, Parque Olímpico, Vila Valqueire, Bangu e Campo Grande), duas na Zona Sul (Copacabana e Laranjeiras), quatro na Zona Norte do RJ (Tijuca, Grajaú e Méier) e uma recém-inaugurada na Baixada Fluminense, no bairro de Nova Iguaçu. Com a expansão pelo sistema de franchising, onde atualmente já contam com 11 lojas franqueadas, os empreendedores esperam acelerar o crescimento da rede, pulando de 15 para 40 lojas vendidas até o final de 2022, dando um salto no faturamento de R$ 17 milhões para R$ 40 milhões por ano. No mês de fevereiro, a rede carioca desembarca na grande São Paulo, com investimento inicial de um milhão na inauguração de quatro lojas: Brooklin Novo, Vila Mariana, Morumbi e Perdizes.
Onde tudo começou
Em 2018, o construtor civil Rodrigo Molina começou o negócio como um hobby. Na época, Molina era apaixonado por pizza e foi aperfeiçoando suas técnicas como pizzaiolo em casa, com pequenas produções para amigos e familiares. O sucesso das suas fornadas foi se espalhando de boca em boca e ganhando incentivo para virar, de fato, um negócio. Foi então que o empreendedor decidiu apostar todas as fichas na sua paixão e abrir uma dark kitchen, no Recreio, para uma produção profissional. Na época, a pizzaria era uma marca de apenas duas mãos e com vendas somente por apps de entregas. Meses depois, Renato Mendes, primo de Molina e empresário, decidiu unir forças com Rodrigo para transformar o negócio local na Suburbanos Pizza que é hoje: uma marca carioca que oferece pizzas rápidas, de qualidade e com uma pegada cool e descolada. Desde então, os primos apostaram no modelo híbrido, onde oferecem não apenas o take out e o delivery, como também pequenos balcões para consumo no local.
Em janeiro de 2019, com o Rodrigo Molina no comando da cozinha e Renato Mendes na gestão do negócio, a dupla investiu R$ 50 mil reais em um espaço exclusivo para a marca, no Recreio dos Bandeirantes. Quatro meses depois, os sócios investiram outros R$ 50 mil na inauguração da 2ª unidade da marca, desta vez na Barra da Tijuca, também na Zona Oeste da cidade. Em agosto de 2019, foi a vez da Zona Sul do Rio ganhar uma loja da Suburbanos Pizza, no bairro de Laranjeiras. Com investimento de R$ 30 mil, a unidade foi estratégica para ampliar o raio de entrega da marca. Ao final de 2019 e meados de 2020, a marca deu início a expansão pelo sistema de franchising, que já contou com seus primeiros frutos em setembro de 2020, com a inauguração da unidade da Freguesia, na Zona Oeste do Rio.
A 2ª franquia veio em dezembro do mesmo ano, em Campo Grande, também na Zona Oeste da cidade. De lá para cá, o negócio ganhou corpo e hoje conta com 15 unidades, sendo 11 franquias e quatro unidades próprias. E o que começou como um negócio amador com Rodrigo, vendendo mais de mil redondas por mês, hoje entrega, em média, 50 mil pizzas/mês. Ainda para fevereiro de 2022, a rede também prevê a inauguração de lojas em Caxias, Baixada Fluminense, Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, e Niterói, na Região Metropolitana.
O conceito da marca
A pizza é uma comida universal, democrática e acessível. E é exatamente esse o conceito que a turma do Suburbanos Pizza quer propagar pelo Sudeste. As redondas, como também toda a arquitetura das lojas, são inspiradas no estilo nova-iorquino. Nas unidades, predomina o street style do Brooklyin, em NY, com estética minimalista nas cores de preto, branco e amarelo. A decoração, por sua vez, apresenta elementos de sinalização de tráfego, painéis em neon e materiais e acabamentos da arquitetura urbana. A ideia da marca é unir o subúrbio do Rio, conhecido por ser agregador e democrático, com o subúrbio do Brooklyn – que é moderno, dinâmico e jovem.
E apesar da promessa de oferecer pizzas rápidas e tradicionais, o pizzaiolo Rodrigo Molina não abre mão da qualidade dos ingredientes. “A ideia é ser um fast food no conceito da rapidez, mas sem perder a qualidade dos insumos e alguns preparos artesanais. Nosso molho de tomate, por exemplo, é feito na casa, a partir de pelattis italianos importados. Nossa massa é feita com farinha argentina e foi desenvolvida para fazer uma boa viagem, sem que passe de crocante para borrachuda no caminho, como acontece com muitas pizzas”, explica Molina.